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Ciência Como Vocação

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Por:   •  1/3/2015  •  1.635 Palavras (7 Páginas)  •  329 Visualizações

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WEBER, Max. Ciência como vocação. In: Ciência Política: duas vocações. São Paulo. Cultrix.

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[...] Quais são, no sentido material do termo, as condições de que se rodeia a ciência como vocação? [...] os Estados Unidos da América que apresentam os contrastes mais violentos com a Alemanha [...] Após longo trato com especialistas da matéria escolhida, e após haver-lhes obtido o consentimento, o candidato se habilita ao ensino superior redigindo um tese e submetendo-se a um exame [...] Ser-lhe-á, então, permitido ministrar cursos a propósito de assuntos por ele próprio selecionados dentro do quadro de sua venia legendi, sem receber qualquer remuneração, a não ser as taxas pagas pelos estudantes. Nos EUA, inicia-se a carreira acadêmica de maneira inteiramente diversa: parte do desempenho da função de “assistente”. [...] A diferença que nosso sistema apresenta em relação ao americano significa que na Alemanha, a carreira de um homem de ciência se apóia em alicerces plutocráticos. [...] Deve ele ter condições para subsistir com seus próprios recursos [...] Nos EUA reina, em oposição ao nosso, o sistema burocrático. Desde que inicia a carreira. O jovem cientista recebe um pagamento.

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Na Alemanha, o Privatdozent dá, em geral, menos cursos do que desejaria. Tem ele por certo, o direito de oferecer todos os cursos que estejam dentro de sua especialidade. Mas, agir assim, seria considerado indelicadeza grande para com os Dozenten mais antigos; em conseqüência, os grandes cursos ficam reservados para os professores e os Dozenten devem limitar-se aos cursos de importância secundária.

Nos EUA, a organização é fundamentalmente diversa. É precisamente durante os anos de juventude que o assistente se vê literalmente sobrecarregado de trabalho, exatamente porque é remunerado

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A antiga organização universitária tornou-se uma ficção, tanto no que se refere ao espírito, como no que diz respeito à estrutura.

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Todo jovem que acredite possuir a vocação de cientista deve dar-se conta de que a tarefa que o espera reveste duplo aspecto. Deve ele possuir não apenas as qualificações do cientista, mas também as do professor. [...] É possível ser, ao mesmo tempo, eminente cientista e péssimo professor. [...] Avalia-se, portanto, o bom e o mau professor pela assiduidade com que os senhores estudante se disponham a honrá-lo. [...] Ora, é também verdade, por outro lado, que dentre todas as tarefas pedagógicas, a mais difícil é a que consiste em expor problemas científicos de maneira tal que um espírito não preparado, mas bem-dotado, possa compreendê-lo e formar uma opinião própria.

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[...] jamais um indivíduo poderá ter a certeza de alcançar qualquer coisa de verdadeiramente valioso no domínio da ciência, sem possuir uma rigorosa especialização. [...] podemos propor aos especialistas de disciplinas afins perguntas úteis, que eles não se teriam formulado tão facilmente, se partissem de seu próprio ponto de vista, mas em contrapartida, nosso trabalho pessoal permanecerá inevitavelmente incompleto. Só a especialização estrita permitirá que o trabalhador científico experimente por uma vez, e certamente não mais que por uma vez, a satisfação de dizer a si mesmo: desta vez, consegui algo que permanecerá. Em nosso tempo, obra verdadeiramente definitiva e importante é sempre obra de especialista. [...] Com efeito, para o homem, enquanto homem, nada tem valor a menos que ele possa fazê-lo com paixão.

Outra coisa, entretanto, é igualmente certa: por mais intensa que seja essa paixão, por mais sincera e mais profunda, ela não bastará, absolutamente, para assegurar que se alcance êxito. Em verdade, essa paixão não passa de requisito da “inspiração”, que é o único fator decisivo. [...] Normalmente, a inspiração só ocorre após esforço profundo. Não há dúvida de que nem sempre é assim. No campo das ciências, a intuição do diletante pode ter significado tão grande quanto a do especialista e, por vezes, maior. [...] Mas o trabalho e a paixão fazem com que surja a intuição, especialmente quando ambos atuam ao mesmo tempo. Apesar disso, a intuição não se manifesta quando nós queremos, mas quando ela o quer. [..] Seja como for, as idéias nos acodem quando não as esperamos e não quando, sentados à nossa mesa de trabalho, fatigamos o cérebro a procurá-las. É verdade entretanto, que elas não nos ocorreriam se, anteriormente, não houvéssemos refletido longamente em nossa mesa de estudos e não houvéssemos com devoção apaixonada, buscado uma resposta.

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Só aquele que se coloca pura e simplesmente ao serviço de sua causa possui, no mundo da ciência, “personalidade”. E não é somente nessa esfera que assim acontece. Não conheço grande artista que haja feito outra coisa que não o colocar-se ao serviço da causa da arte e dela apenas.

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É o de que toda obra científica “acabada” não tem outro sentido senão o de fazer surgirem novas “indagações”: ela pede, portanto, que seja “ultrapassada” e envelheça. [...] Não nos é possível concluir um trabalho sem esperar, ao mesmo tempo, que outros avancem ainda mais. E, em princípio, esse progresso se prolongará ao infinito.

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A pergunta a que devemos dar resposta é a seguinte: qual a posição pessoal do homem de ciência perante sua vocação? – sob condição, naturalmente, de que ele a procure como tal. Ele nos diz que se dedica à ciência “pela ciência” e não apenas para que da ciência possam outros retirar vantagens comerciais ou

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