A Estigma e Identidade social

Estigma e Identidade social

Da para se observar o conceito de estigma durante três momentos, primeiramente na Grécia clássica em que a ideia de estigma está associada a uma marca, um corte ou queimadura no corpo, o individuo era marcado fisicamente e essa marca o identificava como alguém que deveria ter cometido algo ruim para aquela sociedade, os indivíduos que carregavam essas marcas eram marginalizados. Para o cristianismo, na Idade Media, estigma são sinais corporais que representavam a “graça divina”, indivíduos com marcas, como por exemplo uma rosa ou algum símbolo, era associado a alguém que tinha sido agraciado por Deus, continua sendo uma marca mas agora de forma positiva e não mais uma marca que exclui o individuo da sociedade. Já na atualidade volta a um conceito mais próximo da Grécia clássica, ou seja, o estigma é algo de mau que precisa ser evitado, é uma ameaça a sociedade, uma identidade deteriorada por uma ação social considerada negativa, o estigma na atualidade não necessariamente precisa ser uma marca visível, mas está intimamente ligado a algo de mau, que o individuo ou um grupo carrega e que por consequência também vão sofrer a marginalização social.

O processo de construção desses estigmas, se da através da nossa sociedade ao estabelecer historicamente e socialmente que determinados atributos são normais e aceitáveis já outros não são normais e devem ser evitados na sociedade. A sociedade constrói esses conceitos a partir de relações de poder, o grupo dominante vai estabelecer quais são as categorias/identidades/praticas que são legitimas e aceitas e quais são estigmatizadas. O estigma é sempre a negação da identidade do outro.

Estigma é um livro de 1963 mas estigma também é um conceito, que é um atributo negativo além de uma mera característica, o estigma está profundamente ligado as relações sociais do individuo, aquilo que estigmatiza um individuo por outro lado vai confirmar a normalidade de outro, então se um individuo é estigmatizado isso significa que existe uma característica nele que é diferenciadora da normalidade dos outros, diante disso Goffman classifica a existência de três grandes grupos de indivíduos estigmatizados, primeiro são os portadores de deficiência física, segundo são aqueles indivíduos com caráter tido como anormal, considerando que ele era da década de 60, caráter ou comportamento anormal pra ele não era só os doentes mentais ou criminoso mas também as prostitutas e os homossexuais e em terceiro são aqueles indivíduos pertencentes aos grupos chamados tribais, que são ligados a raças, etnias ou religião, para Goffman o atributo do individuo que se torna evidente em suas relações sociais é o que vai compor a sua identidade social, a identidade social real é aquela identidade que se apresenta de fato e a sua identidade social virtual é aquela identidade social que a sociedade espera que se apresente daquele individuo, é essa diferença que vai resultar nesse atributo depreciativo conhecido por estigma, ou seja, é um elemento que vai causar a desumanização do individuo, justamente por que vai diferencia-lo do resto da sociedade.

A condição do individuo estigmatizado perante a sociedade vai ser determinada pelo grau de percepção que se tem das suas características distintivas, quando elas são evidentes significa que o individuo está na condição de desacreditado, ou seja quanto mais evidente é aquela característica que distingue ou estigmatiza aquele individuo mais desacreditado pela sociedade ele está, em uma tentativa de reduzir a percepção dessas características distintivas o estigmatizado pode usar de estratégias de encobrimento, o relacionamento do individuo estigmatizado com o não estigmatizado vai ser sempre desconfortável para ambas as partes.

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