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Cotidiano, Contextualização E Ensino De Química

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Por:   •  25/6/2014  •  1.747 Palavras (7 Páginas)  •  710 Visualizações

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Cotidiano, Contextualização e Ensino de Química

Antes de iniciarmos as discussões a respeito do devido artigo, vale ressaltar que este tem como propósito a apropriação do termo cotidiano e contextualização enraizado no ensino de química, além de tratar das abordagens teórico-metodológicas de ambos os termos, também propõe uma reflexão a respeito do uso na formação escolar.

Ao discutirmos tais termos, percebemos que cotidiano e contextualização muitas vezes são tratados como sinônimos, mas ao compararmos ambos, percebemos que se mostram totalmente ao contrário disso.

O termo cotidiano já vem inserido a muito tempo na área de ensino de química, sendo amplamente utilizado por professores e pesquisadores até a promulgação do PCNEM (1999) e PCN+ (2002), onde esse termo começou a ser substituído gradativamente por contextualização.

O termo cotidiano foi tão amplamente utilizado no ensino de química, por se tratar de uma abordagem fácil de se pôr em prática, visto que segundo Chassot (2001), o cotidiano de tornou uma espécie de modismo com proposito único e exclusivo de ensinar conceitos científicos. Essa prática de ensino baseada no cotidiano, se apoia na utilização de fatos do dia a dia para poder servir de exemplificação para ensinar conceitos químicos, além de se tratar de uma forma introdutória de conteúdos teóricos, acaba por chamar a atenção do aluno e aguça a sua curiosidade, mas simplesmente como forma motivacional, pois segue o propósito único e exclusivo de ensinar conteúdos.

O cotidiano como forma de proposta educacional se mostrou bastante presente na obra “Química na abordagem do cotidiano”, de Francisco Miragaia Peruzzo e Eduardo Leite do Canto, mais popularmente conhecidos como Tito e Canto. Esta livro didático foi amplamente divulgada, mas ao passar por análises minuciosas por professores e pesquisadores, acabou se provando um livro com uma visão de cotidiano não adequada para o ambiente educacional, visto que tecia somente relações superficiais entre contexto e conhecimentos científicos, onde na verdade havia a necessidade de uma problematização mais profunda a respeitos dos temas sociais.

Uma obra que também aborda a questão do cotidiano em sala de aula, mas como uma visão um pouco diferente dos autores Tito e Canto, é o livro de “Interações e transformações I: elaborando conceitos sobre transformações químicas”, do Grupo de Pesquisa em Educação Química (GEPEQ – 1993). Esta obra aborda o cotidiano relacionado ao contexto de estudo, apresentando desde características macroscópicas até microscópicas.

Além disso existe outro material que utiliza o cotidiano como abordagem educacional, o Projeto de Ensino de Química para o 2º grau (Proquim – 1982), coordenado por Roseli Pacheco Schnetzler da UNICAMP, onde este tinha como finalidade a compreensão de que a química se insere em vários aspectos do indivíduo.

Ao se abordar o cotidiano do aluno em sala de aula, é necessário ter em mente que muitas situações exemplificadas em sala não são problematizadas, e muito menos analisadas em relação ao mundo físico, social, político e ambiental do aluno, como apresentado na obra de Mansur Lutfi (1988; 1992).

Em um de seus trabalhos no qual abordou a tema dos aditivos alimentares, Lutfi apresenta uma metodologia diferenciada, na qual ele se preocupa em enfatizar a conjuntura política e social entrelaçada ao tema de estudo. Em outro trabalho posterior ao apresentado, Lutfi envolve os educandos na realidade apresentada nas indústrias de galvanização, fazendo com que seja refletivo os papéis dessas indústrias em questões ambientais, políticas e sociais, abrindo espaço também para que seja aberta uma discussão acerca desses tópicos. Após feito esse trabalho, Lutfi pode comprovar os verdadeiros resultados ao abordar o cotidiano dos alunos envolvido com experimentações e exemplificações relacionada ao assunto, propiciando um entendimento mais satisfatório referente ao conteúdo.

Após a promulgação do PCNEM em 1999, o termo cotidiano passa a ser menos utilizado, e consequentemente, acaba por ser substituído gradativamente pelo termo contextualização, onde muitas vezes esses termos foram dados como sinônimos, visto que ambas poderiam ser entendidas como aplicadas às simples exemplificações do conhecimento químico nos fatos cotidianos.

Contextualização

Contextualização é um termo novo na língua portuguesa, sendo inclusive inexistente nos dicionários. O termo começou a ser utilizado após a publicação do PNEM.

Muito próximo de contextualização, podemos encontrar o verbo contextuar, que diz respeito ao “enraizamento em um texto, de onde fora extraída, e longe do qual perde parte substancial de seu significado”, na qual este se torna uma estratégia fundamental para a construção de significações na medida em que incorpora relações tacitamente percebidas, constituído por meio de aproveitamento e da incorporação de relações vivenciadas e valorizadas no contexto em que se originam na trama de relações.

Conhecer o contexto no qual se está inserido o aluno, é um passo extremamente importante para se ter condições de aprimorar o ambiente educacional, pois o implemento da contextualização acaba por dar um novo significado ao conhecimento escolar.

Nos PCNEM, apresenta-se que o tratamento contextualizado do conhecimento é o recurso que a escola tem para retirar o aluno da condição de espectador passivo, e ainda, é um recurso capaz de contribuir para a construção de conhecimentos intelectuais superiores. Além do mais, é possível generalizar a contextualização como recurso para tornar a aprendizagem significativa ao associá-la com experiências de vida cotidiana ou com os conhecimentos adquiridos espontaneamente.

Lopes (2002) identifica várias concepções relacionadas ao termo contextualização que se relacionam as ideias de Dewey, David Stein – e sua ideia de uma aprendizagem situada -, Chervel, aos princípios de Marger, às ideias de Paulo Freire, Piaget e Vigotsky, além de explorar os princípios da perspectiva CTS. Lopes (2002) ainda salienta o caráter ambíguo do conceito de contextualização presente nos PCNEM.

Santos e Mortimer (1999), ao analisarem as concepções de um grupo de professores a respeito do termo contextualização no ensino de química, identificaram três diferentes entendimentos: i) contextualização como estratégia para facilitar a aprendizagem, ii) como descrição cientifica de fatos e processos do cotidiano do aluno, e iii) como desenvolvimento de atitudes e valores para a formação de um cidadão crítico, entretanto, grande parte dos professores

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