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O CURRÍCULO ESCOLAR FACE À EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UMA QUESTÃO DE CIDADANIA

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Por:   •  9/1/2014  •  4.662 Palavras (19 Páginas)  •  600 Visualizações

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O CURRÍCULO ESCOLAR FACE À EDUCAÇÃO INCLUSIVA: UMA QUESTÃO DE CIDADANIA

Ivone da Silva Rebello

1. Cidadania x inclusão

Muito se tem discutido sobre o exercício pleno da cidadania. Volta e meia nos deparamos com esta palavra ou com idéias que nos levam a pensar no nosso papel em sociedade. Mas o que é ser cidadão, ou melhor, exercer plenamente o papel de cidadão numa sociedade?

Inicialmente devemos pensar que o compromisso com a cidadania implica em refletirmos sobre os novos conceitos sociais de maneira que a sociedade não se veja forçada a eleger um único critério de aceitação para a grande diversidade humana. Neste momento, surge, então, a preocupação em estimular o desenvolvimento do homem como um indivíduo autônomo, mas ciente do seu papel em sociedade, a fim de que através do seu próprio potencial crítico e reflexivo, adquira sua independência sem a necessidade de assistencialismo ou mesmo de proteção.

1.1. Inclusão social x sociedade atual

As sociedades atuais têm se caracterizado por sua crescente dualidade, a qual tem dado origem a fatores que desencadeiam a exclusão social e a própria fragmentação da capacidade estatal frente ao poder econômico (daí as crises), o que tem levado muitos indivíduos ao estado desesperançoso de seus ideais enquanto ser participativo na sociedade.

Diante desta conjuntura, o pleno exercício da cidadania e dos direitos que solidificam uma sociedade democrática sente-se ameaçado, principalmente, pela população menos favorecida da sociedade, que cada vez mais tem lutado contra os fatores geradores de exclusão.

A nossa sociedade atual é extremamente competitiva e concorrente, e isto tem conduzido o indivíduo a um alto grau de insegurança social. Não se tem certeza do amanhã, mas sim, que a cada dia todos devem melhorar o seu desempenho como trabalhador. Este e outros fatores levam a desigualdades sociais, aumentando o número de pessoas e de grupos socialmente excluídos.

Muitos são os motivos que nos conduzem ao estado de conflito. Por um lado, somos cobrados a desenvolver uma plena participação social, emanada no princípio da cidadania. No entanto, em meio a essa exigência, uma nova classe de analfabetos funcionais vem surgindo por razões de falta de formação, de acesso às novas tecnologias da informação e comunicação (cada vez mais sofisticadas), levando a grande parte da população mundial a um nível mínimo de conhecimento avançado e um crescente domínio de habilidades que leve a ter mínimas oportunidades de acesso ao mercado de trabalho.

A falta de participação social e o crescente individualismo (aspecto relevante em nossa sociedade atual) vêm diminuindo o comportamento social de solidariedade entre os cidadãos, pois o homem a cada dia se torna um autômato, ou seja, está mais preocupado em manter o seu status. Daí a sociedade civil para reverter esse quadro, vem trabalhando na criação de associações de cidadãos a fim de que estas lutem em defesa de seus direitos e interesses, pondo em relevo a defesa da qualidade, igualdade e coesão social.

1.2. Educação: fator decisivo no processo de inclusão social

Diante desta conjuntura social, está a instituição escolar. A evolução dos sistemas educativos e dos novos métodos de ensino tem conduzido a uma progressiva desconfiança do trabalho pedagógico, não se tendo a visão de que a educação é mais processo que produto.

As crescentes transformações geradas por um progresso desacelerado têm lutado contra a contenção de gastos públicos especialmente no que concerne aos gastos sociais. Tal aspecto fomenta uma contradição cada vez mais evidente entre os valores predominantes nas sociedades e o que as mesmas desejam inculcar nas gerações futuras através da educação. Esta, por sua vez, entra numa situação de crise, pois é a instituição que mais necessita de incentivo, pois cabe à escola o papel transformador da sociedade, no entanto é a que fica em último plano nas prioridades das agendas políticas.

A UNESCO e os governos de um grande número de países vêm criando projetos que revitalizem a escola, no sentido de desenvolver progressivamente uma educação inclusiva que dê respostas às necessidades de nossas sociedades nas próximas décadas.

Desde 1996, a própria UNESCO no Informe da Comissão Internacional sobre “Educação para o século XXI”, menciona o papel da educação em prol da cidadania: a maior ambição da educação é dar a cada pessoa os meios mais necessários para exercer uma cidadania consciente e ativa que somente poderá se realizar plenamente no meio das sociedades democráticas, e quanto à inclusão: a educação pode ser um fator de coesão se se apressar a ter em conta a diversidade dos indivíduos e dos grupos humanos e evitar converter-se ela mesma em um fator de exclusão social.

Assim, o grande desafio para a educação no século XXI será a de transformar a escola comum a fim de que esta possa dar resposta a todos os alunos, sem nenhuma discriminação. Mas para que a educação possa dar um passo decisivo será necessário o apoio e a participação de todos.

A inclusão é um processo que implica a aceitação das diferenças por parte de toda a comunidade educativa. Falar de inclusão não significa buscar um enfoque pedagógico distinto e específico ou uma metodologia concreta, nem mesmo mascarar os problemas que dizem respeito à escolarização de pessoas portadoras de alguma “deficiência”. Trata-se, pois, de uma nova visão filosófica.

A inclusão surge da confluência de grupos sociais variados que têm lutado para que seus direitos sejam reconhecidos e que possam ser exercidos em um plano de igualdade nas diferentes necessidades da vida pública. É um processo de caráter social que só terá sentido se puder ser realizado em meio à diversidade social e cultural e com toda naturalidade numa família, numa escola, em associações com finalidades culturais, desportivas, etc.

Enfim, trabalhar numa escola inclusiva é uma questão de atitude e compromisso, isto porque a inclusão promove a solidariedade entre os indivíduos. Com este propósito, os currículos devem se preocupar com a melhoria da qualidade de vida, dos direitos dos menos favorecidos e da sua integração em sociedade.

Com relação à educação especial, esta deve favorecer o desenvolvimento dos alunos com necessidades especiais em diferentes contextos, a fim de que possam exercer o seu papel de cidadãos integrados às sociedades.

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