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Ensaio abordando visões antropológicas de Émile Durkheim, Claude Lévi-Strauss, Edward Burndt Tylor e Franz Boas.

Por:   •  24/8/2017  •  Ensaio  •  1.607 Palavras (7 Páginas)  •  460 Visualizações

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Ensaio abordando visões antropológicas de Émile Durkheim, Claude Lévi-Strauss, Edward Burndt Tylor e Franz Boas.

Ao estudar a sociedade no século XIX e XX, diversos autores tiveram conclusões convergentes, divergentes e também teses que funcionaram como extensão de outras teorias já enunciadas. Conforme as mudanças sociais vão acontecendo e a existência da pluralidade etnográfica carimba a identidade social, o conhecimento antropológico se mostra indispensável no exercício de facilitar a convivência entre os povos de diferentes culturas. A antropologia possibilita ao observador social uma capacidade de respeito à diversidade cultural, além de despertar o interesse pela compreensão dos fatores que influenciam ou são influenciados por ações coletivas. Percebe-se, que não é possível viver sem se adequar ou preservar uma maneira de viver, isto é, não é possível existir sobrevivência sem haver respeito pelos “outros” povos de mentalidades diversas.

Para compreender que a humanidade subsiste em diferentes patamares de pensamentos e maneiras de viver, diversos autores empenharam-se em discutir estruturas e conceitos presentes em diferentes corpos sociais. Pesquisadores etnográficos – de formação geralmente histórica, sociológica ou filosófica – buscaram entender e pautar possíveis explicações para a diversidade nas formas de vida. Émile Durkheim com o racionalismo antropológico, Claude Lévi-Strauss tratando da natureza e cultura fazendo menção à teoria estruturalista, Edward Burndt Tylor defendendo a insuficiência do conceito de cultura e Franz Boas abordando a compreensão da pluralidade das condições de vida e o relativismo cultural – o trabalho desses autores serão levantados ao longo deste texto para uma melhor compreensão das abordagens antropológicas enunciadas por eles, fruto de suas respectivas visões, pesquisas e compreensões sociais.

Um dos pioneiros da Sociologia, Émile Durkheim – em seu livro “Sociedade como fonte de pensamento lógico” – faz uma demonstração de classificações primitivas para exemplificar a divisão estrutural da sociedade entre povos primitivos. Pode-se fazer uma ligação das classificações que a própria sociedade faz ao longo da história, em diferentes populações. Para Durkheim uma sociedade não é constituída simplesmente pela massa de indivíduos que a compõem, pelo território que eles ocupam, pelas coisas que se servem, pelos movimentos que executam, mas, antes de tudo, pela ideia que ela faz de si mesma. E é isso que a antropologia busca entender, padrões de comportamentos e conjunto de práticas agregadas ao indivíduo, em outras palavras, os ideais coletivos absorvidos pelos indivíduos são reinterpretados e refletem as ações de personalidades individuais, isto é, o ideal pessoal deriva do ideal social. Levi-Strauss irá afirmar também que a evolução cultural e a evolução biológica são solidárias, ele irá demonstrar uma herança estruturalista de Durkheim, este queria simplesmente demonstrar a superioridade ontológica da sociedade sobre o indivíduo, e foi nesse ponto que organizou pressupostos estruturalistas. Através dessas discussões é possível perceber que as relações que unem as classes umas às outras são de origem social, não unem somente de forma exterior, mas constitui-se também um sentimento interiorizado, construído desde o nascimento do indivíduo.

Nessa concepção de sentimento interiorizado, o Lévi-Strauss, no século XX, irá tratar dos conceitos de inato e adquirido – título de um de seus textos – a ocorrência de alguns comportamentos e traços antigos, suas persistências e conformidades com traços recentes, que aglutinados compõem a diversidade que se observa hoje nos homens. Tal pluralidade seria fruto da evolução de patrimônios culturais que evoluem mais rapidamente do que os patrimônios genéticos, em outras palavras, isso quer dizer que existe de fato uma grande diferença da nossa cultura em relação a dos nossos antepassados, porém, ainda somos detentores de sua herança.  

Eduard B. Tylor considera dois princípios importantes: de um lado, a civilização age por ação uniforme em situações de causas uniformes; e de outro, os variados graus da sociedade podem ser enxergados como estágios de desenvolvimento e evolução, cada um com seus históricos particulares que servem de bagagem para modelar o prolongamento da história futura. Para Tylor existe uma dificuldade para a humanidade dar crédito à ideia de que a história da humanidade seja uma parte integrante e indissociável da história da natureza, na qual os pensamentos e desejos do homem fluem conforme as leis naturais. E ele defende que a cultura é uma expressão da vivência com o coletivo, que vai sendo adquirida de forma inconsciente e não depende de fatores hereditários biológicos. A vontade e conduta humana estariam sujeitas à uma lei reconhecida – a grande contribuição de Tylor, foi sua tentativa de conciliar a evolução da cultura e sua universalidade. Ao mesmo tempo era refutado por algumas pessoas por se tratar de limitar o homem à liberdade de escolha e colocar o indivíduo numa condição de máquina social.

Pode-se observar esse contexto de pensamento na primeira metade do século XIX com o advento da Revolução Industrial, iniciada no norte da Inglaterra, expandida para a Europa e para o mundo. Eduard B. Tylor, como um antropólogo britânico, conviveu com o período do fenômeno da urbanização e a vida das pessoas estava voltada para a produção industrial, que trata dessa maneira maquinaria de viver. Por esta ótica é possível perceber a origem do pensamento em algumas pessoas que repudia a existência de escolha social do ser humano, em outras palavras, esse indivíduo estaria inserido numa realidade que condiciona seu futuro dentro dessa sociedade. Tylor afirma que esse indivíduo que conseguiu discutir essa realidade já pode considerar-se como pensador filosófico.

Tylor defendia a existência de uma base funcional que contribuía para o desenvolvimento da sociedade e religião, que ele determinou ser universal. Inicia assim o seu método comparativo, pois ao verificar alguns estudos históricos que defendiam que os eventos aconteciam não só como uma sucessão, mas com uma conexão. Lévi-Strauss, no século XIX, afirma que não é aceitável fixar os povos de lugares diferentes numa hierarquia, esse pensamento pode ser uma extensão da visão de Tylor que escreve praticamente no século anterior sobre a indiferença de natureza entre primitivos e civilizados, mas no grau de avanço nos rumos da cultura. Percebe-se fragmentos do mesmo pensamento de Tylor nas teorias de Lévi-Strauss.

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