TrabalhosGratuitos.com - Trabalhos, Monografias, Artigos, Exames, Resumos de livros, Dissertações
Pesquisar

Projeto Tcc Tatiane

Trabalho Escolar: Projeto Tcc Tatiane. Pesquise 859.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  11/3/2014  •  1.705 Palavras (7 Páginas)  •  834 Visualizações

Página 1 de 7

Resenha

A vida em preto e branco

O enredo não poderia ser mais estúpido:

Dois irmãos, ao brigar pelo controle remoto da TV, David (Tobey Maguire) para assistir a reprise de uma série da década de 50, Jennifer (Reese Whiterspoon) para assistir a um show na MTV com seu ficante, são transportados para o interior daquela boçal série.

No entanto, se o espectador sobreviver aos primeiros quinze minutos e ultrapassar esta historiazinha que poderia pertencer a um filme da Xuxa ou dos Trapalhões, ele será recompensado com um belíssimo desenvolvimento. Posso confessar que este filme está entre um dos meus preferidos pela inteligência dos questionamentos que incita.

"Pleasantville", a cidade fictícia que dá nome ao filme, é perfeita, entendendo-se perfeição como o extremo da moralidade hipócrita que proibe sexo pré-marital, capacidade de reflexão individual, desejo de revoluções e mudanças e liberdade de expressão. Nesta cidade, os casais dormem em camas separadas, os filhos são exemplos para a sociedade, o time de basquete jamais perde, as donas-de-casa estão sempre com o jantar ou os canapés para as visitas prontos e a única função dos bombeiros é resgatar gatos em árvores.

Dois paralelos podem ser traçados desde "Pleasantville - a vida em preto e branco":

O primeiro deles é com o Gênese. Pleasantville é encarada como um paraíso, onde não há pecado e tudo flui em abundância. Todos levam suas vidas numa pacata inconsciência e a existência é "agradável". Todavia, por um ato miraculoso, através da figura do reparador de TVs que dá a David e Jennifer o controle remoto mágico, os dois irmãos começam a modificar a alienada existência da cidade, dotando-a de cores e vida.

Alguns teóricos, principalmente de correntes esotéricas, defendem que o pecado original, aquele que fez com que Adão e Eva fossem expulsos do Paraíso, trata-se do conhecimento do sexo. A "árvore do conhecimento" seria, na verdade, o conhecimento do ato sexual. "Pleasantville" corrabora com esta tese, pois é, através do sexo, instigado por Jennifer (que não era nenhuma santa no mundo real), que as verdadeiras mudanças começam. Ao comerem o fruto proibido, uma série de atitudes muda entre os cidadãos da cidade e, em pouco tempo, o "agradável" cede lugar ao ciúmes, ao adultério, ao medo, à paixão.

O segundo paralelo é com a própria história recente dos EUA, com a revolução artística e sexual da década de 50, quando as fachadas do puritanismo desabaram. O advento do rock'n'roll, dos movimentos libertários e revisionistas mudou a mentalidade de um país preconceituoso e bitolado.

O histórico do diretor, produtor e roteirista Gary Gross não é dos melhores; antes e depois deste filme sua filmografia é inexpressiva. Não é possível saber se ele leu Bataille, Foucault e toda a geração de estruturalistas que põem a sexualidade e a arte em primeiro plano como motores de transformação. Provavelmente não. Mas, inconscientemente, como as personagens de seu filme, Gross atinge um extraordinário patamar de lucidez ao retratar a reação retrógrada de discriminação e censura por parte dos homens "decentes" da cidade.

Mas as mudanças, quando começam, dificilmente podem ser detidas e Pleasantville jamais poderia voltar a ser o que era.

O personagem mais intrigante, ao meu ver, é Bill Johnson (Jeff Daniels), o dono da lanchonete, cuja maior alegria é a expectativa do Natal, quando ele pode pintar a vitrine da lanchonete com temas natalinos. Ele é o chamado do artista, de alguém que possui um novo olhar e, para isso, precisa romper com as normas sociais. Algumas das mais belas cenas do filme envolvem a presença de Bill e David, ambos descobrindo o que é a verdadeira liberdade.

"Pleasantville - a vida em preto e branco" é a prova de que uma má idéia pode ser o germe de uma maravilhosa execução. Um elogio à liberdade e a tolerância. Um conclame ao respeito às diferenças e à necessidade de constante revisão de nossos conceitos. Estimulando-nos a pôr um pouco de cor em nossas existências pacatas.

O filme “A vida em Preto e Branco” do diretor Gary Gross, produzido em 1998, nos remete para uma interessante reflexão crítica sobre o papel das Representações Sociais (RS) sobre os mais variados temas que evocam da trama, são eles: a família, o casamento, a sexualidade, a arte, a juventude, a escola, o esporte a nutrição e a política. Como o espaço dessa resenha não comporta uma interpretação mais ampla, optei por um recorte mais modesto, a partir dos aspectos sócio-históricos mais relevantes que possibilitam um diálogo tecido no tempo.

São importantes dimensões da realidade que se chocam entre o passado e o presente no momento em que os personagens David e Jennifer após uma briga pela briga do controle remoto entram pelo tubo da TV, saindo nos anos 50 na aparente e pacata cidade de "Pleasantville". Nesta cidade, o espírito puritano, típico das cidades pequenas dos EUA, é permeado por um moralismo em que os modelos de representações não toleram sexualidade livre, nem entre os indivíduos legalmente casados, onde os filhos são exemplos para a sociedade e as donas-de-casa estão sempre com o jantar esperando pelos seus maridos que chegam a casa e gritam “querida, cheguei”. Tudo ocorre na mais disciplinada previsibilidade. Nada pode ser tirado do seu lugar. As pessoas são retratadas em preto e branco, uma cor que no vídeo torna-se cinza, sem vida e sem alegria, sem coragem e sem tesão.

Para aquela comunidade a possibilidade de emancipação surge com a introdução de um novo olhar a partir dos jovens que ao chegarem do tempo presente com o carimbo da contemporaneidade, levaram os nossos signos, permeados de valores fluídos e fragmentados. Os primeiros quinze minutos do filme são sintomáticos das RS sobre família, sexo e educação dos jovens norte-americanos brancos, de classe média dos anos 90. São padrões impressos pelo “american way of life”, boa parte dele espelhados nos programas da MTV. Para Berman, viver a modernidade é ser movido, ao mesmo tempo, pelo desejo de mudança — de auto transformação e de transformação do mundo em redor — e pelo terror da desorientação e da desintegração, o terror da vida que se desfaz em pedaços.

Anúncios Google

Cada novo fato introduzido pelos personagens, modifica algo naquele mundo fechado. Tudo o que é novo e diferente

...

Baixar como (para membros premium)  txt (10.7 Kb)  
Continuar por mais 6 páginas »
Disponível apenas no TrabalhosGratuitos.com