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Atps De Psicologia E Serviço Social I

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Por:   •  17/5/2014  •  2.423 Palavras (10 Páginas)  •  444 Visualizações

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SUMÁRIO

Introdução...................................................................................................................1

A Humilhação Social..................................................................................................2

A Desigualdade e a Invisibilidade Social..................................................................3

Homens Invisíveis......................................................................................................4

Entrevista................................................................................................................... 5

Reportagem: Revista Digital –Paulista 900 .....................................................................................................................................6

Conclusão...................................................................................................................7

Bibliografia.........................................................................................8

INTRODUÇÃO

Este trabalho mostra e tenta esclarecer as origens do fenômeno da invisibilidade social, fenômeno este intimamente ligado à humilhação social que é sofrido por grande parte da sociedade brasileira atual. Com o objetivo de mostrar que a invisibilidade e a humilhação social são mais do que simples problemas da modernidade da sociedade ou ainda, um problema de âmbito político.

Expressa também a importância do reconhecimento pelo trabalho e mostra a humilhação e a invisibilidade social que a maioria dos trabalhadores informais tem enfrentado.

Existem outros aspectos também relevantes, obtidos com o acompanhamento do trabalho de uma catadora de lixo reciclável, através da entrevista com a mesma, e análise de suas informações para averiguação da veracidade das informações retiradas das leituras dos textos indicados.

A DESIGUALDADE E A INVISIBILIDADE SOCIAL NA FORMAÇÃO DA SOCIEDADE BRASILEIRA

Esta obra constrói uma interlocução entre dois autores, o sociólogo Jessé Souza e o psicólogo Fernando Braga da Costa que discutem em suas obras a invisibilidade de atores sociais envolvidos e encobertos pela desigualdade historicamente construída na sociedade brasileira.

Jesse Souza em suas obras crítica a sociologia brasileira, às idéias dominantes sobre o povo brasileiro e o mito da brasilidade nas últimas décadas.

O referido autor parece traçar uma crítica muito dura e seu trabalho provoca um desconforto inicial em seus leitores ao desfazer com rapidez obras que há décadas são difundidas nas ciências sociais e que invadiram o imaginário social deste povo. Mas o que de fato acontece é que Jessé Souza não quer causar desconfortos, mas apenas mostrar uma nova ordem que possam explicar o Brasil e seu povo.

Jessé não acredita que a pura descrição da realidade das pessoas socialmente humilhadas possa definir o que é desigualdade e sua origem social, para ele é preciso articular a história de vida desses sujeitos invisíveis com teorias sólidas, buscar explicações macrossociológicas para compreender a constituição social dos brasileiros.

O trabalho de Jessé se inicia em A modernização seletiva ou seja com a abordagem sociológica que articula o iberismo com uma análise não aprofundada entre o Brasil e os Estados Unidos não acatando a variedade dentro da modernidade ocidental e não levando em consideração os elementos específicos da formação brasileira, chegando a criticar algumas obras como de Hollanda, Faoro e DaMatta.

No entanto se rende ao Gilberto Freyre e concorda com o pensamento do autor sobre os valores e normas da sociedade brasileira, principalmente no que diz respeito a organização da escravidão. Muitos pontos de suas obras, foram utilizados por base nas obras de Jessé, a exemplo o sofrimento dos negros, quando ele expõe a relação entre os escravos e seus senhores.

Já Fernando Braga da Costa faz uma psicologia crítica da qual pode ser chamada de psicologia com compromisso social. No livro Homens invisíveis: relatos de uma humilhação social, ele mantém este compromisso desde a escolha do tema até a execução e fundamentação do seu projeto. A sua postura adotada é essencial para que ele ofereça uma visão ampla e fiel da invisibilidade social e das suas ramificações na sociedade brasileira .

Este livro trata da invisibilidade social de perto, assim sendo, fez uma pesquisa utilizando os garis, trabalhadores de uma Universidade de São Paulo, e antes de iniciar este projeto foi observado outros garis pelas ruas da cidade e ao acompanhar a rotina destes garis que o autor pôde perceber e vivenciar as dificuldades, e as humilhações sociais cotidianas de uma atividade tão desqualificada.

Ao desenvolver este projeto foi proporcionado um resultado crítico, uma psicologia crítica, denunciando comportamentos preconceituosos retificados nesta sociedade.

O interesse pelo tema e o investimento dele neste trabalho revela o compromisso do autor, o seu compromisso social, em desvendar uma desigualdade encoberta ou uma gente encoberta pela desigualdade. Mais do que compromisso, todo o projeto revela uma postura crítica do psicólogo, um modo de fazer pesquisa que requer aproximação do seu objeto, para analisá-lo de forma segura e ser fiel à realidade enfrentada cotidianamente por cidadãos tão humilhados ou mesmo nem considerados cidadãos.

Fernando Braga da Costa tem por objetivo a transformação social, ou seja pensar em uma mudança das condições de vida da população brasileira, ou ao menos, em um primeiro momento, denunciar estas condições para uma sociedade que insiste em manter-se cega. Este psicólogo revela sujeitos invisíveis e uma desigualdade que insiste em manter-se invisível para tantas pessoas.

O tema da invisibilidade social tem origem aparece na obra de Fernando Braga da Costa de uma forma muito direta e impactante. Os garis, conscientes da sua invisibilidade, falam sobre ela e o autor vivencia aquilo que só encontrava em livros e artigos ou talvez em uma observação cotidiana mais cuidadosa.

Fernando Braga da Costa nos mostra as conseqüências contemporâneas da desigualdade no nosso país, Já Jessé Souza retoma a trajetória da desigualdade e sua constituição histórica no Brasil a partir do processo de modernização periférica.

Quando Jessé Souza retorna em A integração do negro na sociedade de classes, ele conclui que o maior desejo dos excluídos, entrevistados por este autor, era ser gente, torna-se gente. Nos termos da autora Sposati , esses sujeitos podem ser definidos como menos cidadãos, sujeitos que não são reconhecidos pela sociedade, os não-visíveis. Para a autora, o homem só é reconhecido quando se faz trabalhador, quando contribui para a previdência, ou seja, para o Estado.

Neste caso, ele tem direito de acesso às políticas de seguridade social. Porém, se o indivíduo não trabalha, ele não tem direito de acesso a essas mesmas políticas e o Estado não pode garantir uma seguridade social a esse sujeito que é menos cidadão,a ele não cabe exigir, reivindicar por direitos, mas agradecer caso algum benefício lhe seja concedido.

Humilhação social como problema político:

Enquanto os marxistas vêem a humilhação social sobre o aspecto do pensamento socialista, buscando resolver os dilemas no sentido societário; os adeptos da psicanálise defendem que tudo começa dentro do próprio individuo, por meio de pressão inconsciente, para depois se expandir e influenciar a sociedade na qual pertence. Portanto a investigação deve ser executada por ambos os lados, do homem como individuo e social.

A humilhação social esta ligada diretamente a questão da desigualdade de classes, sendo um fato político (Marx) e psicológico (Freud), sendo os pobres os mais expostos a tais experiências. Segundo Marx é resultado do capitalismo burocrático que separa homem e trabalho. Antigamente, o trabalho era visto como forma de sobrevivência para o individuo e sua família, trabalhavam em conjunto para manter a integridade familiar. Esse mesmo trabalho que servia para a subsistência tornou se instrumento de dominação dos interesses capitalistas.

Segundo Freud:

Os homens não são criaturas gentis e amáveis, e sim dotadas de uma poderosa cota de agressividade. Disto resultam as diversas maneiras de exploração entre os seres humanos, das quais destacamos a capacidade de trabalho e, também a pura humilhação. Esses fatos fazem o autor considerar o dito de Plauto “homo homini lupus” (Freud, 1929/1930-1976, p. 133).

Para o autor José Moura Gonçalves Filho o caráter político da humilhação social ocorre porque esta tem origem na desigualdade de classes. Se a questão econômica está implícita nesta afirmação – é na capacidade de compra e aquisição de bens que se estabelece o mérito do cidadão-consumidor na sociedade capitalista. Esta traz em si um elemento político na medida em que a desigualdade se transforma em barreira para a manifestação plena do sujeito no espaço público, fato que transforma a situação do humilhado em algo ainda mais cruel:

A humilhação social conhece, em seu mecanismo, determinações econômicas e inconscientes. Deveremos propô-la como uma modalidade de angústia disparada pelo enigma da desigualdade de classes. Como tal, trata-se de um fenômeno ao mesmo tempo psicológico e político. O humilhado atravessa uma situação de impedimento para sua humanidade, uma situação reconhecível nele mesmo – em seu corpo e gestos, em sua imaginação e sua voz – e também reconhecível em seu mundo, em seu trabalho e em seu bairro (Gonçalves Filho, 1998, p. 13).

Na afirmação do autor encontramos algumas passagens que gostaríamos de comentar. A primeira delas é quando o autor afirma que a humilhação social é um tipo de angústia que tem origem na desigualdade de classes. A angústia no humilhado surge no momento em que este sente sua humanidade ameaçada. Para Jean Laplanche a angústia é um afeto, ou melhor, é algo que desordena um afeto (Laplanche, 1998). Este desarranjo vem de fora, quando uma pessoa recebe de outra gestos, palavras ou atos que resultam em degradação.

Outro ponto que nos interessa mais de perto é quando ele afirma que o humilhado passa por uma situação de impedimento no momento em que vai a público, ou seja, quando este está no espaço compartilhado de seu trabalho e de seu bairro. A humilhação social ocorre, portanto, na esfera pública. Hannah Arendt ensina-nos que a esfera pública é tanto o local onde tudo o que vem a público existe para ser compartilhado pelos indivíduos, quanto o lugar comum a todos nós.

Quando levamos nossas opiniões para o espaço público compartilhamos nossas experiências com outras pessoas. Este ato simples leva-nos a interagir no campo político, a transformar em discurso nossos pensamentos, pois a idéia colocada em praça pública se transforma em ação. O pensamento, enquanto se restringir ao universo privado, é um conceito abstrato. Ao se deslocar para o campo social, ele se transforma em elemento que colabora para construção do mundo em que vivemos.

Retomando o texto de Gonçalves Filho (1998) compreendemos que a humilhação se transforma em um problema político na medida em que ela impede ou ameaça a aparição do sujeito na esfera pública. É quando vai a público, quando está em sociedade que o bloqueio de sua humanidade se torna um fato ainda mais cruel e extremo para o humilhado.

Homens Invisíveis:

O texto Homens Invisíveis: Relato de uma humilhação social (2004), fala da invisibilidade social de várias classes trabalhadoras que sofrem com preconceito e humilhação social diariamente, são estes varredores de rua, empregada domestica e entre outros, que por exercerem estas profissões são simplesmente ignorados pelas pessoas ao seu redor. Eles têm que conviver com o desrespeito da sociedade e a ignorância de alguns que não valorizam essas profissões, pois eles estão apenas garantindo a sua sobrevivência com dignidade, que, no entanto passa batida por muita gente.

Fernando Braga relata em seu livro diversas historias de trabalhadores e também a sua própria experiência vivenciada no tempo de faculdade, onde ele vestindo-se de gari vivenciou varias situações desagradáveis. Em um dos seus relatos ele, que ao atravessar os corredores da própria faculdade onde estudava, o uniforme de gari e a vassoura em punho foram o “antídoto” para a invisibilidade.

Na ocasião as pessoas sequer olhavam em sua direção, tratando-o como se fosse um cone ao simplesmente desviarem. Este preconceito não esta somente dentro das faculdades, mas em todos os lugares, isto é uma grande falta de respeito com essas pessoas que só fazem o bem á sociedade, e quem não conseguem enxergar isso são pessoas ignorantes que não tem respeito nem consigo mesma. Então, este mais do que na hora da sociedade abrir os olhos e reconhecer isto.

Baseado nas leituras e discussões definimos os catadores de matérias recicláveis, como um dos segmentos de trabalhadores considerado desqualificado.

Para se tornar um catador de material reciclável, não é exigido uma formação profissional. Muitos trabalham por conta própria, separando os materiais recicláveis do lixo orgânico, o que caracteriza uma atitude de alto risco, devido a possibilidade de transmissão de doenças e presença de materiais cortantes. Por isso e juntamente com a falta de cursos profissionalizantes do setor, é importante que o profissional se as cooperativas de catadores, que têm o horário de trabalho estabelecido e os pontos de coleta determinados. Nestes locais, o lixo já é separado para que possa ser recolhido, facilitando e tornando mais digno o trabalho do coletor.

Entrevista:

Trabalho feito com a catadora de lixo senhora, Maria José da Silva de 43 anos, residente na cidade de Lucélia SP.

1)Porque escolheu esse tipo de trabalho?

R = Não foi uma escolha, foi uma opção, porque eu não tenho estudo.

2) E como é seu trabalho?

R =Eu faço meu horário, e coleto os materiais nas casas, ou seja, no lixo que as pessoas colocam na rua, para serem recolhidas pelo caminhão.

3) E como são as pessoas na rua e nas casas com você?

R= Na rua alguns não me notam, outros me olham com desprezo, e nas casas às vezes dizem para eu não esparramar o lixo, mas sempre procuro e não bagunço os lixos.

4) Com esse trabalho dá para se alimentar?

R = Dá para ajudar em casa para comprar o pão e a mistura de cada dia

5) O que gostaria que as pessoas fizessem?

R = Que fossem mais conscientes em separar os recicláveis e que não nos humilhasse.

Reportagem: Revista Digital- Paulista 900

“Visibilidade social dos catadores invisíveis”

A reciclagem está cada vez mais destacada como um valor essencial na atualidade. Mas, e seus executores? São reconhecidos pelo trabalho?

Por Natália Alves

As questões ambientais têm adquirido cada vez mais visibilidade. A reciclagem e o descarte consciente dos resíduos sólidos adquiriram o status de lei – com o Plano Nacional de Resíduos Sólidos – e ultrapassaram a mera preocupação ambiental para abranger também as áreas de cidadania e cultura.

No plano da cultura, a reciclagem foi visibilizada, por exemplo, pelo filme Lixo Extraordinário, de João Jardim, Karen Harley e Lucy Walker, que retrata o trabalho do artista plástico Vik Muniz. Anualmente, ela também é evidenciada desde 2010 através do festival de música SWU. Quanto à cidadania, centenas de pessoas – desempregadas ou não – puderam ingressar numa profissão muito importante para a cadeia produtiva: a ocupação de catador de material reciclável.

Além do ganho ambiental na reutilização de materiais, há também uma grande vantagem econômica, pois se poupam gastos, graças à economia de materiais, água e energia elétrica. Contudo, embora a reciclagem seja um processo amplamente valorizado em todos os setores, como o político, o cultural e o econômico, os profissionais envolvidos no processo parecem estar aquém desta valorização.

A catadora de materiais recicláveis Ingrid Vieira conta como é ignorada pelos moradores do bairro de São Mateus. “A maioria das pessoas nem separa os materiais e junta o lixo do banheiro com o material reciclável. A gente chama na porta para pedir que eles façam a

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