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Conto De Fadas

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Por:   •  27/3/2015  •  2.742 Palavras (11 Páginas)  •  564 Visualizações

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INTRODUÇÃO

Trata-se de um estudo de referencial teórico sobre os principais autores e estudiosos dos contos de fadas e adeptos que fizeram associações do tema com seus trabalhos. Desde o 3º ano de graduação, num dos seminários, o conteúdo apresentado gerou diversas reflexões sobre a concepção dos contos de fadas e dos muitos conteúdos implícito, provocando um interesse crescente e aprofundamento sobre o tema, usualmente pouco explorado na formação do Pedagogo.

O que os contos de fadas provocam nas crianças? Por que eles são tão fascinantes e as crianças gostam tanto? Uma das participantes, ao afirmar que não expunha seus filhos aos contos de fadas porque os considerava ideológicos e moralizantes demais, suscitou a problemática deste trabalho. Baseado na preocupação do quê exatamente provocava na criança, quanto, e qual o reflexo em sua vida futura, foram o impulso para a busca de respostas. Os estudos dos conteúdos implícitos presentes nos contos; ou seja: qual a natureza comum deles, onde eles ecoam, para quem se dirigem, o que nos falam e o porquê de serem considerados tão importantes, principalmente na infância, constitui-se na tese central deste trabalho. Com o intuito de atingir as mais diferentes psiques, não será conceituado nem delimitado uma concepção estanque de infância, sendo consideradas as diferentes concepções que cada um tem de infância, visando promover um leque maior de interpretações e possibilidades de que o conteúdo exposto seja melhor aproveitado.

Esta introdução aos estudos dos contos de fadas será realizada através de uma fusão do olhar psicanalítico e as possíveis adaptações para a educação, na qual o professor é o principal alvo, por ser um importante mediador/divulgador do "mundo" aos homens, em um importante período de formação e desenvolvimento, ou seja, a infância. Reconhecendo seus limites, neste estudo, não serão adotadas metodologias psicanalíticas aprofundadas, visto que o objetivo é um estudo introdutório dos conteúdos implícitos nos contos de fadas e não de práticas psicoterápicas. "Não se trata, evidentemente, de afirmar alguma coisa, mas de construir um modelo que prometa um questionamento mais ou menos proveitoso. Um modelo 2 não nos diz que uma coisa seja assim ou assim: ele apenas ilustra um determinado modo de observação" (JUNG, 1984, p. 191).

Como uma situação temporal é fundamental para compreensão do trabalho como um todo, o primeiro capítulo apresenta a origem dos contos de fadas, de maneira breve, desde sua conhecida milenaridade até os dias atuais, bem como seus principais autores e o contexto histórico em que estão inseridos. Como a tese central deste trabalho é o estudo do material implícito nos contos de fadas, no segundo capítulo será discorrido sobre a importância dos contos de fadas através da ótica de alguns pesquisadores, em especial, o psicólogo infantil Bruno Bettelheim. Como introdução indispensável ao trabalho, serão abordadas as funções do consciente, inconsciente pessoal e coletivo e as imagens primordiais ou arquétipos herdados e presentes no ser humano, como nossa mente funciona, objetos de estudo do principal representante da base estruturadora do trabalho, o psicanalista Carl Gustav Jung.

Ainda neste capitulo, será trabalhada a idéia de que os contos dirigem ao ego em formação, acalmando as pressões pré-conscientes e inconscientes, trazendo também a questão de que neles a criança pode lidar com seus instintos mais profundos, pois ensinam a lidar com seus problemas interiores; tratam os conflitos gerados pelos contos e a certeza gerada na criança de uma saída vitoriosa, promovendo a confiança em si mesma e no futuro, refletindo em sua personalidade e nos caminhos que irá tomar.

No capítulo três e último, procura-se apresentar os impactos que os contos de fadas provocam na psique de uma criança ou adulto, as suas contribuições na maneira como a criança reconhece o mundo, os conceitos que retira das estórias, as idéias de diferenciação entre o eu e o outro, as escolhas dos personagens, as relações afetivas e os dilemas enfrentados e a certeza de uma superação de dependências a caminho de um sentimento de individualidade e maturidade. Finaliza tratando como poderia ser a abordagem de pais e professores em relação aos contos, e onde eles se situam na maneira de se alcançar maior êxito na promoção da independência afetiva infantil, na reflexão do adulto como ser psíquico em constante formação e na lembrança do papel que assume e compartilha com a criança.

O IMPACTO DOS CONTOS DE FADAS NA CRIANÇA E NA EDUCAÇÃO

Apesar de a criança viver no mesmo mundo dos adultos, ela o pensa, sente e vê de forma diferente. Segundo Costa e Baganha (1989), para a criança, o mundo - pessoas e coisas - não é reconhecido como algo fora dela. Reconhecer a exterioridade do mundo implica, para ela, reconhecer os próprios poderes e limites, e é nesse confronto que ela vai se construindo. Bettelheim (1980) afirma que a vida intelectual de uma criança, através da história, dependeu de mitos, religiões, contos de fadas, alimentando a imaginação e estimulando a fantasia, como um importante agente socializador. A partir dos conteúdos dos mitos, lendas e fábulas, as crianças formam os conceitos de origens e desígnios do mundo e de seus padrões sociais. Os contos de fadas, apesar de apresentarem fatos do cotidiano às vezes de forma bem realista, não se referem claramente ao mundo exterior, e seu conteúdo poucas vezes se assemelha com a vida de seus ouvintes. Sua natureza realista fala aos processos interiores do indivíduo (BETTELHEIM, 1980).

Para Dieckmann (1986, p. 49) os contos de fadas são mais do que estórias bonitas, partindo da idéia de que eles têm importância para a formação e configuração do mundo interior humano. “[...] As figuras e feições, como também a ação do conto, são vividas não mais como acontecimento real do mundo, exterior, mas como personificação de formações e evoluções interiores da mente”. Esses símbolos são a melhor imagem que demonstra aquilo que se passa com o homem. Essas imagens ou arquétipos representados pelos personagens nos contos de fadas, segundo Pavoni (1989), são a própria pessoa. E o mesmo acontece com as relações reais de uns com os outros: elas não são vistas como realmente são, mas sim pela imagem que se tem delas. Esta imagem é constituída através de experiências pessoais com o outro e também através da imagem do arquétipo de relação ou de posição projetada no outro. Na relação com alguém de maior autoridade, o comportamento é marcado ou

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