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CONSIDERAÇÕES FINAIS

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Por:   •  19/4/2014  •  Resenha  •  9.602 Palavras (39 Páginas)  •  298 Visualizações

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

O breve exame da proteção social para idosos na Política de Assistência Social em

Salvador revela uma tendência clara: os programas previstos nas políticas não estão se

realizando, sobretudo aqueles que, na área da saúde e assistência, preconizam a atenção

domiciliar e o cuidado com os idosos mais fragilizados.

A tônica, também na cidade de Salvador, é a mesma registrada nas discussões

teóricas: a mobilização da família e dos laços comunitários, ação entendida como

preventiva de agravos no campo da saúde e assistência. Ficam sem cobertura pública,

nesse modelo, os idosos dependentes, que necessitam de cuidadores, bem como aqueles

que sofrem violência e que, raramente, frequentam centros de convivência ou procuram

serviços de saúde. Isso, sem contar os idosos sozinhos, mas que não se encontram em

situação de abrigamento. Todos esses são grupos de idosos que parecem invisíveis para

as políticas. A atenção é pensada para idosos que tenham suas famílias, seus cuidadores

e que estão em boa condição de saúde para frequentarem grupos de lazer e sociabilidade.

Contudo, o que o estudo pretendeu mostrar é que as políticas reproduzem alguns

estereótipos sobre a família e os idosos, naturalizando sobretudo o papel da família

protetora e do idoso como um sujeito que apenas observa os processos de mudanças,

mas não é sujeito neles. Ou seja, as políticas parecem não acompanhar os novos papéis e

necessidades dos idosos e de suas famílias. Por exemplo, as políticas sociais no Brasil

negligenciam a questão fundamental posta pelos cuidados com os dependentes que

ficam a cargo da família, sobretudo das mulheres e, tantas vezes, das mulheres velhas,

enfocando apenas nos gastos do Estado e sua necessidade de cortes.

Isso fica muito claro quando falamos de mulheres velhas que vivenciaram, em

suas trajetórias, importantes mudanças em seus papéis e condição, ao mesmo tempo em

que continuaram sendo alvo de discriminação e desigualdade de tratamento.

As idosas que frequentam os CSU's são aposentadas/pensionistas, beneficiárias da

Previdência e usuárias da Assistência. São idosas pobres. Sua situação mostra, em parte,

esses novos “lugares” da velhice feminina: elas são senhoras ativas, que procuram se

cuidar e manter uma vida socialmente rica, mas sem que isso signifique a vivência de

uma liberdade plena, ou controle de seu tempo e escolhas, inclusive quanto a seus

gastos. Isso, pois são mulheres que ainda têm responsabilidades familiares, o que faz

com que, muitas vezes, sua participação em grupos de convivência seja fruto de esforço

pessoal e, em alguns casos, tenha também algum impacto em sua vida material. Sobre

isso, algumas idosas relataram a importância da alimentação oferecida pelos Centros na

sua reprodução diária, bem como na de sua família.

A participação em centros de convivência em seus bairros é uma demanda desse

grupo social. Contudo, pudemos observar que essas aposentadas apresentam outras

demandas para a Política de Assistência, as quais poderiam ser atendidas se tal política

fosse efetivada. É claro que o trabalho nos CSU's cumpre papel importante no

“fortalecimento de vínculos”, mas, em poucas visitas, percebemos como uma série de

direitos das idosas são negligenciados, mesmo porque a realidade social dessas mulheres

não é claramente conhecida pela instituição.

Penso, contudo, que essa não é a análise conclusiva desse quadro. Apesar, é claro,

da discussão aqui proposta ter um cunho muito preliminar, carecendo de mais dados,

ela aponta para algo que é muito difícil trabalhar no contexto da política social,

sobretudo para as populações mais “vulneráveis”, identificadas, dentre outros grupos,

com os velhos e as mulheres. Nesse contexto de proteção social, existe uma lógica

bastante perversa de naturalização de papéis que reforça a subalternidade dos grupos

que deveriam ser emancipados e justifica uma política pobre para os mais pobres. Nesse

caso, o reforço ao papel da idosa ativa, mas também da mulher que provê a família de

cuidados e/ou financeiramente, contribui para o silêncio social sobre as múltiplas tarefas assumidas pela idosa e, até mesmo em função disso, suas ampliadas necessidades

sociais que, parece-nos, estão para além dos serviços que lhes são prestados.

tarefas assumidas pela idosa e, até mesmo em função disso, suas ampliadas necessidades

sociais que, parece-nos, estão para além dos serviços que lhes são prestados.

Estudo das políticas de proteção

as pessoas da terceira idade no Brasil

Márcia Batista Gil Nunes, Cileia do Nascimento Silva Ramos

Mauro & Maria Yvone Chaves

Adicionado ao site em 07.07.2003

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