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Demanda E Desejo Na Psicanálise

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Por:   •  8/8/2014  •  2.082 Palavras (9 Páginas)  •  752 Visualizações

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DEMANDA E DESEJO

Sorocaba

2013

Claudia Stravini

DEMANDA E DESEJO

Sorocaba

2013

RESUMO

O binômio demanda-desejo enseja uma reflexão à respeito do processo humano na experiência de satisfação e frustração. Freud refere-se à situação do neném com fome que se depara com o objeto que vai satisfazer essa necessidade. Ele utiliza o termo “percepção” em lugar de objeto, indicando que há um “objeto “ que entra no espaço perceptivo do sujeito. Ele define essa como a primeira experiência de satisfação e o estabelecimento de uma impulsão psíquica, que irá investir novamente na imagem mnêmica do traço do objeto – que ele denominou “alucinação satisfatória de desejo” .

Na demanda há sempre um pedido de restituição de um estatus quo ante, de um estado anterior de complementação que o sujeito supõe existir ou ter existido.

O desejo é justamente a busca, a procura do objeto da satisfação fictícia, que segundo Freud é o objeto faltante. O desejo é a busca do objeto perdido, a demanda é o pedido de satisfação desse desejo.

INTRODUÇÃO

Em Freud, o desejo é, antes de mais nada, o desejo inconsciente. Tende a se consumar e, às vezes, a se realizar. Por isso é que se liga prontamente à nova concepção do sonho*, do inconsciente*, do recalque* e da fantasia*. Daí esta definição que não variaria mais: o desejo é desejo inconsciente e realização de desejo. Em outras palavras, é no sonho que reside a definição freudiana do desejo: o sonho é a realização de um desejo recalcado e a fantasia é a realização alucinatória do desejo em si. Mesmo não levando em conta a idéia de reconhecimento, Freud não identifica o desejo com a necessidade (biológica). Esta, com efeito, encontra sua satisfação em objetos adequados, como o alimento, ao passo que o desejo está ligado a traços mnêmicos, as lembranças. Realiza-se na reprodução, simultaneamente inconsciente e alucinatória, das percepções transformadas em “signos” da satisfação. Esses signos, segundo Freud, têm sempre um caráter sexual, uma vez que o desejo sempre tem como móbil a sexualidade*.

Lacan não opôs uma filosofia do desejo a uma biologia das paixões, mas utilizou um discurso filosófico para conceituar a visão freudiana, que julgou insuficiente. Assim, estabeleceu um elo entre o desejo baseado no reconhecimento (ou desejo do desejo do outro) e o desejo inconsciente (realização no sentido freudiano). Com isso, ele diferenciou o desejo da necessidade mais do que fizera Freud. Através da idéia hegeliana de reconhecimento, Lacan introduziu, entre 1953 e 1957, um terceiro termo, ao qual deu o nome de demanda. Esta é endereçada a outrem e, aparentemente, incide sobre um objeto. Mas esse objeto é essencial, porquanto a demanda é demanda de amor. Em outras palavras, na terminologia lacaniana, a necessidade, de natureza biológica, satisfaz-se com um objeto real (o alimento), ao passo que o desejo inconsciente nasce da distância entre a demanda e a necessidade. Ele incide sobre uma fantasia, isto é, sobre um outro imaginário. Portanto, é desejo do desejo do outro, na medida em que busca ser reconhecido em caráter absoluto por ele, ao preço de uma luta de morte, que Lacan identifica com a famosa dialética hegeliana do senhor e do escravo. Em francês, o Wunsch, no sentido da psicanálise, foi traduzido por désir, em especial no Vocabulário da psicanálise, uma vez que não existe outro termo para significar essa realidade e que, em Freud, trata-se efetivamente de uma teoria (do desejo) que remete a um conceito, e não a uma palavra.

DESENVOLVIMENTO

A demanda é um apelo ao Outro quando se quer alguma coisa, aparece na forma de pedidos - me dá, cadê. A demanda é própria do sujeito falante, logo toda fala é uma demanda dirigida ao Outro, diferenciando-a da necessidade, que possui um objeto específico, por exemplo, se está com fome, o alimento é o objeto que satisfaz. Já na demanda não existe o objeto exclusivo, é intransitiva, fica-se exigindo na tentativa de (re)-encontrar o objeto que completa, sendo este para sempre perdido.

Segundo Lacan, podemos dizer que a necessidade se encontra do lado do animal – há uma continuidade entre o indivíduo e o meio. O ser falante não mais no registro da necessidade, mas no registro da demanda.

O simples fato de tomar a palavra, faz surgir o outro da fala, uma vez que há uma distância entre o que se intenciona dizer e o que se diz. Em psicanálise, toda fala do analisando é uma demanda de interpretação, demanda de sentido.

Para Lacan todo paciente demanda uma resposta e cura, mas o falar é o analista quem oferece ao paciente, pois com a oferta se cria a demanda. Toda demanda é demanda de amor, e o sujeito vive para demandar e o analista entra na seqüência, sendo que nenhuma resposta tem para dar ao analisando. O psicanalista dá a sua presença, sustenta a demanda na medida em que a coloca em suspenso, deixando este lugar vazio, para que reapareçam os significantes em que sua frustração detém. Lembrando que para Lacan frustração é uma falta imaginária de um objeto real. Lacan propôs o conceito de demanda como resposta ao conceito de frustração.

A frustração é o sentimento provocado no analisando pela não resposta à demanda, gerando uma regressão, levando o sujeito à ingressar na sua história libidinal infantil.

Ele se refere à tríade: “frustração / regressão / fixação, que somente acontece à partir da linguagem da fala, que promove a manifestação dos significantes de sua própria demanda. Então entende-se que, é por intermédio da demanda que pode-se localizar as fixações do passado.

Ou seja, paradoxalmente, pela não resposta à demanda é que ela pode ser decodificada verbalmente, ou seja desvendada verbalmente pelo analisando. A demanda do sujeito provém do Outro, lugar originariamente ocupado pela mãe.

É através da demanda que o desejo

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