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Crianças Sem Oralidade

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Por:   •  1/3/2015  •  3.503 Palavras (15 Páginas)  •  379 Visualizações

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Avaliação fonoaudiológica em crianças sem oralidade

Autor:

*Simone Rocha de Vasconcellos Hage

*Fonoaudióloga, mestre em Lingüística – IEL – UNICAMP; doutora em Ciências

Médicas – FCM – UNICAMP; docente dos cursos de Especialização em

Linguagem da USC, UNAERP e CEFAC; docente do Departamento de

Fonoaudiologia da Universidade do Sagrado Coração – Bauru

e Universidade de São Paulo – campus de Bauru.

Na clínica fonoaudiológica uma das situações mais comuns é a chegada de

crianças que não falam para avaliação, numa idade em que já se esperaria um razoável

repertório lingüístico. Nestas situações, o fonoaudiólogo pode se ver bastante limitado,

na medida em que não possui um dos elementos fundamentais da sua avaliação, ou seja,

a linguagem oral. Apesar da limitação, vários aspectos do comportamento infantil

podem ser investigados em crianças que não falam.

Em geral, os procedimentos de avaliação de linguagem podem ser divididos em

4 categorias básicas: testes padronizados, protocolos não padronizados, observação

comportamental e escalas de desenvolvimento.

Tanto os testes como os protocolos não padronizados de avaliação de linguagem

são estruturados para investigar as diversas dimensões da linguagem, a saber, fonologia,

sintaxe, semântica, pragmática e implicam em algum nível de oralidade. Mas se essa

oralidade não se apresenta? O que fazer?

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A observação comportamental e a aplicação de escalas de desenvolvimento

podem ser extremamente úteis nesta situação e possibilitar o direcionamento do

diagnóstico e do processo de intervenção.

OBSERVAÇÃO COMPORTAMENTAL

A observação comportamental é um procedimento em que se analisa o

comportamento geral da criança, incluindo os comunicativos, em contextos naturais e

não-estruturados. Em geral, procura-se observar pelo que a criança se interessa, para

onde olha, se presta atenção à fala ou atividade do outro, o que pega, como manipula os

objetos. A observação comportamental pode fazer parte de qualquer processo de

avaliação, independente de se estar diante de crianças, de se ter oralidade, ou mesmo, de

se estar avaliando linguagem. É o procedimento que melhor detecta as funções

comunicativas da linguagem, sendo extremamente útil para entender a natureza

complexa dos processos de aquisição de linguagem (Pérez, 1995). Também é o

procedimento que possibilita a avaliação de linguagem enquanto atividade, enquanto

ação sobre o outro, independente da oralidade (Hage, 1996).

Na avaliação através de observação comportamental não é possível padronizar

“o que é solicitado x o que é esperado”. Na verdade, quanto mais natural e

contextualizada for a interação, mais confiáveis serão os dados obtidos.

É importante ressaltar que apesar de ser a criança o objetivo da observação, o

foco de análise na avaliação não deve limitar-se aos comportamentos da mesma, mas

abranger a interação da qual emergiram. Assim, no que tange à linguagem, dentro de

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uma dimensão mais ampla, o foco de análise abrange as trocas comunicativas entre a

criança e o avaliador. A forma como o avaliador age, reage nas interações é importante

para o entendimento das ações comunicativas da criança.

Mas, afinal, quais seriam os critérios de análise numa observação

comportamental? Que suporte teórico dariam sustentação aos mesmos?

A observação comportametal pode deter-se em dois aspectos do

desenvolvimento infantil, a atividade comunicativa e a atividade lúdica.

ATIVIDADE COMUNICATIVA

Uma criança que não está fazendo uso da linguagem oral, não significa que não

esteja na linguagem. Ao se conceber a linguagem enquanto atividade, um universo se

abre em termos de critérios de análise sobre a avaliação do comportamento

comunicativo infantil. Esses critérios tem sustentação nos estudos sobre a comunicação

pré-verbal (Halliday, 1975; Bruner, 1978; Harding, 1983), e têm se mostrado bastante

úteis ao se avaliar crianças com alterações de linguagem que apresentam nenhuma (ou

restrita ) oralidade (Wetherby et al., 1989; Woodyatt e Ozanne, 1992).

A avaliação da atividade comunicativa pode envolver os seguintes critérios de

análise: intencionalidade, funcionalidade, participação em atividade dialógica, meios de

comunicação, habilidades práxicas articúlatórias e buco-faciais, nível de compreensão e

postura comunicativa dos pais.

Intencionalidade

Apesar da grande carga de subjetividade que

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