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Educação

Por:   •  28/5/2015  •  Trabalho acadêmico  •  2.058 Palavras (9 Páginas)  •  182 Visualizações

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ATOR CORPO VOZ: REFLEXÃO SOBRE O PROCESSO CRIATIVO DO ATOR A PARTIR DE AÇÕES FISICAS.

Suy Ellen Rose Caldas de Melo[1]

                                                                Ficar em pé e observar um rato é um ritmo; outro completamente                              diferente é, esperar um tigre que se arrasta em sua direção.

Toporkov, s.d.,p.62

Fizemos parte de um processo criativo crescente guiado pelo professor Henrique Bezerra, dentro da disciplina ator: corpo voz, que nos trouxe desde o inicio a ideia de que iriamos trabalhar com ação física. Levantando um debate entre os alunos se essa proposta seria uma limitação ao se trabalhar com partituras, e se essa estética iria prender ou não o trabalho do ator, nos chegando depois do inicio das aulas, a ideia de que seria uma “prisão que nos daria liberdade”, pois as instruções nos davam um mote muito grande, e à criação surgia organicamente, nos dando uma maior veracidade em cena, pois estávamos totalmente entregues ao que acontecia ao nosso redor.

            Nas aulas que seguiam percebi muito essa ação que surgia da vontade, através das instruções do jogo, não surgia da discussão, do intelecto, mas sim do corpo, uma reação ao impulso dado. Essas ações físicas não seriam gestos soltos, nem atividades, o ato físico possui um objetivo, uma definição, sendo ele motivado.

(…) seria errado considerar a ação física apenas como um movimiento plástico que expresa a ação. Não; é uma ação autentica logicamente fundada, que busca uma finalidade concreta e que, no momento de sua execução, se converte em uma ação psicofísica. (STANISLAVSKI,1962,p 175

             Em sala um dos primeiros exercícios que nos foi proposto, com uma simplicidade que chamou atenção, por possuir um grande potencial de trabalho para se utilizar em cena, quando percebemos a tensão gerada no corpo, um estar presente, o jogo era deixar a bola (representando um desejo) no meio da sala, onde dois alunos estariam em lados opostos, os quais deveriam está prontos para correr e pegar a bola com o objetivo de ser o primeiro, na condição de espera, algo estava acontecendo muito mais dentro do corpo, o aluno só poderia sair com o bater de palma do professor, essa situação gerou no corpo uma tensão não fingida, pois os alunos tinham um objetivo a cumprir correr para pegar seu “desejo” primeiro, pois quem chegasse por ultimo não conseguiria alcançar o objetivo.

            Desde esse jogo já começamos a sentir como o professor nos queria ver em cena, pois foi um despertar desse corpo, vivo e falando sem se está em movimento, pois estava acontecendo muito mais coisas internas do que externa, observamos quem estava mais ansioso, pois se movimentava muito, saia antes da palma, havia também gritos para confundir e desconcentrar, tudo isso fazia com que o aluno desprendesse mais energia para está atento, não é uma condição de simplesmente tensão muscular, mas é um está em pé na espera de algo acontecer, não acontece somente no campo psicológico, isso reverbera por todo o corpo.

              Para Grotowski: “Normalmente quando o ator pensa nas intenções, pensa que se trata simplesmente de bombear (pomper) em si um estado emocional. Não é isso (...). Não é um estado psicológico; é algo que se passa a um nível muscular no corpo, e que está conectado a algum objetivo fora de si” (T.RICHARDS,1993,p.107).

             Esse trabalho proposto nos trouxe essa consciência de trazer para o corpo primeiro essa ação e depois justifica-la e pensa-la como cena, como juntar texto e outros elementos para a cena.

            O trabalho começou com a tarefa de escolhermos uma imagem/figura, e que conseguíssemos corporificar essa imagem em sala de aula, foi a base de nossas partituras, depois disso fizemos alguns exercícios como, por exemplo, vestir e tirar um casaco, e em alguns momentos foi pedido para que parássemos na imagem e memorizássemos essa partitura criada a partir do jogo que estava sendo sugerido, então nesse inicio eram somente imagens, que não estava ligadas e não possuíam sentidos. Assim foi nos mostrado como trabalhar com essas partituras corporais, trabalhando com velocidades, intensidades, brincando com o nosso corpo e fazendo com que começasse a surgir uma fluidez entre as imagens que ficaram no numero de nove, todo esse processo não estávamos ainda trabalhando com texto.

             Outro passo foi à escolha de um texto que nos inquietasse e que falasse algo conosco, então começaríamos a justificar as partituras, juntando texto e a ação, com os impulsos gerados pela palavra, descobrimos novos caminhos nessas imagens que foram afetadas a cada passada, em cada ensaio surgia algo novo que deveria ser formalizado, uma das orientações que foram muito validas foi a de não se apegar demais, de não fechar nada antes do tempo, por que reduções iriam acontecer, como acréscimos também.

           Muitos dos alunos se encontravam perdidos, sem conseguir juntar texto e partitura, em como fazer essa justificação sem perder e sem favorecer um ou o outro, por que em alguns momentos focávamos no texto esquecendo o corpo que já tinha sido criado. Era muito mais complicado ficar somente pensando, muitas vezes o professor nos falava, que não deveríamos ficar no campo das ideias e sim que o solo só sairia fazendo, ensaiando, repassando várias vezes.

Outro tema que surgiu foi sobre a apresentação, se esta deveria ser ou não aberta ao publico, desde o inicio me sentir desafiada por esta disciplina, pela escolha de se trabalhar em solos, por está sozinha em cena e por ser criadora da ação, sendo responsável pelo resultado, trabalhando a minha falta de confiança e o nervosismo que ainda esta presente pela timidez, alguns não gostaram da ideia e não quiseram se apresentar, por não se sentirem prontos em cena e por não querer ser julgados. O discurso do professor foi inspirativo quando se fala que o teatro não espera por ninguém, e que teatro só existe quando se descaracteriza a sala de ensaio e se joga com o publico.

        

Nao há representação teatral sem cumplicidade de um público, e a peça só tem possibilidade de “dar certo” se o espectador jogar o jogo, aceitar as regras e interpretar o papel daquele que sofre ou daquele que se safa, se está assistindo a representação. (PAVIS, 2001, p.220).

            No final processo foi nos pedido para analisarmos o solo de um dos nossos colegas da disciplina, difícil está fazendo parte de uma criação, preocupada com a aplicação das instruções do professor, tentando fazer com que o pedido de melhoras fosse aplicado e nesse mesmo caminho observar o outro nesses ensaios e perceber nele alguns dos elementos estudados durante o semestre que ainda está acontecendo.

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