Percepção Dos Agricultores Sobre As Influências Dos Sistemas Agroflorestais Em Propriedades Do Planalto Da Conquista

Percepção dos Agricultores sobre as Influências dos Sistemas Agroflorestais em propriedades do Planalto da Conquista

Janderson de Jesus lacerda(1); Valdemiro Conceição Júnior(2); Débora Lima de Oliveira(1); Francis Almeida Silva(1); Lara Clímaco Melo(3)

(1)Graduando em Engenharia Agronômica; UESB/Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia; janderson.lacerda@gmail.com; debyagro@hotmail.com; fansilva_almeida@hotmail.com; (2)Professor Pleno do Departamento de Fitotecnia e Zootecnia, UESB/Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, miroconceicao@hotmail.com; (3)Mestranda em Engenharia Florestal, UFPR/Universidade Federal do Paraná, laracmelo@gmail.com.

RESUMO

O diagnóstico da situação dos sistemas agroflorestais (SAF’s) é uma das ferramentas fundamentais para o sucesso da implantação e desenvolvimento desses sistemas na região. O objetivo deste trabalho foi analisar a percepção dos agricultores e algumas estratégias de desenvolvimento dos SAFs no Planalto da Conquista. Os dados foram coletados por meio da aplicação de questionários realizada nos municípios de Vitória da Conquista e Barra do Choça, no Estado da Bahia. Foram analisados aspectos como a qualidade do produto e quantidade de mão-de-obra, tratos culturais, espécies de interesse para o plantio e conhecimento agregado acerca da utilização do SAF. As famílias são formadas por um número reduzido de pessoas, com pouca disponibilidade de mão de obra. Em 41% das propriedades o fator motivacional para a implantação dos sistemas foi a contribuição para o café como cultura principal, esta pratica apresenta importância para 45% dos entrevistados. A implantação dos SAF’s provocou uma redução de 68% do uso de agrotóxicos e fertilizantes químicos e melhoria na renda de 95% dos produtores, sendo a contribuição de até 100%. A laranjeira, jaqueira, grevílea e abacateiro foram as espécies citadas com maior frequência na composição dos SAFs. A principal dificuldade enfrentada para produzir nesse sistema é a falta de recursos hídricos (43%). Os SAFs apresentam-se como uma excelente opção para a agricultura familiar da região e os agricultores percebem sua contribuição através da diversificação de produtos, incremento na fertilidade do solo, redução gradativa nos custos de produção e melhoria na renda familiar.

Palavras-chave: Implantação do SAF, Agrofloresta, Diversificação dos cultivos.

INTRODUÇÃO

Em meio à necessidade de sistemas de produção que garantam a sustentabilidade da agricultura e segurança alimentar, que reúnam também vantagens sociais, econômicas e ambientais, os sistemas agroflorestais surgem como alternativas de uso do solo e consórcio de espécies para os produtores rurais de todo o mundo.

Os sistemas agroflorestais (SAF’s) são práticas de uso da terra onde são utilizados componentes lenhosos (árvores, arbustos, palmeiras, bambus, cipós) associados a cultivos agrícolas e, ou, animais numa mesma área de maneira simultânea ou sequencial, com objetivo de gerar múltiplos benefícios ao produtor, decorrentes das interações ecológicas e socioeconômicas resultantes dessas associações (GAMA, 2003; MORAES, 1998).

Esses sistemas podem proporcionar, além dos produtos oriundos do cultivo das lavouras anuais (arroz, feijão, mandioca), produtos regionais, de origem animal, assim como os de interesse madeireiro, proporcionando tanto a diversificação na dieta alimentar, quanto maior rentabilidade econômica a médio e longo prazo da propriedade.

A implantação e o sucesso dos SAF’s requer criterioso estudo de planejamento para definir a extensão e o tipo a ser utilizado em nível regional, municipal, local e de propriedade. Para identificar se os princípios teóricos coincidem com relações existentes entre os SAF’s e os produtores da região, faz-se necessário, um diagnóstico da percepção dos agricultores optantes por esse sistema.

Dessa forma, o objetivo do trabalho foi analisar, utilizando metodologias participativas de investigação rural, a percepção e algumas estratégias de desenvolvimento dos Sistemas Agroflorestais – SAF’s no Planalto da Conquista.

MATERIAL E MÉTODOS

Os dados em que se baseia esse estudo foram provenientes de um levantamento de campo realizado em Outubro de 2012 na região do Planalto da Conquista, abrangendo os municípios de Vitória da Conquista e Barra do Choça, no Território de Identidade do Sudoeste, um dos 26 do Estado da Bahia. Por meio de entrevista aos produtores rurais, foram levantadas questões relacionadas ao perfil das propriedades que faziam uso do SAF na região. Os questionários obedeceram a critérios de linguagem coloquial, de modo que as informações obtidas permitissem atingir os objetivos da pesquisa, e abordavam temas relacionados às características das propriedades rurais, suas famílias, as relações de trabalho, e, principalmente, a contribuição desta técnica nos sistemas de produção.

Foram realizadas 22 entrevistas onde os aspectos comparativos entre SAF’s e monocultivos como a qualidade do produto e quantidade de mão de obra, tratos culturais, espécies de interesse para o plantio bem como o conhecimento agregado acerca da utilização do SAF, foram mensurados e analisados, gerando gráficos descritivos através de planilhas eletrônicas do Excel, que permitiram a compreensão acerca da percepção dessa comunidade no desenvolvimento desse tipo de sistema no Planalto da Conquista – BA.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os resultados das informações analisadas demonstraram que as famílias entrevistadas são constituídas, em geral, por um número reduzido de pessoas, com pouca disponibilidade de mão de obra. Nota-se que 73% das famílias possuem duas ou menos pessoas disponíveis para o trabalho na propriedade, e que apenas 23% possui quatro ou mais pessoas para este fim (Figura 1).

Segundo Nobre (2011), apesar de esse fato constituir-se em uma dificuldade para os primeiros anos de implantação dos SAF’s, por exigirem intensa mão de obra, esta característica é apropriada para o uso deste sistema, pois quanto mais ele se aproxima da estabilidade, menor é a necessidade de mão de obra. Contudo, 52% das propriedades fazem contratações esporádicas, sendo que 73% contratam pelo menos 3 pessoas principalmente para colheitas.

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