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A RELAÇÂO ENTRE PERCEPÇÃO E CRIAÇÃO MUSICAL

Por:   •  15/12/2016  •  Artigo  •  1.366 Palavras (6 Páginas)  •  197 Visualizações

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A RELAÇÂO ENTRE PERCEPÇÃO E CRIAÇÃO MUSICAL

Discente: Eric G. Do Carmo

Docente: Tadeu Tafarello

Disciplina: Percepção musical III

Diariamente recebemos um grande número de estímulos sobre nossos sentidos. Seja através da audição, olfato, paladar, tato, visão, sentido vestibular (equilíbrio) e sentido cinestésico (do movimento).

Pelo tato conseguimos pegar algo, sentir os objetos, o calor ou frio. Pela audição captamos e ouvimos sons. Pela visão vemos pessoas e objetos, observamos contornos, as formas, cores e etc. Pelo olfato identificamos os cheiros ou os odores. Pelo paladar sentimos os sabores.

Pelo sentido vestibular e por receptores sensoriais espalhados pelos músculos, tendões, articulações e ligamentos, conseguimos perceber a posição e o movimento do corpo no espaço, mesmo que nossos olhos estejam fechados.

São essas percepções que propiciam o nosso relacionamento com o ambiente. São com esses sentidos do nosso corpo que percebemos o que está ao nosso redor e nos permite interagir com o ambiente em que vivemos.

No entanto a maior parte dos estímulos não são percebidos conscientemente. A percepção é um processo psicofisiológico através do qual uma pessoa organiza e interpreta os estímulos do meio que foram captados através dos órgãos dos sentidos, permitindo identificar os objetos e sons significativos.

Em termos de comunicação, podemos falar sobre três níveis de percepção: redundância, ruído e informação.

Segundo a Teoria da Informação (Vaz Freixo, 2006), a redundância é todo elemento da mensagem que não traz nenhuma informação nova. Na faixa da redundância estão composições desinteressantes por serem muito conhecidas ou compostas por muitas semelhanças, simples demais, monótonas. A Teoria da Informação tem como base a quantidade (teor ou taxa) de informação existente em um processo comunicacional.[1]

No ruído estão as sonoridades, confusas ou muito complexas, caóticas, dinâmicas ao extremo. Em ambas a percepção consciente é breve, quase inexiste. É percepção passiva. Em música, pode-se atribuir dois sentidos ao ruído: interferência e fonte musical.

Interferência refere-se a notas “erradas”, desafinações, entradas equivocadas, respirações ofegantes, suspiros, espirros, tossidos, remexer das cadeiras, ranger de portas, enfim eventos que perturbam a execução e entram em atrito com o discurso musical estabelecido. Em diferentes momentos do século XX, através de ressignificação, manipulação, reordenação, organização, racionalização e codificação, tais ruídos constituem-se, no entanto, como fonte musical, como princípio gerador. Incorporado ao discurso, o ruído constitui-se na própria música e, portanto, em informação. Lanzoni & Oliveira (2011, p.90).

A informação por sua vez, é tudo aquilo que desperta interesse, ocupa posição central entre as duas primeiras, ou seja, é graduação entre o muito simples e o muito complexo, entre o predomínio de semelhanças - prenúncio da monotonia - e o excesso de contrastes - o que beira o caos.

A percepção de informações é ativa, não só percebemos como recebemos, ativando mecanismos de compreensão mais apurados e críticos. Os limites entre as três faixas de percepção são variáveis, dependendo de vários fatores e diferindo de pessoa para pessoa (Braga, 2012).

Quando alguém assume um argumento simplista do mero ‘gostar ou não gostar’, fica empobrecido o senso crítico e, consequentemente, a capacidade criativa.

Para LIMA (2010), a criança ao ser estimulada no processo de reflexão e criação musical, considerando sua realidade e gosto, mas sem deixar de apresentar o universo musical com seus matizes, especificidades e diversidade, desenvolverá uma escuta mais consciente, mais ativa, crítica e criativa. A música pode deixar de ser produto de simples consumo e entretenimento para tornar-se produto de reflexão, possibilidade e oportunidade.

        Em seu estudo sobre a percepção do ritmo entre possibilidades sonoras e visuais, OLIVEIRA (2012), diz que “com base em conceitos sobre os elementos fundamentais das linguagens visual e sonora, é possível perceber fenômenos que surgem em função das composições com eles construídas”. Ela aponta os processos cognitivos humanos como dependentes da percepção dos fenômenos que ocorrem ao redor dos indivíduos, afirmando que é imprescindível que se conheça os diferentes mecanismos perceptivos que atuam nesses indivíduos e, a partir daí, as possibilidades expressivas que oferecem as diferentes linguagens humanas, assim como suas possíveis inter-relações.

Ao deparar-se com uma imagem, um observador pode, através de alguma análise, identificar elementos que são relativos à sua composição. O ponto, a linha e o plano foram apontados por Kandinsky (2006) como os elementos básicos da composição visual. Além destes elementos, Ostrower (2004) fala a respeito da superfície, do volume, da cor e da luz como elementos fundamentais da composição visual. (apud Oliveira 2012, p.3).

Kandinsky (2006) apud Oliveira (2012, p.3), compara o ponto geométrico ao silêncio, uma herança semântica da linguagem verbal, onde sua ocorrência no texto escrito marca uma pausa no discurso. Kandinsky (2006), diz ainda que uma linha surge do resultado da atuação de uma força aplicada em um ponto, que o empurra para alguma direção.

Dessa forma Oliveira (2012), traça algumas relações entre a percepção do ritmo visual e o ritmo sonoro, apontando Kandinsky e Paul Klee como compositores que se utilizam da percepção visual como fonte da composição musical.

Lira Filho (2001), diz que toda composição é resultado de um processo de muitas escolhas e seus caminhos são muito variados. Embora se refira à área de paisagismo, é possível aplicar o conceito à área da composição musical. Em adição, a percepção aplicada ao processo composicional também se torna um processo de formação de nossa própria linguagem criativa.

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