PADRÕES DE POTABILIDADE DE ÁGUAS DE ABASTECIMENTO QUE REPRESENTAM RISCOS À SAÚDE - SELÊNIO

PADRÕES DE POTABILIDADE DE ÁGUAS DE ABASTECIMENTO QUE REPRESENTAM RISCOS À SAÚDE - SELÊNIO

INTRODUÇÃO

A potabilidade nada mais é do que a condição em que substâncias tóxicas e organismos patogênicos têm níveis seguros e/ou aceitáveis para consumo humano, ou foram reduzidos a isso e é, portanto, saudável. A água potável é a água de qualidade suficiente para se beber e preparar alimentos.

Os procedimentos de controle e de vigilância da qualidade da água para consumo humano e seu padrão de potabilidade são expressos no Brasil, através da Portaria 2914, de 12 de dezembro de 2011, do Ministério da Saúde. Nesta portaria, estão previstos  padrões de substâncias químicas que representam risco à saúde, os quais devem ser atendidos para que a água esteja em condições de potabilidade.

O selênio é uma substância química inorgânica previsto como critério a ser atendido nos padrão de potabilidade de água, devido a este fato, o trabalho objetiva justificar a presença destes contaminantes nesta listagem.

TIPOS E CARACTERÍSTICAS

O selênio é um não metal, considerado como micronutriente para as formas de vida. É um elemento raro que tem a particularidade de possuir um odor pronunciado bastante desagradável. Ocorre no estado nativo juntamente com o enxofre ou sob a forma de selenetos em certos minerais, como (CuAgSe), (PbSe), (Ag2Se), ((CuTlAg)2Se) e (PbCuSe). As principais fontes de selênio são, todavia, os minérios de cobre, dos quais o selênio é recuperado como subproduto de refinação eletrolíticas. Os maiores produtores mundiais são os EUA, o Canadá, a Suécia, a Bélgica, o Japão e o Peru. É um elemento relativamente raro, representando 0,09% da crosta terrestre (Gomes Junior...).

Geralmente existe em -2, 0, +4 e +6, como estados de oxidação. Além disso, o estado de oxidação +2 é prontamente acessível no laboratório. O estado de oxidação -2, mais comum, ocorre como seleneto de hidrogênio, ou em compostos orgânicos de selênio. A química aquosa inclui tanto selenito (SeO, selênio + 4) e selenato (SeO, selênio +6) (Miller et al, 1996).

Está presente na fase sólida, líquida ou gasosa e ainda em 6 isótopos estáveis, quer em formas orgânicas (aminoácidos e compostos metilados), quer inorgânicas (selenato, selenito, selênio elementar e selenetos). As espécies de selênio que se formam em ambientes muito redutores compreendem os selenetos inorgânicos metálicos, compostos orgânicos e compostos de elevada toxicidade, como o H2Se, volátil. Os selenetos são assim encontrados em águas ácidas. Quando o selenato ou selenito se encontra solúvel em água, pode ser convertido a selênio elementar que é insolúvel e precipita (Almeida).

As formas químicas presentes nos solos de selênio são os selenitos, selenatos, selênio elementar e selênio associado com pirita (FeS2) e outros minerais. O selênio possui uma dualidade tóxica essencial, sendo necessário para os animais e humanos em baixas concentrações, mas é prejudicial e pode causar morte, se for ingerido em altas doses (Gregório, 2001).

Muito utilizado em indústrias de vidros, pigmentos, xerografia e retificadores, que convertem corrente alternada em contínua. Como sua condutividade aumenta em presença da luz e, porque pode converter a luz diretamente em eletricidade, é empregado em células fotoelétricas, em fotômetros e células solares (Gomes Junior, 2008)

ORIGEM E PRESENÇA EM MANANCIAIS SUPERFICIAIS

Encontrado no meio ambiente é proveniente de fontes naturais (processos geofísicos e biológicos) e fontes antropogênicas (indústrias e agricultura). As primeiras são provavelmente responsáveis pela presença de selênio no ambiente, enquanto as demais são responsáveis pela redistribuição deste no ambiente. O selênio entra na cadeia alimentar, de maneira natural, através do consumo de alimentos (a ingestão típica é de 20 a 300 μg/dia) e artificialmente pela agricultura, processos industriais, uso de cigarros, medicamentos, que também pode transportar selênio para a dieta alimentar do ser humano (Gomes Junior, ...)

Compostos de selênio são encontrados naturalmente em águas subterrâneas, e nos escoamentos agrícolas do uso de inseticidas e herbicidas contendo selênio. Compostos de selênio também estão presentes petróleo bruto e outros combustíveis fósseis, como o carvão. Durante o processamento desses materiais, o selênio também pode estar frequentemente, em um sistema aquoso. Compostos de selênio são encontrados em torre de resfriamento e purgadores de água de caldeira bem como em águas residuais aquosas do processamento de petróleo bruto e outros combustíveis fósseis (Miller et al, 1996).

Sob condições naturais, a concentração de Selênio nas águas varia geralmente de 0,3 a 3 µg/L. As propriedades organolépticas da água podem ser afetadas a partir de concentrações de 10 a 25 µg/L (odor). Águas superficiais apresentam níveis de selênio menores do que as encontradas nas águas subterrâneas. Um estudo em Nebraska (USA), encontrou água com altas concentrações de selênio, onde um terço dos 161 poços amostrados continham mais de 10 µg/L e aproximadamente 4% deste, estavam acima de 100 µg/L. (Ribeiro et al., 2005).

METODOLOGIA DE DETECÇÃO

A indicação da ocorrência de selênio é comprovada pela análise química de minerais contendo enxofre. A associação entre o selênio e o enxofre em rochas ígneas ocorreu durante o período de cristalização do magma (Gregório, 2001).

Segundo Gregório (2001), a fluorescência de raios X por dispersão em energia, mostrou ser um método simples, de baixo custo, com resultados bastante satisfatórios, para caracterizar e avaliar a contaminação de As (III), As (V), Se (IV) e Se (VI), presentes a nível de traços em amostras de águas naturais.

O desenvolvimento de métodos analíticos para a determinação de teores traços de selênio é importante. Foram desenvolvidas várias metodologias para a determinação de selênio total como a análise por ativação neutrônica (NAA), a espectrometria de absorção atômica com forno de grafite (GFAAS) e por geração de hidretos (HGAAS), a espectrometria de emissão óptica com plasma de argônio (ICP-OES) e a espectrometria de massas com plasma de argônio (ICP-MS) (PECHOVA et al, 2005), porém as técnicas mais comumente utilizadas para a determinação do selênio são as espectrometrias de absorção atômica com forno de grafite (GFAAS) e por geração de hidretos (HGAAS) (MALEKI et al, 2005). (Gomes Junior, 2008).

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