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Fichamento do Livro O que é contemporâneo e outros ensaios

Por:   •  4/7/2018  •  Trabalho acadêmico  •  3.909 Palavras (16 Páginas)  •  335 Visualizações

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES

DEPARTAMENTO DE CIÊNCIAS SOCIAIS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS

DISCIPLINA: TEORIAS CONTEMPORÂNEAS DA CULTURA

DOCENTE: PROF. HERMANO MACHADO FERREIRA LIMA

DISCENTE: CLÉCIO JAMILSON BEZERRA DOS SANTOS

Fichamento de:

AGAMBEN, Giorgio. O que é contemporâneo? e outros ensaios. Tradução Vinícius Nicastro Honesko. Chapecó, SC: Argos, 2009.

Apresentação

  1. “Cumprido com mais uma exigência de sua própria obra, Giorge Agamben aprofunda nestes ensaios, ora reunidos, a investigação sobre o problema do tempo. Já na Infância e história, seu terceiro livro lançado, de 1978, o filósofo italiano sublinhava que uma autêntica revolução não visa apenas a mudar o mundo, mas, antes, a mudar a experiência do tempo.” (p. 11, I)
  2. “Pelo contrário, longe de determinações cronológico-causais, a revolução que Agamben pretende pode ser entendida como a constante interrupção da cronologia por um tempo outro, que Walter Benjamin chamava, na esteira de Paulo, kairós, ou tempo messiânico. Ou seja, uma autêntica revolução é sempre uma revolução messiânica, uma revolução que [...] não é a entrada forçada pela porta de um novo e eterno mundo (o mundo pós-histórico), mas mantém as coisas exatamente como elas são, apenas um pouco fora do lugar.” (p. 11, II)
  3. “Em O que é um dispositivo?, por meio de um trabalho filológico revelador, Agamben sucintamente descreve todo o procedimento com o qual oikonomia – termo grego para gestão do oikos, da casa – passa a ser traduzido para o ríspido latim dos padres da alta Idade Média como dispositivo. A partir desse levantamento, Agamben propõe uma chave de leitura dp termo dispositivo em Michel Foucault.” (p. 12, I)
  4. “[...] Dispositivo passa a ser ‘qualquer coisa que tenha de algum modo a capacidade de capturar, orientar, determinar, interceptar, modelar, controlar e assegurar os gestos, as condutas, as opiniões e os discursos dos seres viventes.’(p. 40)” (p. 12, I)
  5. - O existente é divido em duas categorias: seres viventes e dispositivos.
  6. “[...] ‘Chamo sujeito o que resulta da relação e, por assim dizer, do corpo a corpo entre os viventes e os dispositivos’.” (p. 12, I)
  7. “[...] quanto menos subjetividades são formadas no corpo a corpo dos indivíduos com os dispositivos tanto mais dispositivos são criados como tentativa inelutável de sujeição dos indivíduos às diretrizes do poder.” (p. 13, I)
  8. “[...] Agamben propõe uma outra saída: a profanação dos dispositivos de um governo e a assunção de ingovernável como ponto de fuga e início de uma nova política.” (p. 14, I)
  9. “[...] Agamben propõe uma leitura que assinala de modo premente o estatuto ontológico e ao mesmo tempo político da amizade. [...] ‘Nessa sensação de existir insiste uma outra sensação, especificamente humana, que tem a forma de um com-sentir (synaisthanesthai) a existência do amigo. A amizade é a instância desse com-sentimento da existência do amigo no sentimento da existência própria. Mas isso significa que a amizade tem um estatuto ontológico e, ao mesmo tempo, político. A sensação do ser é, de fato, já sempre dividida e com-dividida, e a amizade nomeia essa condivisão.’(p. 88, 89)” (p. 15, I)
  10. “[...] ‘a amizade é a condivisão que precede toda divisão, porque aquilo que há para repartir é o próprio fato de existir, a própria vida. E é essa partilha sem objeto, esse com-sentir originário que constitui a política’(p. 89)” (p. 16, I)
  11. “Nesse sentido, uma comunidade humana na qual a política possa estar radicada nessa com-divisão da própria existência [... é] uma comunidade do ser tal qual é (quodlibet), cuja única divisão e partilha seja puramente existencial, isto é, uma comunidade em que a política seja a amizade.” (p. 16, II)
  12. “[...] Agamben trata de abrir o que vem justamente nas sombras do presente, no kairós inapreensível que nos é sempre contemporâneo.” (p. 17, II)
  13. “[...] Para o filósofo italiano, o contemporâneo que se pode entrever na temporalidade do presente é sempre retorno que não cessa de se repetir, portanto, nunca funda uma origem e, com isso, se aproxima da noção de poesia.” (p. 17, II)
  14. “[...] Para Agamben, a poesia é esse movimento do olhar para trás operado no poema e, portanto, um olhar para o não-vivido no que é vivido, tal como a vida do contemporâneo.” (p. 17, II)
  15. “[...] Agamben procura desativar a proposta metafísica que vê o sujeito como uma essência (de certo modo, essa também é a ideia da filosofia moderna, de Descartes até Husserl).” (p. 20, I)

O que é um dispositivo?

  1. “A hipótese que pretendo propor-lhes é que a palavra ‘dispositivo’ seja um termo técnico decisivo na estratégia do pensamento de Foucault.” (p. 27, II)

Definição aproximada de dispositivo com base em Foucault:

  1. “a. É um conjunto heterogêneo, linguístico e não-linguístico, que incui virtualmente qualquer coisa no mesmo título: discursos, instituições, edifícios, leis, medidas de polícia, proposições  filosóficas, etc. O dispositivo em si mesmo é a rede que se estabelece entre esses elementos. b. O dispositivo tem sempre uma função estratégica concreta e se inscreve sempre numa relação de poder. c. Como tal, resulta do cruzamento de relações de poder e de relações de saber.” (p. 29, I)

Genealogia do termo “dispositivo”:

- A arqueologia do saber (Michel Foucault): “positivité”;

- Raison et histoire: Les idées de positivité et de destin, cap. III de La philosophie de l’histoire de Hegel (Jean Hyppolite);

- Die positivität der christliche Religion (Hegel).

  1. “[...] Segundo Huppolite, ‘destino’ e ‘positividade’ são dois conceitos-chave do pensamento hegeliano.” (p. 30, I)
  2. “Hyppolite mostra como a oposição entre natureza e positividade corresponde, nesse capítulo [III], à dialética entre liberdade e coerção e entre razão e história.” (p. 31, I)
  3. “Se ‘positividade’ é o nome que, segundo Hyppolite, o jovem Hegel dá ao elemento histórico, com toda sua carga de regras, ritos e instituições impostas aos indivíduos por um poder externo, mas que se torna, por assim dizer, interiorizada nos sistemas das crenças e dos sentimentos, então Foucault, tomando emprestado este termo (que se tornará mais tarde ‘dispositivo’), toma posição em relação a um problema mais próprio: a relação entre os indivíduos como seres viventes e o elemento histórico, entendendo com este termo o conjunto das instituições, dos processos de subjetivação e das regras em que se concretizam as relações de poder.” (Grifo nosso, p. 32, I)

Dispositivo

  1. “[...] Os dispositivos são precisamente o que na estratégia foucaultiana toma o lugar dos universais: não simplesmente esta ou aquela medida de segurança, esta ou aquela tecnologia do poder, e nem mesmo uma maioria obtida por abstração: antes, como dizia na entrevista de 1977, ‘a rede (le réseau) que se estabelece entre estes elementos’.” (p. 33, I)

“Dispositivo” nos dicionários franceses:

  1. “[...] Certamente o termo, no uso comum como no foucaultiano, parece remeter a um conjunto de práticas e mecanismos (ao mesmo tempo linguísticos e não-linguísticos, jurídicos, técnicos e militares) que têm o objetivo de fazer frente a uma urgência e de obter uma efeito mais ou menos imediato.” (p. 35, V)

Genealogia teológica da economia

  1. “[...] Oikonomia significa em grego a administração do oikos, da casa, e, mais geralmente, gestão, management. Trata-se, como diz Aristóteles (Pol. 1255b 21), não de uma paradigma epistêmico, mas de uma práxis, de uma atividade prática que deve de quando em quando fazer frente a um problema e a uma situação particular.” (p. 35, I)
  2. “[...] O termo oikonomia foi assim se especializando para significar de modo particular a encarnação do Filho e a economia da redenção e da salvação [...]. Os teólogos se habituaram pouco a pouco a distinguir entre um ‘discurso – ou logos – da teologia’ e um ‘logos da economia’, e a oikonomia torna-se assim o dispositivo mediante o qual o dogma trinitário e a ideia de um governo divino providencial do mundo foram introduzidos na fé cristã.” (p. 36, I)
  3. “[...] Já em Clemente de Alexandria esta [oikonomia] se confunde com a noção de providência, e passa a significar o governo salvífico do mundo e da história dos homens.” (p. 37, II)
  4. “[...] O termo dispositivo nomeia aquilo em que e por meio do qual se realiza uma pura atividade de governo sem nenhum fundamento no ser. Por isso os dispositivos devem sempre implicar um processo de subjetivação, isto é, devem produzir sujeito.” (p. 38, I)

Princípio metodológico: elemento filosófico

  1. “Um dos princípios metodológicos que sigo constantemente em minhas pesquisas é o de individuar nos textos e nos contextos em que trabalho o que Feuerbach definia como o elemento filosófico, ou seja, o ponto de sua Entwicklungsfähigkeit (literalmente, capacidade de desenvolvimento).” (p. 39, I)

Divisão do existente: seres viventes x dispositivos

  1. “Generalizando posteriormente a já bastante ampla classe dos dispositivos foucaultiano, chamarei literalmente de dispositivos qualquer coisa que tenha de algum modo a capacidade de capturar, orientar, determinar, interpretar, modelar, controlar e assegurar os gestos, as condutas, as opiniões e os discursos dos seres viventes” (p. 40, III)
  2. “Recapitulando, temos assim duas grandes classes, os seres viventes (ou as substâncias) e os dispositivos. E, entre os dois, como terceiro, os sujeitos. Chamo sujeito o que resulta da relação e, por assim dizer, do corpo a corpo entre os viventes e os dispositivos. [...] Nesse sentido, por exemplo, um mesmo indivíduo, uma mesma substância, pode ser o lugar dos múltiplos processos de subjetivação [...]. Ao ilimitado crescimento dos dispositivos no nosso tempo corresponde uma igualmente disseminada proliferação de processos de subjetivação. Isso pode produzir a impressão de que a categoria da subjetividade no nosso tempo vacila e perde consistência, mas se trata, para ser preciso, não de um cancelamento ou de uma superação, mas de uma disseminação que leva ao extremo o aspecto de mascaramento que sempre acompanhou toda identidade pessoal” (p. 41, I)
  3. “Não seria provavelmente errado definir a fase extrema do desenvolvimento capitalista que estamos vivendo como uma gigantesca acumulação e proliferação de dispositivos.” (p. 42, I)
  4.  “De que modo, então, podemos fazer frente a esta situação, qual a estratégia que devemos seguir no nosso quotidiano corpo a corpo com os dispositivos? [Através da ‘profanação’.]” (p. 42, I)
  5. “Na raiz de todo dispositivo está, deste modo, um desejo demasiadamente humano de felicidade, e a captura e a subjetivação deste desejo, numa esfera separada, constituem a potência específica do dispositivo.” (p. 42, II)
  6. “Pode-se definir religião, nessa perspectiva, como aquilo que subtrai as coisas, lugares, animais e pessoas do uso comum e as transfere a uma esfera separada. Não só não há religião sem separação, mas toda separação contém ou conserva em si um núcleo genuinamente religioso. O dispositivo que realiza e regula a separação é o sacrifício [...]. A profanação é o contradispositivo que restitui ao uso comum aquilo que o sacrifício tinha separado e dividido” (p. 44, II)
  7. “[...] Isto é, o dispositivo é, antes de tudo, uma máquina que produz subjetivações e somente enquanto tal é também uma máquina de governo.” (p. 46, I)

O sujeito espectral

  1. “[...] o que acontece agora é que processos de subjetivação e processos de desubjetivação parecem tornar-se reciprocamente indiferentes e não dão lugar à recomposição de um novo sujeito, a não ser de forma larvar e, por assim dizer, espectral. Na não-verdade do sujeito não há mais de modo algum a sua verdade.” (p. 47, I)

O que é contemporâneo?

  1.  “A pergunta que gostaria de escrever no limiar deste seminário é: ‘De quem e do que somos contemporâneos? E, antes de tudo, o que significa ser contemporâneo?’ [...] O ‘tempo’ do nosso seminário é a contemporaneidade, e isso exige se contemporâneo dos textos dos autores que se examinam. Tanto o seu grau quanto o seu êxito serão medidos pela sua – pela nossa – capacidade de estar à altura dessa exigência.” (p. 55, I).

Contemporâneo – 1ª definição

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