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Misticismo de Alexander Scriabin

Por:   •  12/12/2016  •  Trabalho acadêmico  •  2.204 Palavras (9 Páginas)  •  371 Visualizações

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Alexander Scriabin

Resumo

        O presente trabalho tem por objetivo apresentar a vida Alexander Scriabin, falar sobre as obras sinestésicas baseadas nas crenças místicas do compositor e apresentar sua importância na transição da música tonal para a atonalidade.

Biografia

O compositor russo Alexander Nicolayevich Scriabin pode ser considerado o mais influente na música do século XX em seu país, pois quase todos os músicos posteriores a ele se inspiram em sua música de alguma forma. Segundo Garcia afirma em seu texto “Scriabin’s Mysterium: the birth of a genius”, é impossível para nós, ocidentais no século XXI, compreendermos sua fama e a influência que exerceu tanto em vida como após sua morte. Seu trabalho também é de grande importância na história da música pois é o elo entre a música romântica e a música atonal criada durante todo o século XX. É uma pena porém, que poucos fora de seu país natal conheçam sua maravilhosa obra e sua sonoridade completamente característica.

Filho de Lyubov Petrovna Shchetinina, pianista e uma das poucas mulheres que se sobressaem como virtuosi femininas na história da música, e Nikolai Scriabin, que quebra a tradição militar da família para cursar direito e posteriormente seguir a carreira de diplomata, Alexander nasceu na cidade de Moscou no Natal de 1871 segundo o calendário gregoriano (adotado na Rússia), ou 06 de janeiro de 1872 no calendário ocidental. Sua mãe contrai uma doença pulmonar pouco tempo após seu nascimento e é afastada do filho para que ele não se contagie. Lyubov acaba falecendo após uma piora no seu estado de saúde e como o pai não consegue cuidar da criança, ele é entregue aos cuidados dos avós e da tia.

Desde pequeno seu passatempo predileto é criar canções ao piano e se sobressai por seu grande talento para se expressar através da música. Recebe suas primeiras aulas de piano de Georgy Konyus e posteriormente, Sergey Taneyev do conservatório de Moscou aceita dar aulas a Scriabin para preparar-lhe para a entrada no conservatório. Entra então para o conservatório de Moscou, onde começa a estudar composição e antes de terminar o curso começa a fazer turnês como pianista em várias cidades. Após se formar, volta ao conservatório onde estudou, atuando como professor de piano entre os anos de 1898 e 1903.

Depois disso, mudou-se para Bruxelas, onde frequentou a sociedade de Teosofia da cidade criada por Helena Blavatsky, Willian Quan Judge e Henry Steel Olcott. Segundo a teosofia, a característica sinestésica apresentada por algumas pessoas deve ser considerada como uma “ordenação divina” e nesse momento ele começa a se interessar pela relação cor-som. Desses encontros da sociedade resultam também suas teorias filosóficas que influenciam fortemente a música de sua segunda fase, onde ele se desvencilha em parte de sua forte influência romântica (o compositor tinha como referências Chopin e Wagner) para abrir espaço para experimentações em sua música e busca de uma sonoridade própria.

O ano de 1907 marca a história de sua obra pois é o ano em que conscientemente Scriabin se liberta do sistema tonal e entra em sua terceira fase, em que edifica seu próprio sistema sonoro, efetivamente criando uma sonoridade própria que chega no limiar da tonalidade. Suas obras dessa época são Poema do êxtase, Prometheus: o poema do fogo e sua obra inacabada Mysterium.

Retorna à Rússia de forma definitiva no ano de 1911, saindo ocasionalmente para algumas turnês, e passa a trabalhar de forma mais intensa em sua grande obra (Mysterium), planejada por ele para ser executada em vários dias de apresentação, como um grande ritual litúrgico. A peça, segundo o autor, seria a síntese de todos os sentidos humanos, se utilizando para isso de incensos, luzes, aromas, música e inclusive a luz das estrelas e os sons naturais, como o farfalhar das folhas das árvores agitadas pelo vento. Segundo ele acreditava, a finalização da execução de sua obra sua obra desencadearia o Armagedom e traria uma evolução da espécie humana, criando uma nova raça a ser propagada.

Morre porém no dia da Páscoa no ano de 1915 antes de terminar seu Mistério, deixando para trás esboços do que seria sua abertura e suas ideias do desenvolvimento de sua obra.

Por todas essas suas características tão individuais, é o compositor russo mais influente de sua geração e é apreciado em seu país até o início da Revolução Bolchevique, sendo usado por Stalin para defender a Revolução e só se torna menos visível no país após 1925, quando o Estado começa uma campanha de encorajamento de uma nova música nacional soviética. Tem como mérito seu a emancipação da linguagem harmônica em relação aos limites tonais (nesse campo, suas pesquisas são bem próximas às de Schönberg e talvez, se tivesse vivido além de seus poucos 43 anos de vida, tivesse sido ele o pai do dodecafonismo), a criação da primeira obra que realmente relacionava som e cor (Prometheus) e a criação de um acorde próprio (chamado por ele de sintético) que cria uma nova relação entre harmonia e melodia.

Scriabin inova também em suas composições ao usar instrumentos não europeus como gongos e tantãs em algumas de suas composições

Prometheus: o poema do fogo

        Sua obra mais famosa, que se torna baliza histórica em sua vida e na história da música tonal, tem como instrumentos utilizados o piano, a orquestra e o teclado de luzes (Clavier à Lumières ou Tastiera per Luce) e se baseia no mito grego do herói Prometeu.

        A história grega que versa sobre a dominação do manuseio do fogo pelo Homem conta que Prometeu, querido pelo panteão, é um dos poucos humanos que pode subir até o Olimpo e se reunir com os deuses. Lá, Zeus lhe apresenta o fogo sagrado e Prometeu, que considera injusto os homens não possuírem algo tão maravilhoso, rouba o fogo dos deuses e o leva aos homens. Por isso os homens lhe agradecem e Zeus o torna imortal e o condena a ficar acorrentado no alto de um monte com pássaros comendo seu fígado pela eternidade.

        Sabe-se que o autor da obra considerava os artistas como herdeiros do legado de Prometeu- aqueles que devem trazer ao mundo o conhecimento e a luz- mas levando em conta o misticismo do compositor e o fato de esta ser a primeira peça que apresenta o diálogo sinestésico entre som e luz, podemos especular sobre o fato de ele querer dizer que com essa peça, ele, detentor de uma sabedoria desconhecida pelos homens (passada a ele por sua iluminação teosófica), traria esse conhecimento ao Homem com a sua peça que iluminaria a todos pela sua junção entre os sentidos.

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