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A Sociologia Teoria Antropológica

Por:   •  9/5/2022  •  Artigo  •  688 Palavras (3 Páginas)  •  64 Visualizações

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Universidade Federal de Pernambuco – UFPE

Disciplina: Teoria Antropológica II / Professor: Peter Schröder

Aluno: Davi Dionisio Carvalho Nunes / Ciências Sociais 2021.1

Resenha do texto “Moeda de Sal e circulação das mercadorias entre os Baruya da Nova Guiné” da obra “Antropologia”, de Maurice Godelier.

No texto moeda de sal, o autor Maurice Godelier se propõe a analisar as formas primitivas de moeda, mas especificamente as trocas da moeda de sal entre os Baruya, uma tribo de indígenas da Nova Guiné. A obra também se debruça sobre como acontece a produção do sal entre os Baruya, como o trabalho social é dividido e quais são as relações que existem dentro dessa comunidade. O artigo do antropólogo Maurice Godelier, faz a sua análise através de uma abordagem estrutural marxista.

De início, o autor aponta como funciona o regime alimentar dos indígenas da Nova Guiné, que é baseado principalmente no consumo de tubérculos, embora algumas poucas comunidades se alimentem de carne e peixes. Dessa forma, o sal é algo indispensável a se conseguir entre os indígenas da Nova Guiné, este mineral, é obtido através da água do mar e funciona como objeto de troca entre as tribos do interior. No entanto, adversidades como relevo, distancia e o estado de guerra impediram que o sal chegasse até as tribos do interior, o que fez com que algumas delas a produzissem o seu próprio sal através de plantas ou o extraíssem de fontes salgadas.

Godelier pontua que a produção do sal atingiu um alto grau de especialização, de modo que o processo de fabricação do sal se dá em duas fases que são separadas por um grande intervalo de tempo. A primeira é caracterizada pela fabricação do sal a partir das cinzas de uma planta (o Coix gigantea Koenig ex Rob) originária do Sudeste asiático. Na segunda etapa, acontece os processos de filtragem, evaporação e embalagem do sal. Tanto os homens quantos mulheres têm participação ativa na primeira fase, no entanto, a segunda etapa, onde acontece a fabricação do sal propriamente dita, o trabalho masculino é o único predominante.

O autor também faz uma análise das relações de troca entre os Baruya e como estas permeiam a sua vida social. A circulação do sal entre os Baurya se dá através de duas formas: a redistribuição e a troca comercial. Godelier pontua que para os Baruya o sal também pode ser utilizado como uma moeda, mesmo que na visão do povo indígena ele seja visto como uma mercadoria, funcionando como mediador de todas as trocas dos Baruya. Para o autor, nas relações de troca entre os Baruya e outros grupos há a presença de uma certa desigualdade, ou seja, ao analisar esses regimes de trocas, ele observa uma troca desigual do trabalho, mas que mesmo com essa desigualdade as relações de trocas continuam fluindo. É através disso que o autor percebe que o valor de troca entre esses grupos, assume uma nova perspectiva, distinta da que está presente no marxismo clássico, em que o valor de troca está relacionado ao tempo de trabalho social necessário para a produção de determinado produto. Na tribo dos Baruya, a troca é baseada apenas na satisfação das necessidades coletivas do grupo.

Maurice Godelier descreve que embora exista uma desigualdade nas relações de troca dos Baruya, não existe a exploração do homem pelo homem. Dessa forma, o interesse das trocas dos Baruya é apenas a satisfação das necessidades sociais do grupo, já que há uma preocupação com todos os participantes da tribo. O que se percebe é que tanto para os Baruya, quanto para os outros grupos, a satisfação de suas necessidades é o objetivo principal das suas relações de trocas, mas do que os seus gastos com o trabalho. É através do Sal, que eles conseguem os recursos necessários para garantir a sua sobrevivência. É necessário lembrar também que para esse grupo, o sal se configura como uma dádiva e um material de redistribuição, dessa forma ele jamais poderia ser trocado ou consumido.

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