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A EVOLUÇÃO DAS ARTES GRÁFICAS NO BRASIL ENTRE AS DÉCADAS DE 1960 E 1970

Por:   •  3/3/2016  •  Projeto de pesquisa  •  3.013 Palavras (13 Páginas)  •  1.088 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DE JUIZ DE FORA

INSTITUTO DE ARTES E DESIGN

BACHARELADO INTERDISCIPLINAR EM ARTES E DESIGN

Ziraldo em Cartaz:

A evolução das artes gráficas no Brasil entre as décadas de 1960 e 1970.

Projeto de pesquisa

Modalidade Bacharelado Interdisciplinar em Artes e Design

Isabela Dutra da Silva

Juiz de Fora

12/2016

Introdução:

“O cartaz é um patrimônio do ambiente urbano. [...] Algumas destas peças gráficas, porém, nos acompanham para sempre, extrapolando, e muito, os objetivos iniciais de sua criação, tornando-se muitas vezes ícones visuais [...]” (LEITE, 2009, p. 24-25).

Esta pesquisa tem como objetivo principal apresentar o desenvolvimento e a evolução das artes gráficas no Brasil, baseados em alguns projetos e cartazes do cartunista Ziraldo Alves Pinto, artista gráfico conhecido internacionalmente pelos seus trabalhos destinados, em sua maioria, ao público infantil. Pelo fato do artista ter realizado um trabalho intenso de resistência à repressão, entre as décadas de 1960 e 1970, período em que ocorre a Ditadura Militar no país, a abordagem no campo do design de cartazes será específica deste momento histórico, englobando também o avanço de suas principais características tipográficas, artísticas e figurativas ao longo do tempo. Tudo isso com o propósito de questionar e refletir sobre a maneira que o Ziraldo se adaptou ao produzir seus cartazes na fase do Regime Militar no Brasil. 

Objetivos:

           O objetivo principal deste projeto é analisar as principais tendências e características das artes gráficas entre as décadas de 1960 a 1970, enfatizando os cartazes do cartunista Ziraldo, produzidos e publicados no momento da Ditadura Militar no Brasil em diversos meios para fins políticos, comerciais, institucionais, culturais, entre outros.

Objetivos específicos:

  • Observar o visível contraste entre a liberdade de expressão neles representadas, definindo a identidade do artista em suas obras, e a contínua censura de determinadas propagandas que seriam veiculadas na época.

  • Buscar entender, em parte, o processo de criação dos cartazes, baseado nos modelos produzidos pelo artista gráfico no período. Serão levantadas algumas questões técnicas de design, como por exemplo, as demonstradas de forma básica, bem como complementadas pela visão artística e pessoal do cartunista Ziraldo.
  • Perceber a consequência do impacto da Ditadura Militar no Brasil com relação à área das artes gráficas.

Justificativa:

A importância da realização dessa pesquisa está centrada na evolução das artes gráficas entre as décadas de 1960 e 1970 e também aos trabalhos produzidos pelo cartunista Ziraldo. Primeiramente, desvendar uma parte do conhecimento a respeito da estreita relação entre o artista Ziraldo e a Ditadura Militar, visto que é um artista amplamente conhecido no meio social e cultural pelas suas obras que marcaram gerações, como os livros O Menino Maluquinho (1980), A Turma do Pererê (1962), o livro infantil FLICTS (1969) e O Pasquim (1969-1991), jornal que fundou junto com outros humoristas e bastante reconhecido por seu papel de oposição ao regime militar, entre outros. Outra questão relevante é abordar alguns conceitos do design gráfico com ênfase nos seus cartazes, uma vez que o designer de cartazes é um lado pouco conhecido do artista.

Referencial Teórico:

Ziraldo Alves Pinto nasceu em 24 de outubro de 1932 em Caratinga, Minas Gerais. Graduado em Direito pela Faculdade de Direito de Minas Gerais, em Belo Horizonte, iniciou sua carreira de artista gráfico a partir da década de 1950 em inúmeros jornais e revistas de impacto na época, como o Jornal do Brasil, O Cruzeiro e Folha de Minas. Contudo, foi em 1960 que o Ziraldo consegue alcançar a sua maturidade profissional e se mantém criando novos projetos, até ser reconhecido internacionalmente pelos seus trabalhos. Essa década foi marcada pelo golpe de 64 que pôs fim ao governo democrático do presidente João Goulart, que desencadeou o início da Ditadura Militar e, consequentemente, da censura no Brasil que afetou a indústria cultural e os meios de comunicação.

Portanto, é importante compreender a relação entre o contexto político-social e no que isto influenciou na abordagem criativa de seus cartazes durante a década de 60. O destaque desta fase foi a combinação da cultura e da política e também da arte, que foi amplamente utilizada como um mecanismo de militância social. Tudo isso em um momento em que as torturas, as prisões e os desaparecimentos de pessoas passaram a fazer parte do cotidiano nacional. Em oposição à estes atos, surgiram inúmeras mobilizações populares, como as Ligas Camponesas[1] e as organizações estudantis, que foram brutalmente sufocadas pelos militares.

           Estas organizações, lideradas em sua maioria por jovens universitários, ocorreram devido à expansão das universidades públicas na época e ao aumento dos estudantes que coincidiu com a adoção de novas correntes políticas no meio universitário. O foco era a resistência ao regime militar. E posto que uma das inspirações do cartunista Ziraldo para a elaboração dos seus cartazes foi a escola francesa dos “grandes” (sic.) affichistes (cartazistas, em francês), é válido fazer uma breve abordagem sobre o que acontecia na França nos anos 1960.

           Para a sociedade francesa, a década foi marcada principalmente por manifestações estudantis, e, mais precisamente no ano de 1968, ocorreu uma grande onda de protestos iniciadas por estudantes para solicitar reformas no setor educacional. Uma dessas revoltas estudantis acarretou o surgimento do grupo Grapus em 1970, que era composto por artistas gráficos que produziam cartazes expressando assuntos culturais e políticos para diversos fins, representando com seus princípios idealistas uma interação entre o governo e os cidadãos franceses. As características dos cartazes desse grupo eram as cores vivas, as formas sensuais e os rabiscos. Isso inspirou alguns estudantes brasileiros de design gráfico na época.

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