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Extração de ouro AMAZÔNIA E Implicações para o ambiente

Tese: Extração de ouro AMAZÔNIA E Implicações para o ambiente. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  2/11/2013  •  Tese  •  2.359 Palavras (10 Páginas)  •  248 Visualizações

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A EXTRAÇÃO DO OURO NA

AMAZÔNIA E SUAS

IMPLICAÇÕES PARA O MEIO

AMBIENTE*

Frederico Luiz Silva Caheté**

1. Condicionantes da mineração do ouro na Amazônia

Para uma melhor compreensão do cenário deste setor produtivo caberia expor um

resumo dos fatores que, de uma ou de outra forma, condicionam as suas atividades. Esta

compreensão é, ao mesmo tempo, a da lógica das ações dos agentes diversos envolvidos na

mineração.

Um destes fatores seria de ordem ambiental, ou, especificamente, geoclimático. Nesta

dimensão as florestas apresentam-se como um dos grandes limitantes ao acesso às jazidas.

Outro fenômeno interferente é o regime das chuvas pois impõe um período de suspensão das

atividades. Influenciada por este regime mas que, por sua vez, também impõe limites às

atividades encontra-se a configuração da rede hidrográfica. Além da referida importância da

distribuição dos cursos d’água, o seu volume também determina uma maior ou menor

intimidade com os “veios” de ouro.

Outros fatores condicionantes seriam de ordem econômico-financeira. No final da

década de 70 e na década de 80 assistiu-se na Amazônia a uma nova corrida do ouro. Embora

possa ser considerado um fenômeno multi-condicionado, seja por fatores regionais, nacionais e

internacionais, ou, se preferir, conjunturais, há um fator considerado preponderante por

diversos autores: a alta do preço do ouro no referido período no mercado internacional

(Macmillan, 1993; Cleary, 1990).

* Este artigo foi escrito originalmente em 1995, estando, portanto, sujeito a desatualização em algumas informações.

** Biólogo, aluno do doutorado em Desenvolvimento Sustentável do Trópico Úmido – NAEA/UFPA. Pesquisador associado

do NAEA vinculado ao Projeto Shift (Studies on Human Impact on Forests and Floodplains in the Tropics).

Por último poderia se destacar as intervenções de ordem institucionais e políticos,

destacando-se neste caso o aparato jurídico e os movimentos ambientalistas e de direitos

humanos.

Na busca de informações sobre a extração do ouro na Amazônia e suas implicações

ambientais, constatou-se que a maior parte das publicações consultadas compõe-se de estudos

da problemática do mercúrio decorrente desta atividade. Seria interessante uma análise mais

profunda do porquê desta ênfase dada ao mercúrio mas cabe também atenção às

conseqüências da exploração aurífera na Amazônia resultantes da introdução e expansão da

técnica de lixiviação do ouro através do cianeto. O emprego desta substância vem ganhando

espaço na região através das atividades de mineradoras, sem que se tenha clareza das suas

reações biogeoquímicas na realidade local. São questões em aberto para basear discussões

sobre modelos de desenvolvimento na Amazônia.

2. Técnicas da atividade de extração do ouro

Em quase toda literatura especializada em mineração do ouro esta atividade geralmente

é dada como ocorrendo por duas maneiras: garimpagem (setor informal) e mineração

industrial. Essa classificação é mais freqüente nos veículos de divulgação tecnológica mas

também aqueles voltados para as questões ambientais a adotam. De forma simplificada, a

garimpagem é caracteriza principalmente pelos seguintes termos: 1) ênfase dada ao trabalho

individual e de pequenas equipes (com cerca de oito homens); 2) há um predomínio dos

instrumentos de trabalhos mais “rústicos” (manuais e semimecanizados), tais como a bateia, a

picareta, a pá etc., apoiados ou não por maquinário a combustíveis fósseis, e 3) pelo uso do

mercúrio na coleta de partículas de ouro. Na mineração industrial as características principais

tomadas por base são: 1) utiliza-se como fonte de força predominante a energia elétrica; 2)

opera-se com um conjunto mais sofisticado de máquinas e ferramentas; 3) compõe-se por uma

equipe de trabalho mais complexa e hierarquizada (empresarial), e 4) empregam-se outra(s)

substância(s) com maior capacidade de retenção de partículas finas de ouro.

A técnica de exploração em galerias de jazidas primárias é observável tanto na

garimpagem quanto na chamada mineração industrial, sendo necessário nestes casos o uso de

explosivos. Entretanto, na prática, muitas vezes fica difícil discernir as duas atividades,

principalmente quando se trata de uma atividade empresarial de porte. Muitas mineradoras

recorrem às duas formas de produção num mesmo local, podendo atuar durante um período

com as duas técnicas combinadas, ou ainda de forma sucessiva, dependendo muito da história

de exploração local.

Do ponto de vista da potencialidade de retenção de partículas mais finas, o processo da

mineração industrial tem sido considerado mais eficiente pelas condições próprias de

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