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A Influência do expressionismo alemão na concepção do filme "A Colina Escarlate" de Guilherme Del Toro

Por:   •  13/11/2017  •  Artigo  •  3.500 Palavras (14 Páginas)  •  395 Visualizações

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Universidade Federal do Recôncavo da Bahia

CAHL – Centro de Artes Humanidades e Letras

Cinema e Audiovisual 2015.1

Antônio Victor Santos de Santana

A influência do expressionismo alemão

Na concepção do filme A Colina Escarlate (2015) de Guillermo del Toro.

Cachoeira

2015

Antônio Victor Santos de Santana

A influência do expressionismo alemão

Na concepção do filme A Colina Escarlate (2015) de Guillermo del Toro.

Trabalho desenvolvido durante a disciplina de Cinema Mundo I como parte da avaliação referente ao primeiro semestre.

Professor(a): Fernanda Martins

Cachoeira

2015

A Colina Escarlate

Crimson Peak, 2015. Direação: Guillermo del Toro. Produção: Legendary Pictures. Distribuição: Universal Pictures. Roteiro: Gullermo del Tor; Matthew Robbins. Música: Fernando Velázquez. Fotografia: Dan Laustsen. Montagem: Bernat Vilaplana. Designer: Kate Hawley. Elenco: Mia Wasikowska, Jessica Chastain, Tom Hiddleston, Charlie Hunnam, Jim Beaver, Burn Gorman, Leslie Hope, Doug Jones. Duração: 119min.

Resumo:

Crimson Peak é um horror gótico passado na virada do século XIX para o XX. A trama segue uma escritora, Edith Cushing (interpretada por Mia Wasikowska) que tem seu coração dividido pelo seu amigo de infância e por um estranho sedutor que chega à cidade em que vive na América, o misterioso Sir Thomas Sharpe (interpretado por Tom Hiddleston). Abalada por uma tragédia familiar, a escritora é levada por esta estranha paixão e muda-se para a sombria mansão de Thomas Sharpe, situada no alto de uma colina, em Curmbria, condado isolado no Noroeste da Inglaterra, onde ele vive com a irmã, Lucille (interpretada por Jessica Chastain). Edith vai perceber que a mansão é habitada por fantasmas de um passado tenebroso, seres de outro mundo que podem abalar sua sanidade mental.

Por trás do filme:

Além de ser percursor e propagador de grandes movimentos ou tendências, o cinema acompanha desde o seu nascimento as mudanças que circulam o mundo, sejam elas de cunhos ideológicos, artísticos, políticos, filosóficos, econômicos e/ou sociais. Uma das correntes artísticas que mais marcaram o cinema desde a sua criação foi o chamado expressionismo. Movimento vanguardista alemão que surgiu na primeira metade do século XX, à beira de uma Alemanha apática, esmaecida e abatida que precisava expressar seu medo, sua dor e seus sentimentos. O expressionismo ajudou o cinema, e outros movimentos artísticos, a criar uma nova maneira de como "fazer" a arte. Buscava, de modo conciso, dar forma aos sentimentos mais profundos como o ciúme, o amor, a dor, o medo, a paixão, a solidão e a miséria; que dominava naquela época pré, durante e pós-Primeira Guerra Mundial.

No cinema, o expressionismo, atingiu sua forma mais popular. Rompendo com a narrativa clássica do cinema, muda-se o posicionamento da câmera, o uso da iluminação, tudo isso junto passa a ser combinado para enriquecer dramaticamente a história e funcionar como elemento narrativo adicional, aumentando a interação do cenário com a cena. A união de aspectos ligado à cenografia, fotografia e mise-en-scène davam um tom de exagero, típico dessa forma de fazer cinema - olhos arregalados, interpretações teatrais e caricatas; cenários distorcidos, literários, sombrios e fantasiosos; que reforçadas por uma maquiagem e figurinos próprios davam ênfase na composição. Havia uma preocupação de entrar na mente dos personagens e mostrar visualmente pessoas psicologicamente deformadas.

O expressionismo deixou inúmeros legados para o cinema, que são incorporados até hoje por cineastas como Guillermo Del Toro. Seja em sua estética e forma técnica do cinema ou na profundidade dos sentimentos explorados pela narrativa. Em seu mais recente filme, Crimson Peak (2015), del Toro traz referências e homenageia a vertente expressionista, nos seus cenários, figurinos, fotografia, direção de arte, trilha sonora e atuações. O filme apresenta um visual espetacular e um clima denso, construído detalhadamente para encantar e aterrorizar. Chegando a recriar cenas de clássicos como Nosferatu, 1922. O cineasta busca trazer de volta o clima do horror gótico da velha vanguarda, em uma velha mansão mal-assombrada no fim do século XIX, cheia de monstros e fantasmas, sejam eles humanos ou sobrenaturais. Segundo del Toro o filme é uma viagem ao passado, uma homenagem aos filmes que ele cresceu assistindo, um gênero que estava em desuso a um bom tempo.

Junto aos seus dois amigos Alfonso Cuarón (Gravidade, 2013; Harry Potter e o Prisioneiro de Azkaban, 2004) e Alejandro González Iñárritu (O regresso, 2016; Birdman, 2015), Guillermo Del Toro é um dos três principais diretores mexicanos que vêm causando grande frisson no cinema mundial dos últimos anos. Nascido em 9 de outubro de 1964, na cidade de Guadalajara no oeste do México; Del Toro não é apenas o homem que passou a sua vida tentando lidar com os monstros que viviam dentro dele, mas que os convidou para o chá e os levou para dar uma volta pelo mundo em suas obras.

Seu fascínio e amor por esse mundo fantasioso é quase uma obsessão por essas criaturas de aparência um tanto quanto grotescas, mas foram elas que transformaram sua carreira e fez dele um bem-sucedido roteirista, designer de efeitos de maquiagem especiais, diretor e produtor executivo. Del Toro afirma em entrevistas que esse mundo surgiu para ele ainda quando criança como válvula de escape para sobreviver ao mundo real e violento que ele conheceu em sua infância no México.

Afirma ter aceitado os monstros como sua própria religião. E seu fascínio por eles chegou a assustar sua avó, uma católica fervorosa, que tentou exorciza-lo cerca de duas vezes como tentativa para limpar sua alma e ainda como forma de puni-lo colocou tampas de garrafas de metal em seus sapatos, fazendo com que seus pés sangrassem. Contudo, ao invés de afastá-lo a sua avó o empurrou ainda mais para esse mundo de fantasia que ele viria mais tarde compartilhar no seu trabalho. Assim como Mary Shelley, famosa escritora do século XIX, que liberou seus monstros em seus livros dizia: "Eu achei que me aterrorizou e por isso podia aterrorizar os outros. Eu precisava apenas descrever o espectro que assombrou a minha meia-noite no travesseiro", del Toro decidiu torna-los vivos no imaginário das outras pessoas.

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