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Contribuiçao De Fayol Para A Administração

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Por:   •  4/4/2014  •  7.708 Palavras (31 Páginas)  •  636 Visualizações

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1 INTRODUÇÃO

Depois de mais de noventa anos da publicação de sua obra-prima, Administration Industrielle et Générale (AIG), Jules Henri Fayol (1841-1925) ainda desperta controvérsias. Uma análise mais ampla de seus trabalhos revelará ao leitor do século XXI um autor surpreendentemente contemporâneo. Com efeito, questões que só vieram a entrar nas agendas de estudos organizacionais da Escola de Relações Humanas, na década de 1930, ou da Teoria das Contingências, efervescentes a partir de 1970, foram de alguma forma discutidas por Fayol décadas antes. Henri Fayol geralmente é lembrado apenas como o Pai da Escola Clássica de Administração e isso não representa com a clareza necessária sua efetiva contribuição para a Ciência da Administração nem lhe faz justiça. Ao contrário, do estudo mais profundo da sua obra emerge um pensador muito mais complexo e multidimensional do que o estereótipo convencional que o identifica com a Escola Clássica.

De certa maneira, Fayol parece ter sido vítima da cronologia e da história. Tendo apresentado suas ideias na mesma época que o norte-americano Frederick W. Taylor, os ambientes econômicos e políticos da primeira metade do século XX contribuíram para que o norte-americano o ofuscasse. Ao mesmo tempo que a história da Administração os colocava no mesmo patamar, citando suas contribuições, frequentemente, como equipotentes no plano cronológico e valorativo, o que também pode ser considerado uma subestimação de seu verdadeiro papel histórico, bem como do alcance de suas contribuições para o desenvolvimento da teoria gerencial. Ademais, a relevante influência do enfoque anglo-saxão na construção do pensamento administrativo pode ser uma das razões para o relativo obscurantismo existente em relação às reais contribuições do francês Henri Fayol (nascido em Constantinopla, atual Istambul, Turquia, em uma família de origem francesa). Tendo bebido da fonte do positivismo, notadamente dos pensamentos do compatriota e contemporâneo Émile Durkheim (1858-1917), Fayol viria a desenvolver teorias e práticas que ainda não são plenamente conhecidas e estudadas.

Uma releitura de Fayol pode apresentá-lo, pois, como um executivo dotado de flexibilidade, com foco na estratégia, trabalhando dentro de um contexto situacional, antecipando tendências que somente muito depois seriam disseminadas por outros doutrinadores. De acordo com Parker e Ritson (2005a, p. 189), Fayol possuía uma orientação para a ciência social em contraponto a Taylor: "Suas teorias de Administração abraçam aquilo que hoje poderia ser reconhecido como uma perspectiva social e científica interdisciplinar, em comparação com a orientação de Taylor, focada apenas em engenharia".1 Wren (1995, p. 10) lembra que Fayol indicou a necessidade do planejamento de longo prazo e de adaptação às mudanças ambientais: "Ao contrário do mito perpetuado por escritores modernos, Fayol não via a empresa como um sistema fechado".

Contrariando esse perfil estereotipado do teórico Henri Fayol, ainda predominante no mundo acadêmico do século XXI, pesquisadores contemporâneos que examinaram Fayol em profundidade encontraram um teórico, executivo, administrador e educador de visão ampla e à frente de seu tempo.

2 DESVENDANDO FAYOL: OS VELHOS E OS NOVOS FAYOLISTAS

A revisão dos registros científicos sobre Henri Fayol revela apenas um pequeno número de estudos que abordam sua história de vida ou sua contribuição à Administração moderna. Todavia, alguns poucos autores se ocuparam desse importante teórico e desenvolveram pesquisas que permitiram divulgar alguns de seus trabalhos praticamente inéditos, realçando a contemporaneidade de suas ideias. Dentre eles, encontram-se Breeze (1980; 1981; 1985; 1995), Reid (1986; 1988; 1995), Wren (1995; 2001) e Wren, Bedeian e Breeze (2002). Mais recentemente, foram publicados os estudos de Peaucelle (2003a) e Parker e Ritson (2005a; 2005b). Um estudo que exigiu pesquisa mais elaborada sobre o homem Fayol foi desenvolvida por Sasaki (1987; 1995). De certa forma, esgotam-se com essas poucas referências as obras disponíveis internacionalmente sobre Fayol.

Esse fato ajuda a explicar por que a sua real dimensão como teórico e administrador estratégico seja relativamente obscura para os estudiosos e executivos da atualidade, uma vez que seus estudos, propagados em especial por Wren, Bedeian e Breeze (2002) e por Peaucelle (2003a), ainda não ecoaram a ponto de iluminar o desconhecimento que cerca a obra de Fayol em sua totalidade.

Sabe-se, entretanto, que os textos de Fayol, até então inéditos: 1. a terceira parte de Administration Industrielle et Générale 3ème partie (AIG): observations et expériences personnelles (FAYOL, 2003a), publicada por Jean-Louis Peaucelle em 2003 em sua obra Henri Fayol: inventeur des outils de gestion; 2. o discurso intitulado L'exposé des principles généraux d'Administration, um resumo magistral do pensamento de Fayol tornado público por Wren, Bedeian e Breeze (2002) e 3. as profícuas anotações de Fayol, arquivadas no Centre d'Histoire de l'Europe du 20e siècle (Fondation des Sciences Politiques) em Paris, e também estudadas e publicadas por Peaucelle (2003a), que se constituem em novas descobertas que vieram a ampliar em muito o leque de conhecimento sobre Fayol.

Neste ponto, vale introduzir uma nova classificação das gerações de fayolistas, para compreender as diversas fases que separam e determinam os estudos sobre sua obra. A primeira geração é composta por seus seguidores diretos, seus discípulos, principalmente aqueles que trabalharam com ele na divulgação da doutrina. Fazem parte desse grupo, dentre outros, Paul Vanuxem, Joseph Wilbois e Robert Desaubliaux – casado com uma neta de Fayol (Joseph Carlioz) –, diretor da empresa Comambault, trabalhou com Fayol durante muitos anos (BREEZE, 1985), Georges Lachapelle, Maxime Leroy, Sainte-Claire Deville, Paul Devinat, Charles de Freminville, Mazerat e Henri Verney, que publicou em 1925 a primeira biografia do mestre. Esses autores, os primeiros fayolistas, publicaram seus trabalhos nas primeiras duas décadas do século XX. A segunda geração de fayolistas, da qual Gulick e Urwick são expoentes, continuou a divulgação das ideias de Fayol nas décadas subsequentes, até o início dos anos 1950. A partir dessa época e até o final da década de 1970, verifica-se uma relativa lacuna com respeito à divulgação do fayolismo. São quase 30 anos, nos quais o nome de Henri Fayol praticamente não passou do que Bedeian (1998) viria a chamar de um capítulo obrigatório na história.

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