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A diferença entre natureza e cultura

Tese: A diferença entre natureza e cultura. Pesquise 860.000+ trabalhos acadêmicos

Por:   •  6/11/2014  •  Tese  •  707 Palavras (3 Páginas)  •  370 Visualizações

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A relação entre cultura e história é pensada pela primeira vez, de forma bastante crítica, por Hegel e, posteriormente, por Marx. Essa relação implica o reconhecimento da historicidade da existência humana, cujos valores decorrem de apreensões de caráter cultural que não decorrem da natureza das coisas, mas sim de valores atribuídos no intuito de compreender o mundo. Desse modo, a realidade humana está referida aos conceitos construídos culturalmente e esses conceitos se transformam à medida em que a história segue seu curso, pois, a cada nova mudança, a cada nova situação, o homem se vê obrigado a construir novos valores, a reinterpretar a realidade e a dar novos sentidos àquilo que o cerca, bem como a si mesmo.

A diferença entre natureza e cultura

Diferentemente do que pensamos, muitas situações que cremos ser naturais, em verdade, são fruto de condicionamentos culturais que se sedimentam através de gerações, criando na tradição o fio condutor de valores mundanos entendidos como verdades absolutas. Percebemos isso facilmente quando pensamos em situações como a suposta inferioridade da mulher, que foi construída durante séculos de dominação cultural da Igreja Católica, bem como a inferioridade de índios e negros, entendidos como primitivos e sem alma, inferiores em relação ao homem branco. Outros exemplos poderiam ser dados no sentido de retratar como determinadas situações, vistas como naturais, a bem da verdade não passam de construções humanas, que podem ser cambiadas a medida em que novas interpretações e situações são colocadas diante dos sujeitos.

Assim, a natureza refere-se ao campo onde as situações decorrem sem que haja uma interferência humana, por meio de leis próprias que regem ciclos e relações de causa e efeito (causalidade). Durante anos, o argumento de que existiam situações humanas decorrentes de impulsos naturais indeléveis permitiu o surgimento de uma concepção de humanidade dividida em raças (inferiores e superiores), estabelecendo-se uma escala evolutiva, na qual o europeu estava no topo, sendo que as demais etnias (vitimadas pelos arroubos colonialistas e imperialistas que culminaram em genocídio e escravidão), eram tidas como naturalmente inferiores, de comportamento mais próximo dos animais, irracionais.

Hoje, entendemos de forma diferente, apesar de o preconceito dessas teorias evolucionistas sobreviver de forma velada entre os indivíduos do corpo social. Foi necessária, assim, a compreensão de que existe um gênero humano referido a várias etnias, ou seja, homens que, apesar de iguais em sua condição humana, se diferenciam por fatores étnicos: idioma, religião, organização social, fenótipo, valores. Essas diferenças, anteriormente referidas a uma teoria evolucionista de viés eurocentrista, hoje são entendidas, pela antropologia, como elementos culturais, que não implicam maior ou menor grau de evolução, mas tão somente a diferença de percepção de mundo e de modo de vida.

A cultura, diferentemente da natureza, não obedece a uma rotina cíclica, de repetição: nascer, crescer, reproduzir, morrer. Ao contrário, a cultura é uma forma de estrutura de tempo linear dentro de um mundo (natural) regido por um tempo circular (cíclico): através dela, a história humana se desenrola, no fluxo de novas percepções e

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