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Estamira - Análise de uma Loucura sob auspício Lacaniano

Por:   •  16/11/2016  •  Trabalho acadêmico  •  3.120 Palavras (13 Páginas)  •  838 Visualizações

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FACULDADE PITÁGORAS DE VENDA NOVA

ANÁLISE CRÍTICA DO DOCUMENTÁRIO: “ESTAMIRA”

Belo Horizonte - MG

2016

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CHRISTIANNE SILVA PEREIRA THOMES VIANA

ANÁLISE CRÍTICA DO DOCUMENTÁRIO: “ESTAMIRA”

Análise Crítica do filme “Estamira” para fins de avaliação da disciplina de Orientação Psicológica, do curso de Psicologia, da Faculdade Pitágoras de Venda Nova – Belo Horizonte - MG.

Belo Horizonte – MG

2016

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ANÁLISE CRÍTICA DO DOCUMENTÁRIO “ESTAMIRA”

“A psicologia nunca poderá dizer a verdade sobre a loucura

pois é a loucura que detém a verdade da psicologia”.

(Michel Foucault, 1970)

Christianne Silva Pereira Thomes Viana

6º Período de Psicologia Noturno

Professora/Orientadora: Ma. Patrícia Cassia Carvalho

Belo Horizonte – MG

2016

ANÁLISE CRÍTICA DO DOCUMENTÁRIO “ESTAMIRA”

  1. INTRODUÇÃO

O Documentário “Estamira” relata o dia-a-dia de uma senhora de 63 anos, que vive alternado entre sua residência e um aterro sanitário na cidade do o Rio de Janeiro  diagnosticada com Esquizofrenia.  O Filme tem sua narrativa (fala) como ponto norteador de todo o enredo, logo Estamira é a protagonista do inicio ao fim. Seu discurso revela sua relação com o mundo, com os outros e consigo mesma.

Este documentário revela com riqueza a vivencia de uma pessoa com Esquizofrenia em seu contexto e relação social, além de revelar o olhar preconceituoso que norteia os portadores de transtornos mentais. Com isso o telespectador pode perceber com lucidez naquilo que é tido como loucura e perceber como um ser humano tendo rompido com o padrão socialmente aceito, passa a ser reprimido, se não rejeitado e desvalorizado como humana dito “normal”.

Ao analisarmos a relação entre o documentário Estamira e o artigo “O Paciente com transtorno mental e a família” (Borba, etc al. USP-2011) se percebe o cuidado com o doente mental ou fica a par da família ou de uma instituição psiquiátrica. No entanto no caso da Estamira o cuidado ficou destinado a sua família, entretanto alguns de seus familiares, principalmente seu filho, não aceitavam sua condição e nem seus ideais. A única preocupação de alguns membros da família era alimenta-la e dar-lhe os medicamentos necessários, sendo que em grande parte ocorriam conflitos entre Estamira e seus entes familiares (principalmente com seu filho), devido os mesmos não aceitarem que ela não acreditasse em D’us[1], além de pensarem que o estado atual dela era devido a possessão demoníaca (como tratavam os lunáticos na idade média).

Assim como ocorreu e ainda ocorre com pessoas que são diagnosticadas, com distúrbios mentais, a sociedade isola o sujeito, o mesmo não pode manifestar suas ideologias no meio de pessoas ditas “lúcidas”, porém não é só a sociedade que isola, marginaliza o ser, mas também a própria família, não proporcionam os cuidados necessários para que o sujeito possa ir formando e/ou redescobrindo sua identidade.

  1. ANÁLISE DO DOCUMENTÁRIO EM SI – LEVANTAMENTO DE DEMANDAS

A Linguagem segundo Lacan (1900) a linguagem é fator  mediatizadora de todas as operações da consciência, é através dela que Estamira afirma o seu lugar no mundo, a sua existência: na forma como utiliza as palavras, como questiona as suas significações, inventando novas significações, no discurso que elabora a partir de seus conflitos com D’us e com os homens, na luta com o “Trocadilo” – modo como designa significativamente este ente com a qual se debate – assim como com os “espertos ao contrário” através dos quais aponta a falsidade dos homens no mundo. Ela diz: “não tem inocente, só esperto ao contrário”.(SIC)

Ainda em Lacan (1900) podemos analisar tais aspectos da fala de Estamira e percebemos que em termos de inconsciente, este passa a ser agente estruturador  de uma linguagem. Em Estamira é possível perceber esta relaçaõ. Para Lacan o inconsciente não se manifesta apenas no mundo onírico. O imaginário, que dará sentido, e o real é tido como o  “avesso do imaginário” - o não sentido, o sentido em branco, a própria ausência de sentido; como observado no discurso da fala de Estamira em todo o documentário. Por meio deste discurso fonal de Estamira entramos em contato não só com aquilo que a constitui como sujeito e com o lugar em que ela se posiciona no mundo e com o seu inconsciente, mas com nós mesmos. E nessa dissociação de Palavras temos encontro com a Psicose.

A partir do “delirium” que  Estamira, quando pronuncia enfaticamente seu nome  como “Esta-mira”, que ela se sustenta como sujeito que “não é comum”. Em seu delírio, diz: “A minha missão além de ser eu, a Esta-mira, é revelar... É a verdade, somente a verdade. Seja a mentira, seja capturar e mentira e tacar na cara, ou então... ensinar e mostrar o que eles não sabem, os inocentes. Não existem mais inocentes, não tem. Tem só esperto ao contrário....” (Estamira - SIC)

A história de vida de Estamira revela um conglomerado de traumas oriundo desde a mais tenra infância. A morte do pai é narrada por ela como fator preponderante de desestabilização emocional sofrida tanto por ela quanto pela mãe. A partir desta perda sua mãe sofreu surto psicótico de sua mãe. Ela expressa essa dor: “Eles levaram meu pai no 43. Aí meu pai nunca mais volto, entendeu? Meu pai chamava eu de tanto nomezinho... chamava de uns nome engraçado: merdinha, neném, filhinha do pai... Ai depois sabe o que eles falaram? Depois eles falaram que meu pai morreu. Ai então minha mãe ficou pra cima e pra  baixo comigo. Judiação! Coitada da minha mãe. Mais perturbada do que eu.” .[SIC]

         Ela ainda narra que após a morte do pai, outra figura masculina aparece em sua vida, o avô. O avô que violenta sexualmente sua mãe, e que irá violentá-la na infância: “O pai da minha mãe é da família Ribeiro. Tudo polícia, tudo general, tudo não sei o que... ele é estuprador! Ele estuprou a minha mãe. E fez coisa comigo. A minha depressão é imensa.” .[SIC]

         Continua sua narrativa de desastres emocionais ao narrar que certa vez, aos nove anos de idade, quando pensava em ir a uma festa e por não possuir sapatos,  o avô lhe sugere que ela se deite com ele para lhe comprar um par. A partir destas narrativas poderíamos sugerir a relação traumática de Estamira associada ao “nome do Pai” sob a ótica psicanalítica: um rompimento brusco do Édipo, que pode ser suposto, com a morte de seu pai, às violências sexuais que iniciaram com o seu avô e que estiveram presentes em diversos momentos de sua vida.: “Eu não gosto do pai da minha mãe por que ele me pegou com 12 anos e me trouxe pra Goiás Velho... e lá era um bordel”. .[SIC]

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