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O PAPEL DO INTÉRPRETE EM LIBRAS NA ESCOLA INCLUSIVA

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Por:   •  5/5/2013  •  9.610 Palavras (39 Páginas)  •  1.851 Visualizações

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INTRODUÇÃO

É através da língua que podemos comunicar, expressar nossas opiniões e interagir com o mundo, ela é desenvolvida naturalmente pelo ser humano, um conjunto de vogais e consoantes que formam palavras, organizadas por meio da gramática.

Muitos encaram a Língua de Sinais como primitiva, ou inferior, à língua falada. No entanto, ao estudar a Língua de Sinais, impressiona a sua complexidade e riqueza de expressão.

Atualmente, o tema da inclusão está muito em voga, pois buscamos a concretização de um sonho, de um Brasil inclusivo, onde é possível uma sociedade para todos. Tendo como referência a nova concepção de pessoa com deficiência, pactuada e validada pelos próprios atores sociais, o Intérprete de LIBRAS é uma ferramenta poderosa para a inclusão dessas pessoas, visando à sua inserção na vida produtiva, cultural, educativa, social e política, ou seja, que tenha direito à participação efetiva na vida societária.

O profissional Intérprete da Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS), bem como qualquer outro intérprete, precisa ter o domínio dos sinais e principalmente da língua falada do seu país, no nosso caso, o Português, pois há diversas situações nas quais são necessárias as duas.

Para o profissional intérprete em LIBRAS que quer exercer sua função com qualidade e responsabilidade é fundamental estudar os critérios desta língua e compreender assim uma cultura, com seus fundamentos históricos e conceitos.

Este trabalho tem como objetivo geral mostrar a necessidade do intérprete de libras na escola inclusiva para o ensino e aprendizagem dos alunos surdos. E como objetivos específicos, apresentar a Língua de Sinais, seus conceitos e características, e identificar aspectos importantes da formação e condizentes com a função desse profissional em sala de aula.

O trabalho foi realizado em base de conceituados livros, revistas e sites. O capítulo um mostrará aspectos importantes da história, conceitos e legislação da educação dos alunos surdos. A importância da Língua de Sinais como a língua primária, para o desenvolvimento social, educacional e no mercado de trabalho para os surdos será considerada no capítulo dois. E no capitulo três será apresentado o papel do intérprete em LIBRAS na escola inclusiva que contribui o acesso dos alunos surdos para os conhecimentos acadêmicos e os desafios do intérprete em LIBRAS na sua função interpretativa e não educadores.

1 EDUCAÇÃO DOS SURDOS: HISTÓRIA, CONCEITOS E LEGISLAÇÃO

A Língua Brasileira de Sinais (LIBRAS) é uma modalidade de comunicação visogesto-espacial, ou seja, expressa através das mãos, das expressões faciais e do corpo. Ela possui níveis fonológico, morfológico, sintático, semântico e pragmático, podendo ocorrer variáveis dialéticas em todo país.

Sendo uma língua, como toda língua, a língua de sinais segue sua evolução natural, sua dinâmica, é viva, circula e entrelaça-se nos diversos discursos sociais. Bakhtin (2003) faz referência à língua da seguinte forma:

A vida é dialógica por natureza. Viver significa participar do diálogo: interromper, ouvir, responder, concordar, etc. Nesse diálogo o homem com toda a vida: com os olhos, com os lábios, as mãos, a alma, o espírito, todo corpo, os atos, aplicam-se totalmente na palavra, e essa palavra entra no tecido dialógico da vida humana (BAKHTIN, 2003, p.348).

Enquanto a Língua Portuguesa é, por exemplo, uma língua falada (verbalizada e escrita), utilizando os fonemas, que são unidades mínimas do som, usados para produzir a palavra, a Língua de Sinais é expressa através da configuração das mãos com as localizações em que os sinais são produzidos, os movimentos e as direções são unidades mínimas que formam os sinais. Segundo Quadros (2004), na construção de uma palavra em língua de sinais, considera-se os parâmetros espaciais e faciais. Essa estrutura apresentada é complexa e mostra que a Língua de sinais possui características próprias.

Na Língua de Sinais, as unidades analisadas para compreensão dos sinais, são consideradas como unidades mínimas que permitem a interação e compreensão do significado. Os sinais formam-se a partir da combinação do movimento das mãos com um determinado formato em um determinado lugar, podendo ser feito em uma parte do corpo ou em um espaço neutro. A articulação das mãos e a direção são outras unidades mínimas na formação do sinal.

A morfologia e a sintaxe na Língua de sinais são formadas no espaço. Palavras e frases dependem do espaço para formular um significado. Outro parâmetro que é usado como formador de significado da palavra é a expressão facial.

Ao contrário do que muitos imaginam a Libras não é uma língua recente. Ao longo da história as práticas educativas para pessoas surdas tinham diferentes concepções. Para o Egito antigo pessoas surdas tinham ligação com o misticismo, na Grécia antiga pessoas que fossem surdas deveriam ser exterminadas, na Roma crianças com problemas de surdez, tinham que ser afogadas no rio Tibre, e na Alemanha acreditava-se que a pessoa surda só conseguiria uma posição na sociedade ouvinte se ela falasse.

Os surdos que não falassem não podiam na Europa moderna, serem donas de propriedades ou serem herdeiras, assim crianças surdas abastadas eram ensinadas a falar por tutores, médicos e religiosos para que tivessem direito à herança.

As pessoas surdas por décadas foram e são em grande parte ainda discriminadas pela sociedade. Os conceitos da educação para pessoas surdas mostram que as mesmas eram vistas como ignorantes e incapacitadas para aprender, sendo sua educação quase impossível.

Segundo Honora e Frizanco (2009), na idade média encontravam-se os primeiros fatos que apontaram a utilização de sinais como forma de comunicação. As autoras relatam que, naquela época, a Igreja Católica tinha participação ativa no modo de vida social. Os surdos não podiam se confessar nem participar dos sacramentos, pois não tinham uma língua que os fizessem ser entendidos, logo suas almas eram consideradas mortais. Então a igreja iniciou as primeiras tentativas de educar os surdos para participarem dos sacramentos. Os monges que viviam em clausura e fizeram voto de silêncio, para não tornar público os conhecimentos adquiridos nos livros sagrados, desenvolveram uma língua gestual para se comunicarem. Esses monges foram convidados para educar surdos.

Honora e Frizanco (2009) relatam ainda que Pedro Ponce de Leon juntamente com seus dois alunos surdos, descendentes de uma família espanhola, ocasionaram

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