Ergonomia de pesquisa no trabalho do carteiro

Introdução

O presente trabalho visa averiguar a ergonomia no trabalho do carteiro relacionando o carregamento de peso realizado e as alterações posturais apresentadas pelos profissionais, a ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem e seu trabalho, equipamento e ambiente, e particularmente a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e psicologia na solução dos problemas surgidos desse relacionamento.

Conhecer as condições de trabalho do carteiro, alterações posturais e as forças incidentes na coluna vertebral, durante o carregamento de peso e conhecer mais sobre história de um dos órgãos tão importantes para todos nos cidadãos, os correios, foi um dos principais objetivos do estudo. Analisou-se uma amostra de 04 trabalhadores, que exerciam a atividade de carteiro convencional, com idade variando de 32 a 48 anos. Todos responderam algumas perguntas que abordava o perfil social e aspectos organizacionais do trabalho.

Surgimento dos Correios no Brasil

Em 1663 com Luiz Gomes da Matta Neto que era o Correio-Mor do Reino em Portugal surge os Correios no Brasil que funcionava como uma organização paraestatal qualificada para receber e expedir toda correspondência do Reino, porém a entrega das correspondências era muito precária, pois as pessoas não queriam pagar pelos serviços de correios e optavam por usar a mão de obra gratuita, como bandeirantes e escravos.

Em 1835 a Corte autorizou a entrega de carta a domicilio, porém só receberiam suas correspondências aqueles que pagassem contribuições altíssimas e fossem casas comercias ou particulares, alguns anos depois em 1852 foi telégrafo chegou ao Brasil, e foram chamadas de mensageiros as pessoas que faziam a entrega dos telegramas.

“Carteiro é a designação privativa dos serviços dos Correios. Hoje, a palavra carteiro é utilizada indistintamente para a entrega de cartas e de telegramas.”

“A Repartição Geral dos Telégrafos era separada do Departamento de Correios; somente em 1931 é que houve a fusão dos dois serviços, criando-se o Departamento de Correios e Telégrafos - DCT. Em 20 de março de 1969, o antigo DCT foi transformado na Empresa Brasileira de Correios e Telégrafos - ECT.”

Carteiros nos dias de Hoje

O serviço de carteiro como vemos hoje surgiu no Brasil no século XIX período da Regência, hoje podemos contar no Brasil com cerca de 56 mil carteiros, onde aproximadamente 10% são mulheres para atender a entrega de 8,3 bilhões de objetos por ano, juntos os carteiros percorrem cerca de 397mil quilômetros num dia, isso equivale a quase 10 voltas completas ao mundo. Carteiro é o termo utilizado para designar os profissionais que trabalham distribuindo a correspondência enviada através de órgãos de remessa, da empresa pública chamada "Correios" ECT, mas também pode ser utilizado para designar trabalhadores de empresas privadas de encomendas expressas. É responsabilidade de o carteiro entregar todas as correspondências e encomendas na sua área de trabalho, recolher assinatura do recebedor, quando necessário, garantir a assiduidade do serviço, prestar contas dos pacotes entregues e recebidos, além de ordenar, conferir e fazer a triagem das entregas.

Os carteiros devem ter boa disposição e condição física para andar e percorrer grandes distâncias todos os dias, alem de responsabilidade, dinamismo, metodologia, agilidade, raciocínio rápido, facilidade para lidar com as pessoas e carisma. O mais comum é que o carteiro seja funcionário dos "Correios", assim é contratado através de seleção pública. Para ser um carteiro público, então, é necessário atender as exigências dispostas no edital do concurso. Geralmente é requisitado ensino fundamental ou médio completo, e se necessário, após aprovação em concurso há uma fase de treinamento. Para carteiros de empresas de remessas privadas, as exigências variam, mas geralmente também ficam entre ensino fundamental ou médio completo. Os empregadores podem também exigir carteira de habilitação no caso de entregadores motorizados.

Condições de trabalho

Durante nosso estudo e por meio de depoimentos de carteiros, constatou que o carteiro tem a jornada de 44 horas semanais, sendo 8 horas/dia com 2 horas de descanso e trabalhos aos sábados quando necessário, sendo que das 08h00min ás 12h00min eles separam as correspondências que serão entregues que segundo período, esse trabalho é feito de forma manual onde muitas vezes o carteiro precisa fazer repetitivamente movimentos de senta e levanta, causando lhes dores e desconfortos. Cada correspondência e encaminhada de acordo com seu logradouro de destino, ao termino desse trabalho de separação seria o horário de descanso, porém esse nem sempre é obedecido, não por parte do empregador, mas foi possível observar que existe uma grande ansiedade por parte dos empregados (carteiros) em terminarem sua jornada o quanto antes possível, visto que se terminarem o trabalho do dia antes do horário estabelecido (18h00min) e forem prestar suas contas serão dispensados para suas residências, então muitos carteiros deixam de gozar de suas horas de descanso para terminarem o trabalho antes.

Conforme a legislação e também com o Acordo Coletivo da categoria um carteiro não deve carregar em suas malas mais que 10 quilos para homens e 8 quilos para mulheres, porém há controversas sobre esse assunto, pois conforme referencia de um dos entrevistados “o mesmo afirmou nunca ter saído de sua unidade com menos de 12 quilos, pois a unidade onde ele carrega sua mala não conta com um sistema de controle eficaz” e em outro momento um dos outros entrevistados que faz a recarga de sua mala em outra unidade afirma “que sempre obedece à quantidade de quilos estabelecidos, pois em sua unidade não tem como sair com mais que 10 quilos, mas em contra partida sua mala encontra-se em péssimo estado e por mais que ele solicite a troca isso não acontece, o mesmo queixou-se de dores nas costas e nos braços por ter que carregar a mala muitas vezes nos braços de forma incorreta e não como deveria.” Além do esforço de carregamento de peso os carteiros também sofrem com a exposição excessiva ao sol e desgaste físico por conta da quilometragem percorrida durante o dia, pois cada carteiro chega a percorrer ate 20 km por dia isso exposto a radiações não ionizantes (sol), lhe é fornecido protetor solar, mas nem todos utilizam como deveriam, bem como os calçados de segurança (botas) que são fornecidas a todos, mas como um dos entrevistados referiu “é desconfortável”, portanto podemos ver no dia a dia em nossas ruas