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As religiões afro-brasileiras sob a ótica do discurso neopentecostal em goiás e o ensino destas nas escolas goianas, em especial as escolas particulares. aceitação ou discrimição

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Por:   •  15/11/2014  •  Monografia  •  1.683 Palavras (7 Páginas)  •  459 Visualizações

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AS RELIGIÕES AFRO-BRASILEIRAS SOB A ÓTICA DO DISCURSO NEOPENTECOSTAL EM GOIÁS E O ENSINO DESTAS NAS ESCOLAS GOIANAS, EM ESPECIAL AS ESCOLAS PARTICULARES. ACEITAÇÃO OU DISCRIMIÇÃO?

A presença do negro no Brasil se mistura e se confunde com a própria história deste pais, elemento essencial na formação do povo brasileiro segundo o antropólogo Darcy Ribeiro. O negro foi retirado da África e trazido para nosso pais aos milhares, usados nos engenhos coloniais e nas grandes fazendas de café, a escravidão se tornou durante vários séculos o sustentáculo da economia deste pais, que se apresentou predominantemente agrário. Concomitante a dura vida nas lavouras, dentro das senzalas nascia uma parte importante da nossa cultura, não falo só da feijoada, da capoeira, e nem da forte influência linguistica e musical. Refiro-me a uma religiosidade que vem aos poucos buscando seu espaço em nossa sociedade.

Porém mesmo após a abolição, e com a riqueza cultural que produziu e vem produzindo, a cultura afro-brasileira ao longo dos séculos tem tido um papel secundário dentro de nossa sociedade, principalmente no que toca as manifestações religiosas de matriz africana, que por várias vezes já em pleno século XXI leva os seguidores desta a encarar preconceito e a ignorância de uma parcela significativa da nossa sociedade que por não entenderem as mesmas, as rotulam de “demoníacas” e este rótulo ganha força nos cultos protestantes pelo Brasil a fora o que leva muito dos seguidores de tais religiões a omitirem seu crédulo. O sociólogo Reginaldo Prandi afirma em artigo publicado na revista Estudos Avançados, que:

“chama a atenção para o fato de que o segmento das religiões afro-brasileiras (candomblé, umbanda e outras denominações) está em franco declínio em comparação com outras religiões. Segundo o Censo de 2000, apenas 0,3% dos brasileiros declararam-se pertencentes a uma das religiões afro-brasileiras, o que corresponde a pouco mais de 470 mil seguidores. Em 1980, os adeptos do candomblé e da umbanda correspondiam a 0,6% da população brasileira, e em 1991, a 0,4%.” (site Iphan –dossiê – religiões em constante ameaça).

A constituição brasileira de 1988 em seu artigo 5 inciso VI afirma que:” é inviolável a liberdade de consciência e de crença, sendo assegurado o livre exercício dos cultos religiosos e garantida, na forma da lei, a proteção aos locais de culto e a suas liturgias.” Porém é notório e público nos depararmos em vários cultos neopentecostais com pastores em discursos inflamados descriminando as religiões afro-brasileiras, estereotipando todos os seguidores de” macumbeiros”. Acreditando na tese de que a questão econômica sempre foi um catalisador do preconceito, seja ele explícito ou velado. Fica evidente que um dos fatores para tal preconceito esta no fato as religiões de matriz africana possuem uma grande parcela de negros e brancos pobres que as proferem. Isto suscita alguns questionamentos. As perguntas que se faz são as seguintes: Em Goiás como aceitamos a cultura negra e as religiões afro-brasileiras? O discurso protestante e a clara negativa as religiões de origem africana poderá criar no Brasil um apartheid religioso?

O presente trabalho tem por objetivo discutir a aceitação ou não das religiões de origem africana dentro atual sociedade brasileira e em especial a sociedade goiana, e até que ponto o discurso dos ditos “evangélicos” pode conduzir a um endurecimento do preconceito e a uma perseguição dos que professam tais crenças. Tendo como ponto de partida os seguintes materiais teóricos: a dissertação de doutorado de Paulo Eduardo Angelin: As religiões afro-brasileiras no mercado religioso e os ataques das igrejas neopentecostais, e a dissertação de mestrado de Clarissa Adjuto Ulhoa: O Candomblé na cidade de Goiânia. Este trabalho procura ressaltar como nós goianos no posicionamos diante das religiões afro-brasileiras e porque muitos seguidores das mesmas se sentem constrangidos em professar publicamente seus credos. Vale ressaltar a lei 10.639/03 que determina o estudo da cultura afro nos livros didáticos de história, mais que ainda são temas abordados de forma superficial dentro das escolas por sofrerem uma forte resistência por parte das escolas goianas em especial das escolas particulares, outra questão relevante dentro da temática do presente trabalho esta na elaboração de uma pesquisa junto as escolas de linha pentecostal, abordando como as mesmas trabalham a cultura afro-brasileira e as religiões de matriz africana no cotidiano da sala de aula.

As religiões chamadas afro-brasileiras surgiram durante o processo de colonização do Brasil, com a chegada dos escravos africanos, os cultos afro-brasileiros vêm da prática religiosa das tribos africanas. Por isso, cada uma tem a sua forma peculiar de chamar o nome de Deus, promover seus cultos, estruturar sua organização, celebrar seus rituais, contar sua história e expressar as suas concepções através dos símbolos. E estes discursos que nascem nas igrejas evangélicas são duplamente perigosos, primeiro contribuiu na consolidação do preconceito e segundo porque inibe muitos de assumirem publicamente que professam tais credos. Exemplo claro é o que foi noticiado no site do jornal da Band de 11/09/13 no qual trazia a seguinte manchete:” Traficantes que se dizem evangélicos expulsam fiéis de religiões africanas morros no Rio de Janeiro.” No ano de 2003 após a exposição de Orixás, que havia circulado grande parte do Brasil chegar em Goiânia, centenas de evangélicos protestaram quanto a permanência destas em nossa cidade.

Há de se ater, porém para o fato de que uma parcela significativa dos seguidores das religiões afro-brasileiras possuírem uma renda baixa e de muitos viverem na pobreza, o que reforça o olhar preconceituoso da sociedade. Segundo Roberta Fragoso:

“Destaca-se, deste modo, a relação entre o status econômico, intelectual e cultural do indivíduo e a forma pela qual a sociedade o classifica em termos raciais. Certamente a resposta não é matemática, mas alguns exemplos, historicamente situados, já podem nos ajudar a compreender a dimensão do problema. Neste sentido, corrobora-se o pensamento de Caio Prado Júnior, quando afirmou: “A classificação étnica do indivíduo se faz no Brasil muito mais pela sua posição social; e a raça, pelo menos nas classes superiores, é mais função daquela posição do que dos caracteres somáticos”. (A participação do negro no Brasil - Roberta Fragoso 31/08/12).

Em Goiás o crescimento do número de evangélicos tem se constatado anualmente, segundo o censo do IBGE de 2010 naquele ano este número chegava já a 28,08% se comparado com o senso de 2000, houve um aumento de 8,11% o que colocou o estado em 9º lugar no pais em quantidade de evangélicos. Na contramão deste crescimento o mesmo senso aponta que no pais todo os que se diziam seguidores das religiões afro-brasileiras era de apenas: 0,3% em Goiás estes números ainda carecem de uma pesquisa mais aprofundada.

JUSTIFICATIVA

A intolerância religiosa esta presente no cotidiano de várias sociedades uma boa parte desta esta nasce na forma de como se é ensinado a enxergar o outro. O Brasil sob esta ótica sempre foi visto como um oásis, passamos para o mundo a imagem de um pais tolerante onde todos podem professar seu crédulo religioso em paz e harmonia. Contudo as religiões afro-brasileiras, com o aumento do número do número de neopentecostais no Brasil passaram a sofre um “boullyng” religioso, é notório que existe uma rotulação pejorativa aos praticantes destas religiões. A escolha deste tema se torna relevante, para entendimento de tal questão, a fim de se poder aprofundar o debate ao ponto de que soluções transpassem os meios acadêmicos e cheguem às escolas e que possamos realmente promover um estudo imparcial e relativizado de todas as religiões e que de fato o respeito à diversidade cultural se torne o baluarte de um povo pacífico e ordeiro, e que possamos evitar que o ódio e a intolerância religiosa tão presentes em determinadas partes do mundo seja através da educação algo repudiado e jamais praticado por nos brasileiros e principalmente nos goianos.

METODOLOGIA

O presente trabalho terá como principais materiais de apoio teóricos: a dissertação de doutorado de Paulo Eduardo Angelin: As religiões afro-brasileiras no mercado religioso e os ataques das igrejas neopentecostais, e a dissertação de mestrado de Clarissa Adjuto Ulhoa: O Candomblé na cidade de Goiânia.

Outra fonte importante na produção deste trabalho será uma pesquisa de campo junto as escola públicas e particulares de Goiânia e região metropolitana buscando dados juntos a professores, pais e alunos no sentido de ter uma fonte clara de como esta sendo tratado ensino da cultura afro-brasileira e principalmente de como esta sendo abordada a temática religiosa.

CRONOGRAMA

A graduação em mestrado possui uma duração de 24 meses, eu pretendo dividir este tempo da seguinte forma:

1º ) Nos doze primeiros meses serão dedicados para a conclusão dos 16 créditos obrigatórios assim como os 8 optativos. Neste período também iniciarei minha pesquisa de campo em escolas da rede pública e privada de Goiânia e região metropolitana.

2º) Os segundos doze meses serão dedicados a conclusão de minha pesquisa e a escrever e defender minha tese, completando assim o iten 1.2 do presente edital.

BIBLIOGRAFIA

AMARAL, Rita de Cássia; SILVA, Vagner Gonçalves da. “A cor do axé: Brancos e negros no candomblé

de São Paulo”. In: Estudos Afro-Asiáticos, no. 25, CEAA, pp. 99-124, Rio de Janeiro, 1993.

ARAÚJO, Joel Zito. A Negação do Brasil. O Negro na Telenovela Brasileira. São Paulo, Senac, 2000.

BASTIDE, Roger; FERNANDES, Florestan. Brancos e Negros em São Paulo. 4ª ed. São Paulo, Global, 2008.

CARRER, Léo. Umbanda em Goiânia: das origens ao movimento federativo (1948-2003). 2009.

FERNANDES, Florestan. A Integração do Negro à Sociedade de Classes. São Paulo, FFLCH-USP, 1964.

FONSECA, Dagoberto J. A Piada: Discurso Sutil da Exclusão. Um Estudo Risível no "Racismo à Brasileira". Mestrado em Ciências Sociais, PUC, 1994.

GOFFMAN, E. Estigma: Notas sobre a Manipulação da Identidade Deteriorada. Rio de Janeiro, Zahar, 1975.

WEBER, Max: A ética protestante e espírito do capitalismo. Companhia das letras. São Paulo, 2013.

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