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Capitalismo, Prosperidade e Estado de Bem-Estar

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Por:   •  23/4/2014  •  Relatório de pesquisa  •  9.251 Palavras (38 Páginas)  •  511 Visualizações

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Capitalismo, Prosperidade e Estado de Bem-Estar Social

sábado, 23 de julho de 2011 17:53

Capitalismo, Prosperidade e

Estado de Bem-estar social

Enrique Serra Padrós. Professor assistente de História Contemporânea da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Do livro O Século XX

O período posterior à Segunda Guerra Mundial foi marcado pela reconstrução européia e japonesa, pela Guerra Fria, pela descolonização e pela nacionalização da hegemonia americana. Mas foi, também, um período de enorme crescimento produtivo nos países desenvolvidos. Denominados de anos gloriosos ou Idade de Ouro, o fato é que os primeiros trinta anos do pós-guerra, constituíram uma era única na história contemporânea. A espantosa recuperação do mundo capitalista, quanto ao crescimento econômico e avanços tecnológicos, revolucionou as pautas de consumo e comportamento até então existentes.

1. Sombra e Luzes sobre o mundo capitalista depois do Triunfo sobre o nazismo. A Saída da Segunda Guerra Mundial.

O impacto da Segunda Guerra sobre o conjunto da sociedade européia teve características inéditas. O fato de ter sido uma guerra total, envolvendo a mobilização de todos os setores produtivos e recursos naturais, deixou cicatrizes profundas entre os sobreviventes. As utilizações de novas tecnologias de destruição e as enormes mobilidades dos exércitos atingiram áreas extensas. O bombardeio das vias de comunicação e o desmantelamento e mudança de fábricas para zonas mais seguras contribuíram para desorganizar, ainda mais, a vida material das pessoas. Aliás, nunca se vira, até então, tamanha transferência de contingentes populacionais. A guerra deslocara dezena de milhões de pessoas, soldados, prisioneiros de guerra, as vítimas do racismo, trabalhadores forçados, além dos movimentos espontâneos de população fugindo da guerra. Tais fluxos provocaram, por toda a Europa, alterações demográficas, problemas geopolíticos e choques que acrescentaram novos tensionamentos à sempre explosiva convivência entre as diversas nacionalidades continentais. Além das dezenas de milhões de mortos, feridos, mutilados e desabrigados, deve-se contabilizar o número de nascimentos que, previstos segundo as tendências do pré-guerra, não chegaram a ocorrer. Calcula-se que ao redor de 55 milhões de pessoas, potenciais produtores e consumidores, deixaram de nascer na Europa, o que é um dado espantoso. A própria falta de braços no campo gerou subprodução, encarecimento dos alimentos e surgimento do mercado negro em um período em que a fome e o desabastecimento estavam na casa da maioria dos europeus.

O endividamento das economias européias, em decorrência da guerra, é outro fato a destacar. Os países envolvidos gastaram seus estoques de moeda e recorreram a empréstimos externos e ao endividamento comercial, provocando a reconversão de saldos das antigas potências européias em relação a alguns países do Terceiro Mundo. Em 1945, por exemplo, a dívida britânica junto à Argentina (uns 126 milhões de libras) só foi zerada com a venda de empresas que a Grã-Bretanha possuía naquele país (ferrovias, companhias de construção elétrica, transporte urbano). A essa altura, parte desse material já era considerado obsoleto, mas a nacionalizações foram capitalizadas pelo projeto político peronista.

Os índices globais do fim da guerra mostram as enormes dificuldades dos países europeus para ressurgir da destruição material. Os níveis de produção caíram em quase todos eles. Comparada aos anos 30, a produção de cereais diminuíra em 70%, a de carne 66% e outros produtos agrícolas 75%. Embora algumas tecnologias vinculadas à indústria de guerra se tivessem desenvolvido, o produto industrial despencou. Claro, alguns beneficiaram-se com o colapso europeu. Os EUA, durante a guerra, triplicaram a produção industrial (em 1946 produziram metade da produção mundial) já a sua renda per capita aumentou mais de 100% (de 550 para 1.260 doláres).

Além das perdas materiais, as potências coloniais européias tiveram enorme dificuldade para manter seus impérios. Por quê? a) a contradição no apelo das metrópoles ao esforço de guerra colonial contra as ditaduras fascistas em nome da democracia e liberdade; b) a falta de condições materiais para restabelecer a tradicional relação metrópole-colônia c) a penetração econômica americana nas colônias européias durante a guerra d) a pressão política e simultânea dos EUA e da URSS contra a manutenção da ordem colonial: a primeira, contrária aos mercados fechados; a segunda, identificando-se com os movimentos revolucionários e procurando novos espaços econômicos para relacionar-se. Independentemente de questões ideológicas, a descolonização enfraqueceu a Europa em benefício das superpotências.

O impacto da guerra sobre a consciência européia foi considerável. Restou um medo residual da barbárie, da tecnologia destrutiva, dos perversos efeitos das ocupações. Nada mais brutal, do que a presença de milhares de crianças órfãs, além das terríveis imagens dos diversos holocaustos (judeus, eslavo, cigano e etc.) Neste aspecto, a reconstrução foi muito mais difícil. O colaboracionismo ficou como ferida exposta nas consciências nacionais. Puni-lo? Ignorá-lo? Execrá-lo? A guerra abalou crenças profundas da cultura européia. As cicatrizes físicas e morais, junto com a memória ou o esquecimento, foram a outra cara da sociedade que devia reerguer-se.

A experiência da pós-primeira guerra e a crise de 1929 serviram de referência para evitar situações posteriormente semelhantes. O dilema para a economia americana era o de como evitar uma crise de superprodução no fim da guerra. Ou seja, como orientar um reordenamento internacional e a necessária reconversão de uma economia de guerra para uma outra em tempos de paz, sem correr o risco de um quebra-quebra generalizado? Como fazer para adequar os altos índices de produtividade atingidos entre 1939 e 1945 com a realidade do pós-guerra? Por um lado, era fundamental evitar a falências das economias européias, pois a recuperação econômica da Europa era estratégica para a manutenção da supremacia dos EUA. Por outro,

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