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500 anos de demografia brasileira: uma resenha

Por:   •  13/2/2019  •  Resenha  •  897 Palavras (4 Páginas)  •  245 Visualizações

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RESENHA: LIVI-BACCI, M. 500 anos de demografia brasileira: uma resenha. Rev. bras. estud. popul., v.19, n.1, 2002.

O autor comenta, sob sua ótica italiana, a história da demografia brasileira desde o “descobrimento” por Portugal e discute a respeito das mudanças na estrutura da população brasileira ao longo do tempo, com base em diversos estudos que buscaram estimar os números da população a despeito da escassez estatística da época.

A história da demografia brasileira é dita como um laboratório extremamente interessante, uma vez que a população autóctone, isto é, a população natural do território brasileiro, que nasceu e habitou neste território, após o contato com os europeus, corria o risco de ser extinta. Os portugueses que chegaram conseguiram deixar sua “marca” cultural e demográfica na história brasileira. Com o grande número de escravos africanos que foram trazidos para alimentar a força de trabalho, iniciou-se o processo intenso de miscigenação entre africanos, brancos (europeus) e índios.

 Na segunda metade do século XX, com o fenômeno da transição demográfica – em particular a transição da fecundidade – a taxa de reprodução chegou a valores próximos à de reposição. Essa grande mudança entre a população que na época do “descobrimento” correra o risco de ser extinta e, alguns séculos depois, passara a ter uma alta taxa de reposição é o que torna tão curiosa e intrigante a história da população brasileira.

A grande dificuldade mencionada pelo autor é de mensurar com certa precisão os números da população no período colonial, uma vez que até o final desse período havia pouquíssimas fontes de dados, o que fez com que as linhas de desenvolvimento fossem intuídas por não haver possibilidade de serem medidas com exatidão. Alguns relatos dados pelos primeiros povoadores, especialmente os jesuítas a partir do século XVI, mostram que a população indígena sofrera uma queda extraordinária. Estudiosos sustentam a ideia de que prevalências epidemiológicas (como varíola, sarampo, tuberculose e vários tipos de gripes) foram a causa da depopulação indígena neste período. Entretanto, o autor também comenta que a contínua demanda de mão-de-obra por parte dos europeus para alimentar a atividade de produção e serviços foi um fator determinante dessa depopulação.

A ganância por mão-de-obra fez com que crescesse o tráfico de escravos africanos além da escravização dos índios, de populações ribeirinhas, o que trouxe efeitos imensuráveis, como a destruição de comunidades, extermínio, separação, o que também implicou na baixa reprodução dos índios e africanos escravizados. Assim, até a metade do século XIX, o povoamento no Brasil ocorreu, principalmente, devido ao tráfico de escravos africanos.

O primeiro recenseamento moderno, em 1872, estimou em 58% dos quase 10 milhões de brasileiros na época serem de origem africana (pura ou mestiça). A razão de estoque/fluxo, que relaciona a quantidade de escravos trazidos da África para o Brasil até 1800 e a população negra no Brasil nesse mesmo ano, indica a razão de 0,9, ou seja, a população negra em 1800 era quase a mesma que a quantidade de escravos que foram traficados. Para manter essa razão de estoque quase constante era necessária uma contínua importação de escravos, e foi essa renovação contínua que alimentava o sistema de escravidão. Foi estimado que no total 3,65 milhões (que representa 38% de todo o tráfico) de homens, mulheres e crianças foram transferidos para o Brasil em três séculos e meio.

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