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As Teorias do Trabalho do Ator

Por:   •  4/9/2022  •  Monografia  •  2.460 Palavras (10 Páginas)  •  112 Visualizações

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Centro: CECA

Departamento: MUT

Curso: Artes Cênicas

Disciplina: Teorias do Trabalho do Ator_ 6MUT- T 1000

Série: 1º ano

Ano: 2019

Discente: Laura Helena Ferreira Garcia

Docente: Profª Mª Laura Carla Franchi dos Santos

O treinamento do ator a partir do trabalho e pesquisa de Lecoq em sua escola, com foco no trabalho da máscara neutra e a página em branco para atingir a criação.

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Imagem 1: fonte http://www.theatrorama.com/actualites/jacques-lecoq-point-fixe-mouvement/. Lecoq mostrando uma de suas mascaras neutras.

     Jacques Lecoq foi um ator, mimico, atleta, pesquisador, revolucionário, professor, que em sua escola, École Internacionale du Théâtre, fundada em 1956 e localizada  em Paris, desenvolveu seu método de trabalho, o qual tinha como objetivo desconstruir a interpretação presente no corpo do ator, e a partir disso construí-la novamente passando por um longo processo de redescoberta corporal.  

       Ele trabalhou com atores de diversos países, que apresentavam diversas culturas e de diversos hábitos corpóreos, que ao longo do tempo foram sendo descontruídos com o auxilio da máscara neutra para trabalhar a preparação do ator, e atingir o corpo poético.

        A criação desse corpo poético era necessária para que depois de dois anos de processo o ator conseguisse atuar sem vícios interpretativos, de uma forma rica em questões de repertório, mas ao mesmo tempo simples nova e criativa. Durante o processo, além da mascara neutra, Lecoq analisou outras formas para que o ator conseguisse chegar ao corpo poético, um exemplo seria o estudo do movimento e a criação a partir disto.

 A Escola nunca foi um simples veículo para treinar atores com as habilidades que Lecoq adquirira com Dasté e mais tarde durante o período que passou na Itália, mas certamente esses anos foram cruciais na construção de uma plataforma sobre a qual lançou sua pesquisa e desenvolveu sua pedagogia para o trabalho teatral. (SACHS, Cláudia Muller, 2013, p 26)

      Ele visava que seus alunos, orientandos e seguidores pudessem aprender e se dedicar a ter e vivenciar um corpo poético, através de sua pedagogia de criação teatral. Para ele, este corpo é almejado depois de algumas fases do trabalho.

     Sua pedagogia foi dividida em dois anos, com alunos de aproximadamente 25 anos, e eram de diferentes partes do mundo e já apresentavam uma vivencia teatral. O processo implica que os alunos esvaziem suas mentes e seus corpos de tudo aquilo que eles conhecem, para que a partir disso possam absorver inúmeras vivencias novas. Sugere-se o termo pagina em branco no qual o ator passa a eliminar todas as coisas cotidianas, pensáveis e cômodas, para assim criar a vontade do conhecer de novo. Este é o principal objetivo do primeiro ano, a desconstrução.

        Lecoq instiga seus alunos a enxergarem as coisas de um ângulo diferente, fazendo seus alunos verem as coisas que eles já conhecem e já fazem de um jeito diferente, além do obvio, do cotidiano, saindo do imaginário e partindo do corpo.

      Para existir essa nova reconstrução corporal dos atores, eles passam a analisar os movimentos cotidianos e simples, todos seus repertórios, e apagam da memória. Depois começam a recriar esses movimentos de uma forma nova, desconstruída e sem intensão ou expressão.  

[…] Para possuir a si mesmo, é preciso concentrar-se, recolher-se. É preciso um recolhimento anterior a qualquer ação. É nesse recolhimento prévio que se faz a pré formação da ação. A pré formação da ação é envolvida no silêncio do recolhimento – depois vem o suspense, o ataque, e por fim a ação (COPEAU apud FALEIRO, 2009, p. 104).

      Nesse processo ele utiliza a máscara neutra criada por Copeau e utilizada por muitos autores depois disso, ela tem a função de trazer um silencio corporal, ou seja, retirar tudo aquilo que se sabe para criar uma página em branco, estando aptas a receber novos movimentos e novas percepções.

       A máscara é um objeto neutro de equilíbrio harmônico, usada para que o ator expresse um estado de neutralidade, que vem antes da ação. Ela coloca o ator em estado de calma, prontidão, busca e presença, pronto para receber experiências únicas mesmo que já tenha feito outras vezes. Os movimentos que o ator faz com a máscara são econômicos e justos, para poder interpretar com uma base inicial, além de ser extra cotidiano e desconstruído. O ator tendo o equilíbrio pode levá-lo para a cena, desta forma pode trabalhar os desiquilíbrios presentes em cena de uma forma melhor criando novos repertórios.      

      O corpo do ator fica mais perceptível, o olhar fica mais amplo e os movimentos ficam mais potentes, o objetivo é deixar o rosto relaxado e disponível para poder tirar a máscara, e assim o ator possa usar o instrumento sem tê-lo realmente presente. Para que ele possa ser a própria máscara.

Um personagem possui conflitos, desequilíbrios, uma história, a máscara neutra está em um estado de equilíbrio e economia de ações e movimentos, trabalhar o movimento a partir do neutro proporciona pontos de apoio para a atuação, e conhecendo a medida que a máscara lhe proporciona o ator é capaz de expressar muito melhor os conflitos de outros personagens 28 (LECOQ, 2003, p.63)

      Em seu trabalho Lecoq potencializa a capacidade de criatividade do ator a partir da neutralização de seu corpo, para isso realiza treinamentos em seus atores norteando-os em sua jornada de construção de suas cenas e seus personagens. 

      Quando os atores a usam percebem melhor o corpo e fazem movimentos mais lentos e precisos, o real objetivo é descobrir novas sensações, emoções  e movimentos que tornem o corpo presente e tranquilo. 

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Lecoq mais uma vez explicando e mostrando a máscara neutra.

Imagem 2: fonte https://culturexchange1.wordpress.com/2017/01/24/jacques-lecoq-the-physical-revolution-of-theater/

      Conclui-se que a máscara neutra serve não só para uma descoberta do corpo, mas sim para que os atores consigam usá-la como apoio para uma interpretação única de algo que já foi feito inúmeras vezes, pela primeira vez, utilizando como base o corpo com presença, para que futuramente esse ator consiga expressar fenômenos e ações com um rosto presente e calmo, tendo assim um controle do corpo e da mente, ou seja, um equilíbrio.

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