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A APROXIMAÇÃO GERAL AO CONCEITO DE LINGUAGEM

Por:   •  21/11/2019  •  Trabalho acadêmico  •  3.943 Palavras (16 Páginas)  •  363 Visualizações

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LINGUAGEM: A PALAVRA COMO LOGHOS E COMO PRECE

Prof. Dr. Salustiano Alvarez Gómez

Texto de trabalho interno, ainda em elaboração.

1.- INTRODUÇÃO.

                Algumas questões históricas relativas à linguagem são importantes para situar nosso estudo, pretendendo chegar à conclusão da realidade da linguagem religiosa e suas características.

2.- APROXIMAÇÃO GERAL AO CONCEITO DE LINGUAGEM.

Podemos encontrar umas valiosas reflexões sobre a linguagem nos escritos de Platão (428-347 a. De C.), mais concretamente no Diálogo de Fedo. O filósofo faz menção a um mito egípcio, no qual o deus Theuth, um dos deuses menores do Antigo Egito, inventa a escritura. Ao apresentar-se a Thamus, um dos grandes deuses, mostrando orgulhosamente seu invento, indicando como a escrita registrará os grandes feitos do povo egípcio tornando-o um povo eterno e reconhecido para sempre, encontra a desconfiança de Thamus que alega como a

    Escrita não faz bem à memória nem à sabedoria, ao contrário, vai levar ao esquecimento e à ignorância, pois os homens, confiando na escrita, perderão a atenção das coisas e viverão sem preocupar-se nos diálogos e terminarão desconhecidos pois tão somente são imitação das idéias (Fedom, Ed. Gredos, Madrid, 1986, pag. 402-403).

        O que realmente interessa para Platão é fazer perceber uma primeira dimensão da linguagem, tanto na sua forma escrita como falada, que é seu caráter de intermediação entre a alma (conhecimento) e as idéias (reminiscências do conhecimento), sem estar isenta de suspeita e limitações.

        Aristóteles (383-322 a. C.), sem seguir totalmente as pegadas de seu mestre, entendeu a linguagem como um conjunto de representações simbólicas e convencionais das coisas.

        Estas reflexões perduraram durante a época clássica e medieval. Com a chegada da Modernidade, J. Locke (1632-1704), dentro de um contexto onde o cientificismo começa a dominar, entende a linguagem como a necessidade de limitar a esfera dos conhecimentos possíveis.

        No mesmo contexto e de forma mais matemática, Leibniz (1646-1727) começa a dar valor maior à linguagem, ciente de que existem linguagens em lugar de uma linguagem, consideradas estruturações lógico-matemáticas perfeitas.

         O empirismo assumiu a mesma conotação lógico-matemática na linguagem de Leibniz, como materialização de sentimentos. Assim, Davi Hume (1711-1776), entendeu a linguagem como intermediação entre as impressões sensíveis e os processos do pensamento abstrato.

        Emmanuel Kant (1724-1804) e como consequência de um idealismo empírico, entendeu a linguagem como a forma de dirigir, a partir da dedução, as categorias intelectivas desde categorias transcendentais.

        No século XX, encontramos diferenças relevantes na forma de compreender a linguagem e, especialmente, suas funções. Haman, por exemplo, interpreta a linguagem como um instrumento necessário para o pensamento. Herder o considera como veículo que estrutura e organiza a consciência. Humboldt dá a linguagem o caráter de uma energia ou atividade que contribui simultaneamente para a  organização do sujeito e para a configuração do mundo e da cultura. E Noam Chomsky entende a linguagem como a possibilidade de uma afirmação universal ou, ao menos, a possibilidade real de uma estrutura comum a todas as línguas, pensando a produção de uma língua universal ou a definição de estruturas gramaticais comuns a todas as línguas.

        Em todo caso, a conclusão à que podemos chegar é a existência de uma relação entre pensamento e linguagem capaz de configurar a compreensão da realidade da cultura. Isto aparece claramente em três correntes que hoje refletem a linguagem (Filosofia da Linguagem[1], a teoria da Linguagem Estrutural e a Hermenêutica Fenomenológica).

3.- TEORIAS DE INTERPRETAÇÃO DA LINGUAGEM

        Por fazer uma breve referência a cada uma delas, a Filosofia da Linguagem parte da afirmação básica de que todos os problemas e questões (científicas, filosóficas, sociais, religiosas,...), são essencialmente problemas de formulação de linguagem. Parte dos pressupostos relacionais, situados fora de cada ser humano, que estabelecem operações lógicas com o pensamento e suas diferentes formas de comunicação. Suas escolas mais importantes são o Círculo de Viena e a Escola de Berlim (alinhadas no Empirismo Lógico), que se preocupam pela formulação de um método científico que faça possível evitar erros e permita analisar as coincidências naturais da linguagem. A preocupação é a verdade que a linguagem tenta desvelar procurando um enunciado universal e objetivo. Seus passos se traduziriam em “signos simbólicos” que permitem a comunicação, a verificação, com sua comprovalidade, para alcançar a verdade, entendida como uma formulação universal e objetiva.

De uma forma um tanto diferente a Filosofia da Linguagem Usual, defende que as verdades são expressas não por formulações científico-acadêmicas, mas pelo bom senso ou senso comum, que é o que realmente manifesta a verdadeira visão do mundo. Seu princípio básico parte da consciência do limite do conhecimento tanto nas realidades empíricas como as emotivas, sentimentais e misteriosas. A emoção e o sentimento indicam a verdade ou falsidade da realidade mais do que a expressão material ou formal. Ou seja, a linguagem depende tanto da expressão formal como da intensidade de sua expressão. Por colocar um exemplo, o sim, expressado foneticamente num casamento ou em um juízo é mais forte do que o sim escrito no documento oficial. J. L. Austin é seu principal representante.

Para L. Witgestein, que representa A Filosofia dos Jogos da Linguagem, a linguagem faz parte de um conjunto de termos e proposições. A linguagem só pode ser compreendida dentro do conjunto, combinações, da realidade histórica, física, existencial, cultural,... A linguagem é, portanto, o conjunto enorme e complexo de fatores que define a forma de serem as línguas e os sentimentos que elas produzem e provocam.

A Linguagem Estrutural, inspirada no estruturalismo de F. De Saussure, parte do pressuposto da diferença entre fala e linguagem. A Língua é um sistema de estruturas que regulam a relação significado-significante, enquanto que Fala é considerada como o ato do sujeito falante. A Língua é um conceito empírico, independente do sujeito falante, portanto, uma espécie de patrimônio coletivo estruturado no inconsciente, com um valor linguístico-vivencial. A Língua é o resultado lógico de sentimentos, vivências, formulações, ideias,... que dariam resultados práticos tipo ciência, filosofia, religião, literatura... Há diferenças, referências e interferências, expressadas em signos convencionais. A Língua é, simplesmente, o complexo sistema de diferenças, referências e interferências. Encontrar diferenças é encontrar significados, identidades e alteridades.  Entre seus representantes, Derrida elabora uma série de conceitos que marcam as diferenças como um sistema simbólico que dá vida a formas vazias possibilitando a cada sujeito pluralidade de significados. Na realidade a linguagem fundamenta a palavra e a ideia. Em ocidente a palavra foi o logos, como pensamento, anterior inclusive, à palavra como fonos, como som. A linguagem é, em definitivo, a forma de combinar as diferenças no tempo, no espaço, na própria vida.

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