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Educação E Diversidade Cultural

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Por:   •  3/6/2014  •  1.413 Palavras (6 Páginas)  •  430 Visualizações

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EDUCAÇÃO E DIVERSIDADE CULTURAL

Alfabetização de Jovens e Adultos

Valdomiro Ribeiro da Silva

Universidade do Oeste Paulista

A educação tem, a princípio, a finalidade, de promover mudanças desejáveis e relativamente permanentes nos indivíduos, e que estas venham a favorecer o desenvolvimento integral do homem e da sociedade. Portanto, se faz mister que a educação atinja a vida das pessoas e da coletividade em todos os âmbitos, visando à expansão dos horizontes pessoais, o desenvolvimento bio-psico-social do sujeito, além da observação das dimensões econômicas e o fortalecimento de uma visão mais participativa, crítica e reflexiva dos grupos nas decisões dos assuntos que lhes dizem respeito. A busca em compreender como as questões sociais, culturais e econômicas se encontram diretamente relacionadas com o fracasso ou com o sucesso escolar não teria se transformado em objeto de inúmeras pesquisas sociológicas e em argumentos primordiais no debate político se o nível educacional alcançado pelos sujeitos não fosse um dos principais determinantes do status social (FORQUIN, 1995).

No Brasil, o debate sobre as relações entre cultura popular e escola pública surge nos anos 50 e 60, a partir do método Paulo Freire e de outros movimentos de educação, aparecendo o que se denominou educação popular. Educação esta que valoriza, sobretudo a cultura que estaria, inicialmente, destinada ao povo, referindo-se nesta perspectiva à valorização desta cultura como meio de lutar contra a discriminação dos seus produtores e reforçar os grupos sociais que tem sua participação restrita na sociedade. Contudo, a sociologia contemporânea vê a separação entre cultura popular e erudita mais como efeito dos projetos políticos dos intelectuais de alguns países do que como uma realidade vivida pelas classes sociais subalternas, pois o que foi denominado como "popular" era por vezes conseqüência do contato com a cultura letrada de épocas passadas (DAVIS, 1990).

Assim como ocorre com o aspecto cultural, a sociologia vem ao longo dos anos abordando questões referentes à educação que nos demonstram a necessidade de compreendermos cada vez mais a importância da escola na formação do indivíduo, orientando-nos de modo a evitarmos repetir na escola os aspectos negativos da sociedade. Discutir a escola e a diversidade cultural significa compreendê-la na ótica da cultura, sob um olhar mais denso, que leva em conta a dimensão do dinamismo.

Quem são estes jovens? O que vão buscar na escola? O que significa para eles a instituição escolar? Qual o significado das experiências vivenciadas neste espaço?

A escola é vista como uma instituição única, com os mesmos objetivos, tendo como função garantir a todos o acesso ao conjunto de conhecimentos socialmente acumulados pela sociedade. Tais conhecimentos, porém, são reduzidos a produtos, resultados e conclusões, sem se levar em conta o valor determinante dos processos. Uma forma de compreender esses jovens que chegam à escola é analisá-los na ótica da diversidade cultural.

O que cada um deles é, ao chegar à escola, é fruto de um conjunto de experiências sociais vivenciadas nos mais diferentes espaços sociais. Assim, para compreendê-los, temos de levar em conta a dimensão da "experiência vivida", apreendendo o cotidiano como espaço e tempo significativos. Nesse sentido, a experiência é matéria prima a partir da qual os jovens articulam sua própria cultura. Em outras palavras, os alunos já chegam à escola com um acúmulo de experiências vividas em múltiplos espaços, através das quais podem elaborar uma cultura própria, uns "óculos" pelo qual vêm, sentem e atribuem sentido e significado ao mundo, à realidade onde se inserem. Nessa perspectiva, nenhum indivíduo nasce homem, mas constitui-se e se produz como tal, dentro do projeto de humanidade do seu grupo social, num processo contínuo de passagem da natureza para cultura, ou seja, cada indivíduo, ao nascer, vai sendo construído enquanto ser humano.

Uma leitura possível é apreendê-la como fruto de uma relação dinâmica entre as estruturas sociais e o cotidiano. Quando qualquer um daqueles jovens nasceu, inseriu-se numa sociedade que já tinha uma existência prévia, histórica, cuja estrutura não dependeu dele, portanto, não foi produzida por ele. São as macroestruturas que vão apontar, a principio, um leque mais ou menos definido de opções em relação a um destino social, seus padrões de comportamento, seu nível de acesso aos bens culturais, etc. Vai definir as experiências que cada um dos alunos teve e a que têm acesso. Assim, o gênero, a raça, o fato de serem filhos de trabalhadores desqualificados, grande parte deles com pouca escolaridade, entre outros aspectos, são dimensões que vão interferir na produção de cada um deles como sujeito social, independentemente da ação de cada um.

Ao mesmo tempo, porém, os indivíduos não são simplesmente moldados pelas condições estruturais. Existe um outro nível, o das interações dos indivíduos na vida social cotidiana, com suas próprias estruturas, com suas características próprias, onde eles dão um sentido próprio às condições que determinam sua vida. É o nível do grupo social, onde se identificam pelas formas próprias de vivenciar e interpretar as relações e contradições, entre si e com a sociedade, o que produz uma interpretação peculiar dos diferentes equipamentos simbólicos da sociedade, uma cultura própria. É onde os jovens percebem as relações em que estão imersos, se apropriam dos significados que se lhes oferecem e os reelaboram, sob a limitação das condições dadas, formando, assim, sua consciência individual e coletiva. (Enguita, 1990).

Nesse sentido, os alunos vivenciam experiências de novas relações na família, experimentam morar em diferentes bairros, num constante reinicio

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