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A Invenção da Sociedade Primitiva

Por:   •  31/1/2020  •  Resenha  •  4.344 Palavras (18 Páginas)  •  215 Visualizações

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Resenha Primitivismo e Ciência do Homem no Século XVIII

Van Gennep quanto foi tardio o estudo das ciências humanas, notadamente a etnografia. Como fio condutor o autor destaca duas questões, Gennep constata que as obras de Démeunier, de Lafitau, de De Brosses,  há uma independência e uma decontinuidade. Lafitau por exemplo permaneceu sem posteridade, ignorado pelo seu século que quis fundar a ciência do homem. Não há sucessão entre eles.  A etnografia do século XVIII é caracterizada por uma certa inércia, como se não houvesse história propriamente dita. A segunda questão  é a interrupção que ocorreu nas Ciência doHomem no século XIX. Interrupção que ele observa também na produção intelectual literária e científica em razão das Revoluções e do Império no século XIX. E ainda, que a etnologia surgiu tardiamente nas disciplinas universitárias. E há  uma terceira questão subentendida: como é possível que a etnologia não tenha nascido no século XVIII quando as aparentemente as condições ali estavam reunidas¿ Qual era então o obstáculo que impedia o aparecimento da antropologia¿

Apenas pertencem ao território da etnologia os fenômenos de começo, e não os fenômenos muito evoluídos e a define como estudar o homem semicivilizado e as populações rurais da Europa. Primitivo como o primeiro homem. Só há uma humanidade como unidade natural. Buffon escreve que, ouve uma espécie de homens que sofreu diferentes mudanças por influência do clima, pela diferença da alimentação, da maneira de viver. Das doenças endêmicas e também pela mistura dos indivíduos. As duas ideias, a de um estado primitivo do homem e da história natural da espécie, são correlatas e implicam uma terceira:  que este estado primitivo é um estado da natureza. Do estado da natureza a primeira variedade é a cor, a segunda a forma e o tamanho, e a terceira é do natural de diferentes povos  Dos traços físicos passamos aos morais . O negro para Buffon era tido como de pouco espírito, porém possuíam todas as virtudes. Se há diversidade é porque as condições não são as mesmas “todos os povos que vivem miseravelmente são feios”. Assim, no pensamento do homem do século XVIII todos os caracteres nos quais os homens se diferenciam estão estreitamente ligados: à feiura física se conjuga com a negritude moral, a estupidez, as crenças absurdas, os costumes cruéis etc.. e inversamente para as qualidades positivas. Modos de pensar de Locke e de Condillac: ideias que provem de sensações. Essas causas, (diversidade) quase sempre são exteriores, e a mais frequente é o clima.  Da geografia para a história, da sociedade para o individuo (causas exteriores).  Bárbaros e selvagens deixam neste momento de serem estrangeiros como eram no séc. XVI para tornarem-se semelhantes. O século XVIII derruba a ideia que outros são selvagens  como não menos humanos que nós, abolindo tudo que os diferencia. Lafitau, não há nenhuma tão bárbara que não tenha uma religião e que não tenha costumes. Dos costumes nada se pode concluir se não comparando com os demais povos da antiguidade (comparatismo). Entretanto o que acontece com a etnografia e a teoria e o os selvagens e os antigos é que são paralelos mas nunca se encontram. Enquanto não é possível comparar os selvagens a eles mesmos, antes que os gregos ou aos egípcios, a antropologia nada pode dizer deles. Dizia Van Gennep sobre etnografia teórica: é propositalmente que conservamos a sua expressão, por ela permitir distinguir suas obras da antiga etnografia e da etnologia futura, e por nela se encontrarem, mas totalmente desconexas, etnografia e teoria. O melhor exemplo dessa disjunção entre etnografia e discurso teórico encontramos na obra de La Hontan. Na sua obra discute-se o direito natural, cujo fundamento é o respeito da liberdade dos indivíduos (Diderot: nenhum homem recebeu da natureza o direito de comandar os outros). A liberdade é um presente do céu e cada individuo da mesma espécie tem o direito de gozá-lo tão logo goze da Razão). Ser livre é não encontrar nenhum obstáculo à nossa tendência para a felicidade d´Holbach. Cuida-se portanto de definir qual é o estado da natureza,  que é o, pode ser aplicado também a uma realidade, os selvagens, que não carecem de explicação mais ampla (a natureza explica-se por si só). Etnologia: objeto, os selvagens, método comparatista, observação e investigação de campo. Determinou-se qual modelo deve explicar os fatos: a história. Aí reside o erro , pois tal modelo não pode ser aplicado ao primitivos por não terem por definição, história. A ciência do século XVIII não explica os selvagens por tê-los feitos primitivos. Não é suficiente comparar os costumes dos selvagens aos dos antigos. A comparação tem a vantagem de generalizar entre os primitivos e os gregos ou os egípcios há uma ruptura, um vazio na história que nenhuma sociedade pode preencher, pois vai da história do homem para a história de uma civilização.

Resenha Bárbaros, Selvagens, Primitivos

Bárbaros: Três palavras descrevem as populações na antropologia: bárbaros, selvagens e primitivos. Os gregos foram os primeiros a adotar a descrição bárbaro para seu inimigo comum. O conceito de Gregos e Bárbaros estava intrinsicamente conectado. Os atenienses eram os gregos ideais, e os persas eram os protótipos dos persas. Os gregos viviam num estado democrático, os bárbaros não, viviam governado por um rei absoluto e tirano. Os reinos bárbaros eram tirânicos porque os povos são, por natureza, escravos. Os escravos em Atenas eram invariavelmente estrangeiros, e portanto, bárbaros. Na lógica de Aristóteles, como bárbaros, era de sua natureza que fossem escravos. A imagem do bárbaro destituído de valores cívicos e independência representava também para o ateniense balbuciando em línguas estranhas, vestidos com peles, comiam carne crua, carregavam arcos, os guerreiros se comportavam como mulheres etc... Estigmas que sustentavam através do preconceito a diferença entre gregos, donos do poder e os bárbaros, inferiores e escravos. Não poderia haver bárbaros antes que houvesse gregos. Eles nos definem a medida em que os definimos. Michel de Montigne em 1578 disse: não há nada de bárbaro e selvagem naquela nação (Brasil), pelo que me disseram, exceto que cada homem chama de bárbaro tudo o que não é sua própria prática. O Estado é uma criação da natureza e o homem, por natureza, é um animal político.

Selvagens: a partir do século XV surge o selvagem, meio homem, meio animal. Neste capítulo o autor faz uma análise da peça A Tempestade de W. Shakespeare, destacando os personagens escravizados pela sua condição de meio homem, meio animal, Caliban (nome que vemde canibal) e Ariel, misto de homem com o ar. No século XVII os filosofs se inspiraram na obra de Cícero e imaginaram uma alternativa à narrativa bíblica das origens humanas, que explicaria porque homens livres deviam sacrificar sua liberdade para seguir um rei. Um plano humano, um contrato social original tomou o lugar de um pacto divino. Lafitau comparou os índios do Brasil com as crenças e costumes de povos separados deles por muitos séculos. Na segunda metade do XVIII, a cosmologia medieval da Grande Cadeia do Ser ganhou impulso, historicidade. Houvera um avanço de um estado original de selvageria para a condição humana mais elevada, que agora era nomeada como civilização. Civilização e progresso tornaram-se a palavra corrente e tendo o sentido de moderno, sendo a antítese da palavra selvagem. A selvageria representava a condição original da humanidade. Em 1750 Turgot publicou um documento que enfatizava o fator econômico e o desenvolvimento dos direitos de propriedade.   Traçou um modelo de quatro estágios de progresso econômico e social, marcado pelo avanço da caça para, primeiro, o pastoreio e, em seguida, a agricultura; e daí para o comércio e o mercado e a divisão de trabalho. Rousseau esboçou algo similar em 1755: primeiro os sujeitos viviam entre os animais, com os quais competiam. Gradualmente desenvolveram ferramentas e domesticaram outras espécies, se associando um com o outro. Isto proporcionou a fundação de famílias e introduziu noção de propriedade. Comunidades se juntaram  e a linguagem foi inventada. Houve uma outra revolução com o desenvolvimento da metalurgia, da agricultura e da divisão do trabalho. Iniciaram-se as guerras e levou à ditadura dos mais fortes. Os iluministas escoceses se estruturou nos 4 estágios de  Turgot: caça, o pastoreio, a agricultura e o comércio. Este modelo se perpetuou por mais de um século. Mas Darwin de luz a uma nova concepção científica: o homem primitivo. Na segunda metade do século XIX, os cientistas começaram a falar do homem primitivo e sociedade primitiva. Populações primitivas eram selvagens, mas vistas como um ponto de partida  de todos os seres humanos. Eram nossos ancestrais vivos. A antropologia foi a nova ciência desta humanidade primitiva. Darwin ao citar outros pesquisadores disse fica profundamente impressionado com a estreita similaridade entre os homens de todas as raças em termos de gostos, disposições e hábitos. Mas se o homem primitivo era nosso ancestral comum, a ligação entre os macacos e os seres humanos modernos, então até nosso irmão Darwin não hesitaria e descrevê-lo um selvagem ou um bárbaro.  Bárbaros, selvagens, primitivos” - Kuper faz um resgate destas três concepções potentes perante o estudo clássico dos primitivos. Cada homem chamava de bárbaro o que não era de sua prática. Surgiram diferenças entre homens que seguiam cultos supersticiosos e àqueles norteados pelos desígnios cristãos. A ausência de escrita distinguia os civilizados dos bárbaros que foram objetos de reflexão na Europa por quase dois milênios. Com o advento do Novo Mundo e a descoberta do

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