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AS FACETAS DE JOSE MARTINS DE SOUZA

Por:   •  11/10/2018  •  Ensaio  •  1.600 Palavras (7 Páginas)  •  114 Visualizações

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1. AS FACETAS DE JOSE MARTINS DE SOUZA

        José de Souza Martins, nasceu em São Caetano do Sul em São Paulo em 1938. É Professor Emérito da Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas da Universidade de São Paulo, onde foi professor Titular do Departamento de Sociologia e docente de 1965 a 2003, além disso foi professor visitante da Universidade da Flórida e de Cambridge entre 1993 a 1994. Foi membro da Junta de Curadores do Fundo Voluntário das Nações Unidas contra a escravidão no mundo contemporâneo em Genebra de 1996 a 2007.

José de Souza Martins recebeu três Prêmios Jabuti (1993, 1994, 2009), o Prêmio Érico Vanucci Mendes (1993), do CNPq, pelo conjunto de sua obra, e o Prêmio Florestan Fernandes (2007), da Sociedade Brasileira de Sociologia.

A carreira acadêmica de Martins foi propiciada quando teve a oportunidade de ser auxiliar de pesquisa do professor Luiz Pereira, o qual o professor Florestan Fernandes convidara para ser seu assistente, e que havia sido transferido da Faculdade de Filosofia de Araraquara. Luiz Pereira, que era formado em Pedagogia e não em Ciências Sociais, fora  aluno de Sociologia da Educação e seu orientando no mestrado e no doutorado de Florestan.

Tanto Luiz Pereira como Florestan Fernandes iriam desenvolver um projeto de pesquisa sobre “A qualificação do operário na empresa industrial”, um estudo sobre a educação técnica direta e informal em nove indústrias dos ramos têxtil, mecânico e de marcenaria. Para José de Souza Martins (Martins) esse tema tinha a seu favor a experiência do trabalho em fábricas o qual ele já havia realizado antes da graduação sendo esse fato de grande contribuição para a pesquisa ao qual foi convidado a participar.

Além disso, Martins já havia trabalhado no Departamento de Pesquisa de Mercado de uma grande empresa e estava familiarizado com técnicas de pesquisa e trabalho de campo. Era, também, um autodidata, pois ainda na escola secundária, se dedicou à pesquisa histórica no Arquivo do Estado e no Arquivo Municipal de São Paulo, e escreveu um livro de história local. Martins, também sabia fazer buscas documentais e leitura paleográfica de documentos antigos, conhecia a literatura histórica, a linguagem de outras épocas e a caligrafia arcaica.

José de Souza Martins é um pesquisador que abrange várias áreas tais como Sociologia rural, Sociologia dos movimentos sociais, Sociologia visual e Sociologia da vida cotidiana, cujos elementos dão unidade a sua obra, pelos temas aparentemente diversos que requerem investigação da historicidade nas diferentes manifestações da vida social, isto é, a identificação das condições e fatores da mudança social e da transformação social nos diferentes âmbitos da realidade, mesmo na realidade mínima e cotidiana.

2. A IMPORTÃNCIA DAS IDÉIAS SOCIOLÓGICAS DE JOSÉ DE SOUZA MARTINS PARA A REALIDADE BRASILEIRA CONTEMPORÂNEA.

A metodologia das pesquisas e trabalhos de José de Souza Martins segue a linha da interrogação sobre a história e as cicatrizes positivas e negativas deixadas no cotidiano das sociedades principalmente a dos países emergentes que se repetem na conjuntura entre capitalismo e segregação do espaço geográfico na configuração territorial das cidades e do campo humanizadas pela lógica fabril e mercadológica de produção com a propensão do lucro acima do valor equitativo da população assim, Martins,

discute as contradições da modernidade no Brasil, não sem antes evidenciar a concepção de modernidade do autor. Para Martins, pensar a modernidade implica questionar se a idéia de progresso teria levado ao entendimento do processo histórico como um acelerado escalonamento, relegando ao passado e ao residual (e marginal) todo o universo de práticas e expressões culturais anteriores ou diferentes das idéias de civilização correspondentes às ideologias positivistas e suas lógicas. No imaginário moderno não sobrava espaço e nem tempo para a vida rural e seus costumes, pois a cidade se sobrepôs ao campo; a construção da concepção de civilização descartou as manifestações da cultura popular. Nesse contexto capitalista industrial em vias de se mundializar, a própria pobreza ficou “sem lugar” na sociedade moderna. Foi, então, renegada e depositada no residual urbano: nas periferias e nas favelas (MARTINS, 2008).

Nas obras do sociólogo José de Souza Martins ele ressalta que para compreender a imensa diversidade do mundo atual é complicado e que cada sujeito precisa se compreender como sujeitos dessa diversidade. Essa compreensão não depende apenas da leitura de jornal, do bate-papo de boteco e da leitura de livros, mas é preciso ter alteridade que ressocialize a nossa maneira de enxergar o que vemos e aquilo que está oculto é como ver “de fora” e “de longe”. Assim, Martins (2008) nos indica também que a sua opção metodológica e teórica é (a de “observar a sociedade a partir da margem” p. 119).

Dessa forma o sociólogo trabalha a questão do processo de transição do trabalho escravo para o trabalho livre ao avaliar o ritmo das formas de disseminação do capitalismo no Brasil, desde a crise do trabalho escravo até a abrangência do trabalho assalariado.

Um dos pontos que ele aborda e que reflete na atual conjuntura da população brasileira quanto à questão social são as construções positivistas republicanas que tentaram sempre “civilizar” a nova nação capitalista, tentando renegar o passado escravista. Por essa razão, a realidade complexa da escravidão, suas expressões sócio-culturais e sua memória foram colocadas à margem da sociedade que se buscava imaginar e edificar.

Em prol do progresso e do lucro capitalista a conjuntura política brasileira relegaram para a marginalidade a cultura popular e a pobreza juntamente com as memórias históricas do homem negro, indígena, colono, camponês que promove a base social e a classe trabalhadora do país. Desse modo, as tradições e os costumes populares, bem como as históricas questões sociais, persistiram, sempre incomodando os planos dos diversos Liberalismos.

Martins (2008) sobre as relações entre história e vida cotidiana afirma que “É no âmbito local que a história é vivida e é onde, pois, tem sentido para o sujeito da História” (p. 117). A história é vivida e decifrada no cotidiano, o qual intercala a edificação das grandes construções históricas.

Conforme a citação anterior e explicitada no livro “O Cativeiro da Terra” (1986) Martins aborda a influência do café após a crise de 1929 como fator para a formação da classe operária no Estado de São de Paulo que reconfigurou ainda mais o espaço urbano e o modo de vida da população.

É importante lembrar que o desenvolvimento da indústria de São Paulo impulsionado no período de 1870 a 1905, se deu aos poucos, com os fazendeiros se dedicando a vários negócios como comércio, bancos, ferrovias, indústrias, comércio imobiliário, entre outros.

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