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Muito Além do Cubo Branco: A Trajetória de Liberdade da Arte de Hélio Oiticica

Por:   •  13/10/2020  •  Trabalho acadêmico  •  1.283 Palavras (6 Páginas)  •  186 Visualizações

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

 

 

CLARA BONIN GREGORIO TARQUINI

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

MUITO ALÉM DO CUBO BRANCO

A Trajetória de Liberdade da Arte de Hélio Oiticica 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Rio de Janeiro - RJ 2016 

MUITO ALÉM DO CUBO BRANCO: A TRAJETÓRIA DE LIBERDADE DA ARTE DE HÉLIO OITICICA 

 

Por meio desta pesquisa buscamos explorar a relação e a quebra do padrão estético e social de uma galeria formal de arte juntamente com as obras do artista brasileiro Hélio Oiticica. Será analisada a carreira inteira do artista como um todo, com foco em obras específicas, e suas intenções e repercussões na comunidade artística não somente brasileira, mas também mundial.

Hélio Oiticica (1937-1980) foi um pintor, escultor e performer carioca. Desenvolveu o conceito do “supra sensorial” que consistia em experimentações variadas com participantes e buscava a “suprassensação”, que supostamente simulava o efeito de drogas alucinógenas. Foi o criador da marginália durante a ditadura militar com seus trabalhos políticos chamados “Seja Marginal, Seja Herói” (1968).

Tomando como base o estudo de Brian O'Doherty, “No Interior do Cubo Branco – A Ideologia do Espaço da Arte” (1976) para melhor compreensão do espaço e funcionamento das galerias, identifica-se uma afinidade entre as primeiras obras de Oiticica e o padrão estético criado pelos galeristas modernos.

O conjunto de pinturas intituladas “Metaesquema” (1957) foi exposto nas típicas galerias espaçosas, de paredes brancas e sem móveis criticadas por O’Doherty, descritas pelo mesmo como um local com uma “condição de limbo” (pg.4) que traz ao espectador a sensação de que a própria presença é “supérflua, uma intromissão”.

Porém, os Metaesquemas feitos a partir de cálculos matemáticos foram a base mais importante para que Oiticica pudesse mais tarde criar sua escultura “Spatial Relief (red) REL 036” (1959), feita de placas de madeira compensada torcida em várias direções e cada um de seus planos possui um tom quente. Suspenso no meio da sala e exposto na mesma galeria juntamente às pinturas, a nova obra propõe a interação com o público, partindo de um princípio que a obra só possui movimento enquanto o observador interagir com ela. Desta forma, o artista rompe o princípio de O’Doherty de que o espectador não importa, ou ainda, que sua individualidade incomoda num local onde toda a atenção deveria ser voltada para a obra de arte.

As obras de Hélio Oiticica recebem uma resposta altamente positiva do público e o artista desenvolve cada vez mais seu gosto por uma interação maior entre o espaço, o observador e a obra. No livro “No Interior do Cubo Branco”, O’Doherty critica a forma de organização das galerias modernas de forma que ele as define como:

A galeria é construída de acordo com preceitos tão rigorosos quanto os da construção de uma igreja medieval. O mundo exterior não deve entrar, de modo que as janelas geralmente são lacradas. As paredes são pintadas de branco. O teto torna-se a fonte de luz. O chão de madeira é polido, para que você provoque estalidos austeros ao andar, ou acarpetado, para que você ante sem ruído. A arte é livre, como se dizia,

”para assumir vida própria”. Uma mesa discreta talvez seja a única mobília. Nesse

ambiente, um cinzeiro de pé torna-se quase um objeto sagrado, da mesma maneira que uma mangueira de incêndio num museu moderno não se parece com uma mangueira de incêndio, mas com uma charada artística.

(O’DOHERTY, 1976, pg.4)

Mais tarde na obra de Brian O’Doherty em seu capítulo intitulado “A Galeria como Intervenção” (pg.101), o autor discorre sobre as intervenções artísticas produzidas tanto dentro do espaço da galeria quanto em locais amplos como ruas e outros estabelecimentos comerciais, feitas com o intuito de inovar as criticadas exposições modernas. Em 1969 ocorre um evento na Galeria de Whitechapel em Londres, onde Oiticica expõe suas obras de forma a quebrar com todo o esquema de organização formal de uma galeria. Neste evento intitulado Éden, Oiticica apresenta uma característica essencial na crítica de O’Doherty: a liberdade e participação do público na obra.

Oiticica isola a sua área do resto da sala com biombos de palha, cobre o chão de areia, monta barracas e cobre superfícies com panos. A iluminação na sua parte da exposição é diferente, levemente mais escura do que o resto da galeria. Os visitantes têm liberdade para mexer com a areia, os panos, mudar a organização do local, deitar, falar e se movimentar por onde quiserem pelo espaço. A obra não é mais sagrada, e o que mais conta na visualidade da obra não é a posição do objeto, mas a existência dele ali. A intenção do artista é criar sensações nos participantes, e permiti-los experimentar da arte com todos os sentidos.

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