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Contexto De Formação Da Sociologia

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Por:   •  14/11/2013  •  1.782 Palavras (8 Páginas)  •  337 Visualizações

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Contexto histórico do surgimento da Sociologia

O século XIX foi marcado pela Revolução Industrial e pelo Neocolonialismo, cujas conseqüências se projetaram para os séculos XX e XXI.

No plano político e econômico o termo revolução é usado para expressar um movimento de transformação que, na visão dos seus protagonistas, traz transformações significativas, positivas e benéficas para a sociedade.

De fato, as revoluções trazem grandes transformações e com a revolução industrial não poderia ter sido diferente. Tais transformações já se fizeram presentes na transição do feudalismo para o capitalismo.

Já no século XV os cercamentos (enclosures) transformaram o uso da terra. Tanto os campos abertos (open fields) quanto as terras comunais, antes utilizados pelos senhores feudais e depois pelos pobres para plantio, extração de madeira, pasto e criação de animais, foram açambarcados pelos cercamentos.

Através dos cercamentos, os proprietários reuniam lotes de campos abertos ou de terras comunais em unidades compactas, separadas por cercas vivas ou estacas, surgindo assim a exploração capitalista da terra. As terras cercadas foram transformadas em pastos de ovelhas, que passaram a atender à demanda da manufatura têxtil. Os camponeses foram expulsos das suas terras, formando um grande número de desempregados que nada possuía de seu além da força de trabalho.

Os cercamentos, autorizados pelo Parlamento desde 1760, permitiram que um número cada vez maior de pessoas deixasse os campos em busca das manufaturas nas cidades, como forma de sobreviver e em busca de melhores condições de vida. Deu-se assim um grande êxodo rural e um inchamento das cidades. Tal fato torna-se visível ao analisarmos os dados dos censos demográficos da época:

• Em 1801 a Inglaterra possuía apenas 15 cidades com mais de 20.000 habitantes. Esse número praticamente dobrou em 1851, passando para 28 o número de cidades com população superior a 20.000, e em 1891 esse número cresceu para 63.

• Cidades como Manchester, Sheffield, Birmingham e Leeds tiveram taxa de crescimento populacional superior a 40% entre 1820 e 1830.

• Oxford cresceu de 12.000 habitantes em 1801 para 28.000 em 1851.

• York, grande centro ferroviário, cresceu de 17.000 habitantes em 1801 para 36.000 em 1851.

• Em Westminster, segundo o Journal of Statistical Society de 1840, moravam 5366 famílias de operários em 5294 habitações, num total de 26.830 indivíduos, dispondo ¾ dessas famílias de somente uma peça para viver.

O inchamento das cidades transformou o cenário urbano e, como vimos anteriormente, pobreza e riqueza passaram a conviver lado a lado.

Londres e outros centros urbanos da Europa cresceram em função da indústria. Paris, por exemplo, na metade do século XIX, era formada por uma multidão de trabalhadores que desde a madrugada circulava pela cidade esfregando os olhos e empurrando suas ferramentas. À noite saíam as prostitutas, os jogadores, os ladrões e todas as pessoas de passos abafados que fervilham pelos becos e ruas de Paris.

Como conseqüência dessa alteração urbana, a literatura registrou grandes crimes, como Os crimes da rua Morgue, de Edgar Alan Poe, ou os famosos casos do detetive Sherlock Holmes, de Conan Doyle. Também nessa época surgem nomes como o de Jack, o estripador, e casos que se tornaram lendários, como o do barbeiro de Londres. A criminalidade estava diretamente ligada ao aumento populacional, à pobreza, à busca de vida melhor, à cobrança do direito de cidadania, enfim, a diversos fatores combinados.

O desenvolvimento industrial se fez acompanhar pelo desenvolvimento científico, que por sua vez impulsionou ainda mais a indústria em função de descobertas e invenções. Nos centros urbanos europeus respirava-se desenvolvimento e acreditava-se que a tecnologia e a máquina resolveriam todos os problemas do homem. A indústria cresceu e com esse crescimento vieram as crises de produção porque a superprodução não era acompanhada pelo consumo. A solução para a crise de consumo foi encontrada no neocolonialismo, ou imperialismo do século XIX.

Diferente do colonialismo dos séculos XV e XVI, o neocolonialismo representou nova etapa do capitalismo, do momento em que as nações européias saíram em busca de matérias-primas para sustentar as indústrias, de mercados consumidores para os produtos europeus e de mão-de-obra barata. Esse colonialismo se direcionou para a África e a Ásia, que foi partilhada entre as nações européias. A América escapou desse colonialismo porque se tornara independente pouco antes. Porém, se não foi dominada politicamente pela Europa e pelos EUA, o foi economicamente, pois dependia dos banqueiros e do capital industrial europeu. Naquela época, por exemplo, grupos franceses e ingleses iniciaram a exploração da borracha na região amazônica porque era mais barato produzir aqui e exportar para a Europa e para os EUA: afinal, aqui se encontrava a matéria-prima, a mão-de-obra barata e o favorecimento governamental.

O movimento colonialista foi justificado pelos monopolistas e capitalistas europeus. Em 1895, o jornalista Stead, amigo de Cecil Rhodes, conta-nos o que este lhe dizia sobre as concepções imperialistas:

“Ontem estive em East-End (bairro operário de Londres) e assisti a uma reunião de desempregados. Ouvi discursos inflamados. Tudo se resumia num grito: ‘Pão! Pão!’. Ao reentrar em casa e revivendo toda a cena senti-me, mais do que dantes, convencido da importância do imperialismo... A idéia que mais me acode ao espírito é a solução do problema social, a saber: ‘nós, os colonizadores, devemos, para salvar os quarenta milhões de habitantes do Reino Unido de uma mortífera guerra civil, conquistar novas terras a fim de aí instalarmos o excedente da nossa população, de aí encontrarmos novos mercados para os produtos das nossas fábricas e das nossas minas. Se quereis evitar a guerra civil, é necessário que vos torneis imperialistas.”

Escondendo os interesses econômicos das nações européias ou, se preferirmos, como justificativa humanitária para o colonialismo, estava a missão civilizadora do homem branco, através da qual ele deveria levar a civilização aos povos não civilizados. Sobre isso, Rudyard Kipling, o poeta inglês do colonialismo, escreveu:

“Assumi o fardo do homem branco,

Enviai os melhores dos vossos filhos,

Condenai

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