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Extensão Universitária: Entre O Continuismo E A Utopia Eros Marion Mussoi Lucia Helena Correa Lenzi

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Por:   •  22/5/2014  •  4.744 Palavras (19 Páginas)  •  420 Visualizações

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Extensão Universitária: entre o continuismo e a Utopia

Eros Marion Mussoi

Lucia Helena Correa Lenzi

Resumo

Este texto trata de uma proposta em fase de concepção na Universidade Federal de Santa Catarina (Florianópolis, Brasil), que busca problematizar a Extensão Universitária a partir de uma inter-relação mais integral e efetiva com a Sociedade.

De partida os autores esclarecem que o termo “utopia” é utilizado no sentido dado por Galeano, ou seja, “a utopia é algo que a gente se aproxima dela um passo e ela se afasta dois”, caracterizando então que não é um sonho inatingível mas sim algo a ser buscado sempre.

Historicamente a Universidade vem exercendo ações de extensão de ordem pontual ou individual ou pequenos grupos de professores que pouco ou nenhum impacto sócio-econômico-ambiental provoca na Sociedade. Ações estas que não dão conta das expectativas que a sociedade tem com relação à Universidade. Neste sentido, dentro de uma perspectiva integral e integrada, a proposta busca caracterizar a necessidade de uma mais consistente atuação interdisciplinar e intersetorial, a partir de uma lógica territorial. Ou seja, definir territórios-foco onde todas as ações da Universidade deveriam estar perfeitamente integradas, tanto no seu planejamento quanto na sua execução/monitoramento.

Isto implicaria em pré-condições, tanto internamente na Universidade - projetos de extensão com atuação em uma mesma base territorial e, preferencialmente territórios em situação de vulnerabilidade sócio-ambiental -, quanto de parte da Sociedade, numa valorização do seu “capital social”, no sentido da busca da efetiva gestão social destes programas produzindo, nessa interação, novos conhecimentos.

Segundo Mussoi e Valente (2008) não é mais possível pensar em políticas públicas concebidas e implementadas a partir de “centros iluminados de poder” e do saber. A concentração decisória tem sido muito danosa para nossa sociedade como um todo e para as instituições de política pública em particular. Além de concentrar decisões e benefícios, ela delimitou espaços privilegiados para alguns estratos, não permitindo ou tolhendo o surgimento de novas lideranças e potenciais. O que se busca na proposta é uma ampla discussão com a sociedade de maneira a possibilitar a geração e gestão participativa dos diversos projetos que contribuam com o efetivo desenvolvimento sustentável e eqüitativamente distribuído, procurando entender a ótica e a racionalidade decisória das diversas representações de atores sociais e institucionais, assumindo uma perspectiva de um processo multiatoral , demarcando com isto a necessidade também de articular-se com organismos de políticas públicas municipais, estaduais e federal, para o bom andamento e continuidade dos projetos/ações de Extensão Universitária.

Espera-se com esta proposição referendar instrumentos propositivos a constituição e fortalecimento de uma Universidade que busca dialogicamente exercitar sua capacidade de atuar em situações complexas onde o foco na gestão social é fundamental.

Palavras chave: Extensão Universitária, Território, Gestão Social.

1. Introdução

A Extensão Universitária, antes um tanto esquecida entre as diversas dimensões das atribuições da Universidade, principalmente pela importância assumida pelos segmentos de Pesquisa e Ensino, hoje propõe para si um novo e necessário debate.

Este esquecimento histórico trouxe conseqüências marcantes dentro dos Projetos Político Pedagógico das entidades de ensino superior. O primeiro deles, já mencionado, foi colocar ordens de hierarquização de importância priorizando as dimensões da Pesquisa e do Ensino, muitas vezes entendidos como segmentos auto-suficientes por si só.

Este equivocado entendimento, de independência relativa entre as três dimensões básicas da função social da Universidade, foi “resolvido” por um conjunto de ações relativamente à Extensão Universitária que trouxeram “vícios” de função que persistem e provocam uma perspectiva de continuísmo, muitas vezes afastando a Universidade da Sociedade que a mantém e que a ela deveria conduzir seus objetivos e ações.

Desta forma, a Universidade “faz a Extensão que quer fazer” e não a que a Sociedade precisa. Se isto tem sentido, pode-se afirmar que, agindo desta forma a Universidade está longe de exercitar seu total potencial de intervenção junto a Sociedade para transformá-la (em benefício dela própria). Pelo sentimento presente, este conjunto de ações muitas vezes tem características isoladas, disciplinares, individualistas e voluntaristas de docentes e discentes, que, muitas vezes na melhor das intenções, atuam a partir de projetos pessoais ou de grupos disciplinares.

Isto não quer dizer que não se encontrem projetos que já busquem a integração intra-disciplinar (e mesmo interdisciplinares), e uma busca de ações a partir dos interesses da Sociedade, principalmente, por intervenção e demandas de grupos sociais específicos e bem articulados politicamente. Mas, efetivamente, não representa o que fazer extensionista da Universidade. Não representa uma clara postura político-institucional e transformadora.

Também não existe clareza de atuações consistentes e programadas interdisciplinarmente em territórios geográficos comuns, indicando uma dispersão enorme de esforços ao contrário de uma desejada ação integrada e integradora, que traria muito maior consistência em termos de retorno sócio-ambiental e econômico, tanto para a Sociedade quanto para a Universidade em suas 3 dimensões básicas.

A intenção deste texto é ser provocativo... para poder transformar e superar o continuísmo.

O problema está posto: é preciso, de maneira consistente, transformar as ações da Universidade, seja Pesquisa, Ensino e Extensão, esta última foco deste trabalho, sem desmerecer ou esquecer os outros dois, mas ao contrário, percebendo-os como perfeitamente integrados e complementares.

Um das questões fundamentais para analisarmos a inter-relação entre as três dimensões básicas da Universidade poderia ser demarcada perguntando: a Extensão hoje realizada é capaz de trazer modificações no Ensino, tanto no seu conteúdo quanto na sua metodologia? Onde nascem os projetos de Pesquisa e Extensão Universitária de um modo geral? Da análise concreta das demandas da Sociedade ou da percepção pontual dos próprios professores-pesquisadores?

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