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História do Cinema

Por:   •  11/4/2015  •  Resenha  •  2.363 Palavras (10 Páginas)  •  188 Visualizações

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INTRODUÇÃO

O seguinte trabalho tem como objetivo analisar a obra cinematográfica “Amor á Flor da Pele”, do diretor Wong Kar Wai, dentro da realidade contemporanea do cinema de Hong Kong. Para isso, se torna necessário fazer uma observação sobre a questão histórica do cinema desse lugar.

O cinema de Hong Kong tem como ponto essencial a importação devido seu tamanho populacional e territorial. O enfraquecimento por causa da reintegração é salvo pela abertura do mercado chinês. Uma parte dos cineastas de Hong Kong preferem se fixar no mercado chinês enquanto outros escolhem co-produções internacionais para seguir.

        Logo após a reintegração de Hong Kong à China, várias co-produções internacionais surgem, como exemplo, pode-se ver Jimmy Wang com Jackie Chan e sua parceria com a Australia. Esse sistema bem sucedido de co-produção atinge toda a Asia e Hong Kong entra em declínio e se vê excluída desse processo por causa da fuga de seus cineastas.

        A censura de Pequim exigia alguns critérios no que se referia a violência, sexualidade e política, impondo o uso do mandarim e atores do continente nos filmes de Hong Kong. Essas exigências surpreendentemente fizeram o cinema honconguês chegarr ao sucesso imediato. Em 1997, surge Fruit Chan com a temática da reintegração em seus filmes. Porém, após 2004, o diretor não rodou mais nenhum filme. Wong Kar Wai também fazia semelhante forma de alertar o espectador diante desse tema, rodando vários de seus filmes fora da ilha.

        Anos depois, a China tem um progresso significativo e se transforma em uma superpotência econômica. Existe então aí, a promessa de autonomia política de Hong Kong, que permanece estável por conta das políticas economicas favoráveis. A autonomia política não aparece e fica a questão de ser chinês e ser de Hong Kong não ser a mesma coisa.

DESENVOLVIMENTO

Como pode-se ver na parte introdutória do trabalho realizado,  na década de 60, a Revolução Cultural na China trouxe várias mudanças para a população de Hong Kong. O crescimento populacional acelerado juntamente com a crise econômica fizeram com que muitas famílias sublocassem quartos em seus apartamentos para outras pessoas. É nesse contexto que se inicia o filme “Amor à Flor da Pele”: dois casais sublocam quartos em apartamentos vizinhos. Os dois conjuges começam a ter um caso e isso acaba aproximando as pessoas traídas, Sra. Chan (Maggie Cheung) e Sr. Chow (Tony Leung). A partir da desconfiança, os traídos iniciam um contato, Sr. Choe chama a vizinha para um café com o objetivo de descobrir algo sobre a traição da esposa. Nesse encontro, se certificam de que estão sendo traídos e, já que os amantes estão viajando, eles acabam se encontrando com frequência, transformando a relação de informalidade que possuiam em sentimentos profundos, intensos, porém, contidos.

Soa até irônico a situação que Sra. Chan vive em seu trabalho. Ela ajuda o chefe a driblar a esposa e se encontrar com a amante, chega a pedir ao seu marido para comprar duas bolsas para seu chefe dar a sua mulher e sua amante, dizendo que as bolsas poderiam ser iguais já que elas não saberiam. Numa mesma situação, quando ela percebe que a mulher de Sr. Chow, sua vizinha,  possui uma bolsa igual a sua, existe a confirmação da traição de seu marido.

A dúvida se existe a consumação do caso entre os dois é mais uma vez levantada quando Sra. Chan fala ao Sr Chow: “Não seremos iguais a eles”. O espectador não sabe até onde a relação deles foi, mas diante dessa frase, uma coisa é certa, os sentimentos existem, mas sao totalemente reprimidos. Assim, a história de Sra.Chan e Sr. Chow vira saudade do que poderia ter existido.

O diretor brinca o tempo todo, como se o filme fosse um jogo entre fantasia e realidade. A relação das personagens principais consiste na  imitação do ausente, ou seja, os dois simulam situações para tentar saber como seus esposos iniciaram o caso. Essa mimese da possibilidade, brincando com a imagem e o real, retrata a cena da separação dos dois, quando seus conjuges voltam de viagem. Sra. Chan chora nessa cena, retratando o sentimento existente dentro dela, um sentimento que ela já não consegue mais esconder nem de si mesma, nem de Sr. Chow. A cena dessa encenação da separação é a única cena do filme inteiro que retrata concretamente o sentimento existente entre eles.

Wong Kar-Wai consegue passar a cada plano o que realmente deseja, como, por exemplo, conseguissemos quase sentir a textura dos vestidos de Sra. Chan. O figurino específico da época mostra muito também da personalidade da personagem. Os vestidos de gargalo alto, cobrindo o físico dos joelhos até o pescoço é uma negação do corpo, assim como Li-Chun tenta negar e reprimir seus sentimentos. Atitudes e figurinos servem para relembrar a repressão feminina e convenções sociais existentes em Hong Kong no ano de 1962. Sra.Chan utiliza uma linguagem corporal subliminar quando ela fica com o rosto paralizado mas não descarta a movimentação de seu quadril, mostrando assim seus anseios e conflitos mais do que mostraria num diálogo. A personagem principal transparece fecundidade, parecendo a figura de Vênus em retiro.

A repetição dos acontecimentos no filme dialoga com o sentido temporal da vida humana. Sra.Chan descendo a escada e Sr.Chow acendendo o cigarro, essa cena ocorre  várias  e várias vezes. Percebe-se que essa repetição é a forma do diretor passar a idéia de que por mais banal e efêmero que esses atos sejam, eles serão ternos, sempre existirá um homem acendendo um cigarro e uma mulher descendo a escada sensualmente. A questão do tempo é retratada juntamente com uma caracterísitca bem típica do diretor, que é inserir em suas histórias fábulas urbanas (inseridas ou não em lendas populares orientais) para deixar um tom delicado em seu processo de criação da poesia em estado fílmico. Falando em segredos que não podem ser contados a ninguém, o filme é encerrado com a lenda de que se esse segredo fosse contado dentro de um buraco de uma árvore e o buraco fosse coberto de lama logo após, o segredo não sairia dali. O filme termina com a cena de Sr.Chow contando um segredo dentro de um buraco, nas ruínas de Angkor Wat, em Camboja. Essa parte é acompanhada de um grande silêncio. Esse silêncio é a forma de Wong falar que aquele segredo agora está guardado até mesmo dos ouvidos do espectador. É nesse buraco que fica guardada a história de amor entre os dois, uma história de amor que mesmo sendo efêmera, ficou eternizada ali.

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