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A Imagem Tempo

Por:   •  20/7/2023  •  Resenha  •  481 Palavras (2 Páginas)  •  42 Visualizações

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Resenha: A imagem-tempo de Gilles Deleuze

        

        No terceiro enxerto do conjunto “Cinema, Corpo e Cérebro, Pensamento”, Deleuze analisa o que para o cinema moderno para ser uma tarefa. Diante de um cenário pós Segunda Guerra Mundial, a passagem de um cinema clássico para um moderno é marcada por uma mudança de paradigma em que a montagem orgânica sucumbe a uma assimetria de montagem, não apenas de imagem, mas política e sobretudo estética, em que o grande desafio é reestruturar os vínculos do homem ao seu agir no mundo.

        A partir de uma assimetria, em que a estrutura de montagem se apresenta não mais orgânica e triunfalista, mas irracional, implica ações desvinculadas do binômio estimulo/resposta às imagens, mas em direção a uma ruptura que possa reinventar o mundo, de como pensa-lo e sobretudo questionar suas ausências; aqui é o povo que falta:

O que soou a morte da conscientização foi, justamente, a tomada de consciência de que não havia povo, mas sempre vários povos, uma infinitude de povos, que faltava unir, ou que não se devia unir, para que o problema mudasse. É por aí que o cinema do terceiro mundo é um cinema de minorias, pois o povo só existe enquanto minoria, por isso ele falta [...] Constatando o fracasso das tentativas de fusão ou de unificação, em que não reconstituir uma unidade tirânica e em não se voltarem novamente contra o povo, o cinema político moderno constitui-se com base nessa fragmentação, nesse estilhaçamento (DELEUZE, 1990, p. 262).

Desta maneira, é possível observar que um totalitarismo político não só desmobilizou, mas como produziu desconfiança a continuidade e a unicidade, em que a experiência de ver ganhe outra ambição ao possibilitar uma implosão estética e também política, uma vez que o que esteja em jogo aqui seja uma força inventiva de um povo em sua ausência, em um devir. Sendo tarefa do cinema do terceiro mundo, produzir enunciados coletivos, em que o transe e a crise sejam condutores de uma restruturação igualitária, de força inventiva.

        Embora, de maneira prematura esta força tenha sido ameaçada antes de alcançar seu potencial máximo, o cinema moderno teve suas questões estéticas, políticas e éticas inviabilizadas pelas estruturas de poder perpetuadas através da imagem, em que mercado e comunicação alinham-se para estabelecer um novo regime das imagens. Ainda que se possa pensar que todo cinema se pensa, pensa seu povo ausente e, ao fazer isto, resiste em sua atribuição de sentidos e na produção de pensamento crítico. Entretanto, a medida em que este povo que falta produz do pensamento de sua ausência narrativas assimétricas ao seu tempo e existência, será sempre retomada, a questão do pensamento no cinema.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DELEUZE, Gilles. Cinema: a imagem-tempo. São Paulo: Brasiliense, 1990.

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