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Por:   •  3/10/2013  •  2.793 Palavras (12 Páginas)  •  522 Visualizações

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Planejamento de Aula de literatura brasileira

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FÁBULAS DE FEDRO COM COMENTÁRIOS LINGÜÍSTICOS, LITERÁRIOS, FILOSÓFICOS E ESTILÍSTICOS

Márcio Luiz Moitinha Ribeiro (UERJ)

Pretendemos não só tecer comentários lingüísticos, literários e estilísticos acerca de algumas fábulas de Fedro, mas também refletir sua proposta de vida que deseja ensinar a virtude e os bons costumes à sociedade de sua época. Articularemos, sobretudo, este trabalho com a nossa vida agitada deste final de milênio, visto que as suas fábulas são perenes.

Selecionamos 3 (três) fábulas para analisar e concretizar tal objetivo acima proposto, a saber: Vulpes ad Personam Tragicam, Vulpes et Vua; e Vipera et Lima[1]. Então, comecemos com

Vulpis Ad Personam Tragicam [2]

Personam tragicam forte uulpes uiderat: “O quanta species”, inquit “cerebrum non habet!” Hoc illis dictum est quibus honorem et gloriam Fortuna tribuit, sensum communem abstulit. (I, 7)

Tradução: A raposa e a máscara de tragédia

“A raposa vira, por acaso, uma máscara de tragédia. “Ó quanta beleza”, disse, “não tem cérebro!”

Isto foi dito para aqueles aos quais a sorte (a fortuna) atribuiu honra e glória, (entretanto) tirou o senso (a razão) comum.”

Comentários:

A raposa caminhando, em certo momento de seu percurso, encontra uma máscara de tragédia e fica admirada de tanta beleza nela contida, pega-a e observa que não tem cérebro, pois, só há a face.

Esta magnífica fábula nos propõe pelo menos dois aspectos da nossa realidade. O primeiro está relacionado à beleza. Geralmente, os homens querem uma namorada ou esposa, porém, esta tem de ser bela, de olhos azuis ou verdes de preferência. Entrementes, quando a conhecemos melhor, descobrimos alguns defeitos que prejudicam o relacionamento. Assistimos, assim, a muitos namoros ou casamentos se dissiparem com graves conseqüências para a vida dos dois. Por que, então, valorizamos a beleza exterior, enquanto deixamos de lado a interior? Quantas vezes não amamos uma mulher porque é feia de aparência ou pobre? No entanto, devemos, sobretudo, valorizar a pessoa no mais profundo do seu ser, bastando para isto ver com os olhos da alma, do coração e, não, com os da razão. Na verdade, o que importa é a essência, enquanto a aparência deve ser desprezada.

A raposa, que simboliza o ser humano, se depara com a máscara e sua beleza virtual e diz: O quanta species (“Ó quanta graça”), porém, observamos que somente existia o rosto deste objeto sem vida, o restante estava vazio, já que não havia cérebro: cerebrum non habet!. Poderíamos cotejar a máscara como se fosse aquela mulher belíssima de semblante que, no seu interior, só possui podridão.

O segundo momento de nossa reflexão se refere à lição de moral:

“Hoc illis dictum est, quibus honorem et gloriam Fortuna tribuit, sensum communem abstulit.”

(“Isto foi dito para aqueles aos quais a sorte atribuiu honra e glória, (porém) tirou a razão comum”.)

O fabulista critica os homens de seu tempo que possuem bens materiais e, por isto, adquiriram “honra” e “glória”, porém perderam a razão e vivem de aparências, mentiras e falcatruas, sendo que todos estes vícios são representados pela máscara à qual nos referimos. Estes homens são elementos que só pensam no poder e se esquecem dos outros como muitos políticos que conhecemos, atualmente. Para eles “a fortuna” tirou o “senso comum” (= sensum communem) que é a virtude; e transformou-os em exímios demagogos.

Sabemos que Fedro, poeta latino, viveu na época de Augusto de 29 a.C. a 14 d.C, sendo que a sua fábula é uma narração alegórica, cujas personagens são geralmente animais e seres inanimados que simbolizam os seres humanos com seus erros e defeitos. Por isso, o nosso fabulista retrata os seus ensinamentos, através de lições morais que servem para nós, até nos dias de hoje, como filosofia de vida. Também, vale ressaltar que Fedro se inspirou em muitas fábulas de Esopo, famoso poeta grego do séc. VI a.C., no entanto, Fedro soube adaptar algumas de suas fábulas ao gosto e à vida romanos, sem plágio.

Neste momento, gostaríamos de ressaltar dois aspectos lingüístico-filológicos; e um estilístico. No primeiro, destacamos o substantivo persona (= máscara) tomado do prevérbio per (= através de) + sona, proveniente do verbo sono,-as,-are (...) = soar. Etimologicamente, este vocábulo significa soar, fazer ouvir um som, através da boca. O seu sentido próprio é máscara de teatro, originando, em português pela raiz, vários vocábulos entre os quais temos personagem, pessoa, personalidade. Em latim, em seu sentido figurado, persona pode ser traduzido também por ator. Vale lembrar que os atores do teatro antigo usavam máscaras, cada uma das quais correspondia a determinado papel ou caráter.

O vocábulo tragicam, que especifica o tipo de personam (= máscara), está no acusativo singular feminino, visto que é um adjetivo de 1a. classe. Destarte, em latim, este concorda em gênero, número e caso com o substantivo ao qual se refere, por outro lado no vernáculo, o adjetivo concorda, apenas, em gênero e número, pois o caso já não o possuímos.

Um último dado, que nos chama a atenção nestes dois últimos versos, é a repetição de tantas nasais –m e –n, dando-nos a sensação de um tempo de prolação prolongado destas consoantes

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