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Modelos Pedagogicos

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Por:   •  21/9/2014  •  3.777 Palavras (16 Páginas)  •  282 Visualizações

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O conhecimento é uma construção progressiva, cabendo tanto à Escola, quanto ao professor, oferecer aos indivíduos, condições e métodos apropriados, para que estes construam progressivamente o conhecimento, onde os conteúdos sejam assimilados pelo sujeito pela ação.

Em seu texto “Para Onde vai A Educação?”, Piaget (1976) faz considerações interessantes e atuais sobre o ensino de ciências.

Piaget constata que há um número muito baixo de alunos que optam pela carreira na área de ciência. Isso em parte é justificado pelo fato de as escolas oferecerem uma preparação predominantemente literária, em comparação com as profissões de formação científica e pelo fato das aulas de ciências não seduzirem seus alunos (são aulas centradas em fórmulas prontas e transmitidas sem o mínimo de problematização).

Percebe-se, então, que não é simplesmente uma questão de conteúdo, mas de didática, metodologias e posturas pedagógicas no ensino científico.

Piaget propõe a utilização de métodos ativos para o ensino em geral e, em particular, para o ensino de ciências.

O método ativo no ensino de ciências confere ao sujeito (aluno) um papel fundamental para a construção do conhecimento, pois permite que toda a verdade adquirida seja reinventada pelo aluno ou pelo menos reconstruída e não simplesmente transmitida.

Diz Piaget:

Se existir um setor no qual os métodos ativos se deverão impor no mais amplo sentido da palavra, é sem dúvida o da aquisição das técnicas de experimentação, pois uma experiência que não seja realizada pela própria pessoa, com plena liberdade de iniciativa, deixa de ser, por definição, uma experiência, transformando-se em simples adestramento, destituído de valor formador por falta da compreensão suficiente dos pormenores das etapas sucessivas1

Piaget entende a experiência como indispensável para o Ensino de Ciências, porém, a experiência na forma de ações conscientes por parte do aluno, onde a história da ciência figura como elemento imprescindível.

Esta escola ativa deve considerar o conhecimento do processo de aquisição das noções e conceitos na criança. Se o conhecimento é uma construção, a educação deve ser construção e não transmissão, tal como os pressupostos epistemológicos do empirismo consideram.

Neste método, é evidente que o educador continua indispensável, para criar as situações e armar os dispositivos iniciais capazes de despertar problemas úteis à criança e organizar contra-exemplos que levem à reflexão e obriguem ao controle das soluções. O que deseja é que o professor deixe de ser apenas um conferencista e que estimule a pesquisa e o esforço, ao invés de se contentar com soluções já prontas. Entretanto, é preciso que o professor de ciências não se limite ao conhecimento da sua ciência, mas esteja muito bem informado a respeito das peculiaridades do desenvolvimento psicológico da inteligência da criança ou do adolescente.

A elaboração de um ensino “moderno” consistiria em falar à criança na sua linguagem antes de lhe impor uma outra já pronta e abstrata e, sobretudo, levar a criança a reinventar aquilo de que é capaz ao invés de limitar a ouvir e repetir.

Segundo Piaget (1976), ao passar para as ciências experimentais, observa-se a falha das escolas tradicionais, que negligenciam a formação dos alunos no tocante à experimentação. Neste campo, mais do que em outros, os métodos ativos deverão ser impostos no mais amplo sentido da palavra, pois uma experiência que não seja realizada pela própria pessoa, com plena liberdade de iniciativa, deixa de ser, por definição, uma experiência, transformando-se em simples adestramento, destituído de valor formador por falta da compreensão suficiente.

Em resumo, o princípio fundamental dos métodos ativos pode ser expresso: compreender é inventar ou reconstruir.

A educação não pode prescindir da análise epistemológica que desvele os conceitos que fundamentam a prática escolar.

Piaget (1976, 24) propõe que o educador tenha conhecimentos de epistemologia, psicologia da inteligência etc, além do domínio dos conteúdos específicos. A ação do educador será tanto melhor quanto mais dominar os processos de aquisição do conhecimento.

Este domínio permite ao educador compreender o porquê as crianças possuem dificuldades de aprender e, a partir disto, planejar intervenções que tornem possível o desenvolvimento desta noção.

Pressupostos Epistemológicos das teorias na Educação

Em relação à postura e adoção de pressupostos pedagógicos na relação ensino-aprendizagem em sala de aula, a primeira questão que o professor deveria levar em conta é:

que cidadão ele quer que seu aluno seja? Um individuo subserviente, dócil, cumpridor de ordens sem questionar o significado das mesmas, ou um individuo pensante, crítico, operativo que, perante cada nova encruzilhada prática ou teórica, pára e reflete, perguntando-se pelo significado de suas ações futuras e, progressivamente, das ações do coletivo onde ele se insere?2.

Neste sentido, há que se demonstrar a existência de três diferentes maneiras de se representar à relação ensino-aprendizagem, as quais apresenteremos a seguir:

1. A Pedagogia Diretiva e seu fundamento epistemológico

Há um estabelecimento neste modelo de uma relação em que o professor acredita piamente que o conteúdo deve ser tão somente transmitido ao aluno. É o chamado “mito da transferência”, pois o aluno não domina o que denominamos de conhecimento sistematizado, sendo o professor a autoridade máxima neste contexto, já que se preparou para tal.

Para se obter sucesso nesta relação, há a necessidade de um estabelecimento de relações de poder, onde o professor possua controle sobre a sala de aula, não somente no que se refere ao conteúdo e à disciplina comportamental, mas, também, na disposição espacial de seus alunos, bem como o enfileiramento de carteiras.

Percebe-se, então, uma grande passividade por parte dos alunos, pois eles terão de assimilar não só o conteúdo ministrado, mas reconhecer, na pessoa do professor, a máxima autoridade.

Do ponto de vista epistemológico, tal relação se caracteriza por enxergar o aluno como uma “tabula rasa”, desde o nascer até suas posturas sobre novos conhecimentos e que, portanto, a realidade ou o meio social determinará o que será importante em sua formação,

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