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Relação Entre Visitantes E Visitados

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Por:   •  22/2/2014  •  2.307 Palavras (10 Páginas)  •  773 Visualizações

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Margarita inicia o texto afirmando que assim que o turismo de massa contemporâneo começou a ganhar força, muitos governos e organizações internacionais colocaram no turismo suas expectativas, não apenas no que diz respeito à economia, mas também o viram como um meio para o intercâmbio cultural entre visitantes e visitados e como algo que traria o entendimento entre os povos, tendo como conseqüência a paz mundial – pelo menos essa foi a idéia que a OMT quis difundir. Porém, as organizações religiosas reunidas na Coalizão Ecumênica do Turismo e Terceiro Mundo afirmavam que essa atividade era prejudicial e que a idéia de que esse fenômeno favorecia o entendimento entre os povos, não passava de um mito.

A verdade é que, segundo a autora, a integração cultural entre os povos continua sendo uma grande esperança dos envolvidos nas questões culturais. No entanto, as pesquisas realizadas até o momento não indicam que os objetivos de entendimento e aproximação tenham sido alcançados, pelo contrário, indicam que problemas antigos como a xenofobia e o colonialismo cultural estão presentes no turismo e que as relações interpessoais nesse fenômeno acabam seguindo a lógica de mercado.

Margarita continua, afirmando que a relação entre visitantes e visitados varia em cada caso, mas que a maioria dos pesquisadores concorda que essas relações são transitórias e superficiais. Além disso, segundo ela, a maior parte das pesquisas realizadas focaliza em comunidades com poucos habitantes, pois nelas, a distinção entre visitantes e visitados é bem clara, acentuando que todas essas pesquisas têm em comum o fato de colocar os turistas como vilões e as comunidades locais como vítimas.

A autora segue afirmando, que os critérios utilizados para definir uma comunidade podem ser geográficos, culturais e sociais. Além disso, segundo ela,quando o turismo se desenvolve em comunidades pequenas (geralmente aquelas que ainda guardam as características de uma comunidade), o estudo das relações entre visitantes e visitados fica mais fácil, enquanto que em uma grande sociedade, pode-se dizer que há relações diferentes entre as diferentes comunidades existentes nesta e os turistas que a visitam.

Margarita prossegue citando De Kadt, que divide os encontros entre turistas e população local em três categorias: a) quando os turistas compram bens e serviços; b) quando turistas e residentes compartilham espaços; c) ou quando os turistas se dirigem expressamente aos residentes a procura de informações. Ela dá uma ênfase à primeira categoria, onde os turistas são vistos como consumidores e a comunidade empresarial turística vende seus produtos. Ainda segundo ela, a relação entre os membros da sociedade que não pertencem ao trade turístico é diferente, e depende muito do tipo de turistas que chegam e das condições histórico-culturais da sociedade em questão.

A autora também cita Robinson que afirma que nesse fenômeno podem ser identificados quatro conflitos: entre turistas e comunidade local; entre os membros da comunidade local entre si; entre os turistas e o trade turístico; e entre o trade turístico e a comunidade local. Aqui a ênfase é dada no 3º grupo, cujos conflitos têm sido catalogados em: cooperação; hostilidade aberta; e hostilidade velada. Onde a cooperação consiste em se adequar as expectativas dos visitantes (os turistas tem poder) e a hostilidade velada em fazer de conta que as expectativas estão sendo atendidas, oferecendo produtos falsos ou representações sem fundamento histórico (os locais têm poder).

Margarita salienta que muitos conflitos também podem ser observados entre turistas de diferentes locais, que acabam se encontrando em uma determinada comunidade, citando como exemplo os ingleses e os alemães; e ao voltar à relação visitante-visitado, a autora chega à conclusão de que a mesma não pode ser analisada sem que a estrutura e os processos sociais mais amplos sejam pensados.

Segundo ela, quando a sociedade receptora é mais pobre que a dos visitantes, tem menos progresso tecnológico e ocupa um status inferior no cenário internacional, a relação será assimétrica por questões estruturais, dando aos turistas, sentimento de superioridade e a comunidade local sentimento de inferioridade.

A autora segue afirmando que os pesquisadores também observaram que o comportamento agressivo dos prestadores de serviços para com os turistas em determinadas comunidades, surgem da frustração dos mesmos não poder vender a eles seus produtos e serviços. A verdade é que os turistas são percebidos como pessoas muito ricas que acabam se encontrando com pessoas extremamente pobres, e a impotência desse segundo grupo em conseguir algum benefício vindo do primeiro, resulta muitas vezes na violência. Porém, há casos em que conflitos não foram observados apesar dessa distância social, o que Barke chamou de “sociocentrismo” - grande segurança a respeito de sua própria identidade que está na raiz desse processo.

Ainda segundo a autora, há uma diferença nas relações estabelecidas entre aqueles turistas conhecidos como “turistas trabalhadores” e a comunidade local. Neste caso, quanto maior a interação social entre eles, mas favorável é a mudança de atitude a respeito deles e melhor é a experiência turística. Bem diferente da relação acima descrita.

Ela continua nessa relação entre visitantes e visitados, citando diversos autores e suas respectivas idéias acerca do assunto. O primeiro a ser citado é Cohen, que classificava os encontros entre visitantes e visitados, “como essencialmente transitórios, assimétricos e sem repetição”; segue com Hunter que afirma que esses encontros fazem com que o relação entre turistas e população local, seja marcado pela desconfiança; e finaliza com Robinson, que diz que a relação entre eles, muda à medida que aumenta a quantidade de turistas, o que segundo ela, faz com que os residentes deixem de vê-los individualmente, contribuindo com o estereótipo de turista predominante no imaginário local.

Para Margarita, vários autores detectaram etapas diferentes na relação entre visitantes e visitados, tendo como mais conhecido o estudo de Doxey, onde segundo ele, primeiro a população reage com euforia a chegada dos turistas e depois se seguem a apatia e o tédio, até chegar ao antagonismo. Porém este estudo foi questionado em primeiro lugar, porque a etapa de euforia nem sempre acontece e, em segundo, porque a etapa de antagonismo se dá quando o turismo provoca ainda mais diferenças sociais na população local e/ou quando este precisa competir com os turistas por recursos escassos.

As etapas de doxey foram confirmadas pelos estudos de Boissevain em muitas cidades do mediterrâneo, onde o mesmo acabou identificando

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