Qual o conceito de diagnóstico? Existe diagnóstico em psicanálise? Se sim, como ele se dá e como o mesmo se diferencia do diagnóstico da psiquiatria?

Qual o conceito de diagnóstico? Existe diagnóstico em psicanálise? Se sim, como ele se dá e como o mesmo se diferencia do diagnóstico da psiquiatria? 

         Diagnóstico é um processo complexo do pensamento humano que serve para discernir em meio a dados, hipóteses e possibilidades onde o profissional procura a natureza e a causa de determinado sintoma ou doença. É um processo analítico de que se vale o especialista ao exame de uma doença ou de um quadro clínico, para chegar a uma conclusão. Se divide em diagnóstico sindrômico que descreveria esse conjunto de sinais e sintomas, sem definir a doença de fundo e o diagnóstico nosológico seria a doença fundo em si.

        O diagnóstico na psicanálise existe, mas ele se dá de uma forma diversa da psiquiatria, pois o psicanalista na busca de tratar o analisando trabalha na forma da escuta, fazer falar seria o ofício do psicanalista.        

        O diagnóstico na psicanálise é a busca a resposta a nossas indagações por meio da fala do paciente, onde ele não apenas é chamado a comparecer de viva voz como a entrevista é conduzida de modo a fazer comparecer o sujeito.

        Não se trata apenas de dizer que a fala do paciente está presente na apresentação psicanalítica e ausente na psiquiátrica, trata-se de que na apresentação (entrevista) psicanalítica, essa fala é produzida, num certo registro da transferência, no registro de um certo endereçamento.

        O diagnóstico psicanalítico se dá através dessa apresentação, que têm tripla função: de transmissão, permitindo aos mais jovens acompanhar o trabalho de um analista “ao vivo” (único contexto em que isso é possível, ainda que o analista esteja numa situação atípica); de diagnóstico, mais-além dos fenômenos; e de encontro clínico, cujos efeitos são imprevisíveis.

        No que diz respeito ao diagnóstico da paciente aqui em questão, orientando-nos pelo recorte que a psicopatologia psicanalítica faz na nosologia psiquiátrica, nossa indagação deve ser: é psicose? É neurose? Nesse caso, é neurose obsessiva? É histeria?

        No diagnóstico da psicose: para o diagnóstico de uma psicose em suma temos que buscar, na fala os fenômenos elementares (que são as alucinações verbais, o automatismo mental e, sobretudo, os distúrbios de linguagem), ainda dentro da psicose a análise sobre se tratar de uma melancolia. Em se tratando de melancolia, temos que observar o que é seu traço mais característico, a auto-acusação, que possui o estatuto de um delírio.

        Ainda, necessário fazer distinção do sujeito em face ao lugar do outro, se uma posição reduzida a objeto de gozo do Outro, que adquire consistência (psicose), ou se numa posição de responder pela fantasia ao enigma do desejo opaco do Outro, que perde consistência de gozo (neurose). Na vertente da neurose, temos que indagar se há uma dialetização possível da posição frente ao Outro; indagar sobre a divisão do sujeito.

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