Resenha Crítica Do Filme "Ilha Das Flores"

O Brasil, nas últimas décadas, confirma uma tendência de enorme desigualdade na distribuição de renda e elevados níveis de pobreza. Um país desigual, exposto ao desafio histórico de enfrentar uma herança de injustiça social, que excluiu parte significativa de sua população do acesso a condições mínimas de dignidade e cidadania. E é justamente neste contexto de exclusão que o documentário em análise pauta sua crítica.

O filme traz uma crítica ferrenha à sociedade de consumo, bem como aos valores que ela imprime aos indivíduos, seja pela supervalorização de bens materiais, seja pela banalização da vida humana.

A fim de chegar ao cerne da questão (a desigualdade social e a banalização da vida humana), a obra esboça a trajetória de um simples tomate, desde a sua colheita pelo produtor, passando pela sua venda ao mercado, até o seu descarte pelo consumidor final e sua consequente remessa para um lixão.

Este lixão localiza-se na Ilha das Flores, onde todo o lixo da cidade de Porto Alegre é depositado, inclusive o tomate descartado pela dona de casa apresentada no filme.

Como acontece em muitos lugares, também na Ilha das Flores o lixo é meio de sobrevivência de muitos indivíduos, mas, ao contrário daqueles, na Ilha das Flores, antes de terem a possibilidade de serem reaproveitados pelos moradores locais, os tomates e demais alimentos descartados passam por uma triagem para servirem de alimento aos porcos, pois esses possuem um dono, que zela por eles, ao contrário dos moradores do lixão de Ilha das Flores.

O que se pode perceber com o filme é a evidência da miséria e do sofrimento de seres humanos, que vivem em condições piores que porcos. Passa-se a entender, portanto, que é imperativo reduzir a desigualdade, não só por questões morais, mas pela efetivação da condição de cidadão destes indivíduos.

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