Olhar Ao Derramado

Referencia: HOLLANDA, FRANCISCO BUARQUE DE. Leite Derramado. São Paulo, SP :Companhia das Letra, 2009

Olhares ao derramado.

A obra Leite Derramado (2009), de Francisco Buarque de Hollanda, mais conhecido por Chico Buarque, traça as memórias de um velho ancião centenário sobre suas origens nobres até a decadência, oriunda da corte portuguesa passada um latifundiário escravocrata, seu avô, um senador da Republica, seu pai, até as atitudes nadas nobres de seu tetraneto, traficante de drogas. Tendo como pano de fundo olhar historiográfico para o tempo da narrativa apresentada pelo personagem principal em “monologo” sobre as suas memórias.

O narrador do livro, Eulálio Montenegro de Assumpção relato em suas memórias muitos dos acontecimentos e fatos históricos ocorrido em sua centenária vida e do que sabe de seus antepassados, um deles fora conselheiro da família Real portuguesa e outros como seu tetravô, “Para encurta o conto, esse meu tetravô general era filho de dom Eulálio, prospero comerciante da cidade de Porto, que comprou o chicote em Florença com o intuito de fustigar jesuítas” (p.30). Porém seu antepassado mais próximo era seu avô, latifundiário, que fora senhor de escravos, mas é citado como um abolicionista, que possuía entre seus objetivos construir um Estado para a população escrava do país na África, “a todos parecia justo que os filhos da África pudessem retornar às origens, em vez de perambularem Brasil afora na miséria e na ignorância” (p.51). Local onde fora para estudar a região para desenvolver tais objetivos de criado todo um plano com parceria dos ingleses. Descrevendo nesse discurso um cenário temporal de uma nação escravocrata em pleno meio para o fim do século XVIII, no surgir de novas idéias.

Já o pai do narrador e descrito como um republicano de primeira ordem:

“Saiba o doutor que meu pai foi um republicano de primeira hora, íntimo de presidentes, sua morte brutal foi divulgada até em jornais da Europa, onde desfrutava imenso prestígio e intermediava comércio de café.” (BUARQUE, p. 52)

Ao descrever sobre seu pai, o narrador da um pequeno passo na história brasileira, a transição do Império para a República Velha descrevendo sobre a vida a política de seu pai e daquele que seria seu futuro sogro, percebe-se a nada simples e pacata era vida política da época, com uma disputa acirrada entre os Conservadores e Liberais na congresso como no relato em que o narrador recusa o emprego por motivos das raízes ideológicas conservadora, “Fui ao meu futuro sogro, agradeci-lhe a oportunidade, mas ponderei que minhas raízes no campo conservador não me permitiria servir a um parlamentar liberal” (p.71), além percebermos momentos importantes da modernização cidade do Rio de Janeio, colocando como exemplo o símbolo da cidade, a construção do Cristo Redentor:

”Quando se abriu uma clareira, avistei ao longe uma montanha igual ao Corcovado, e era o próprio, viam-se umas estruturas em seu topo, onde diziam que seria erguida uma estátua do Cristo” (BUARQUE, P.114)

Outro momento, uns dos mais caóticos se não o maior do mundo financeiro

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