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IDENTIDADE E DIFERENÇA: UMA INTRODUÇÃO TEÓRICA E CONCEITUAL

Por:   •  26/5/2020  •  Trabalho acadêmico  •  1.633 Palavras (7 Páginas)  •  511 Visualizações

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Texto 1: WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: uma introdução teórica e conceitual. SILVA, Tomaz Tadeu da; HALL, Stuart; WOODWARD, Kathryn. Identidade e diferença: a perspectiva dos estudos culturais. Petrópolis: Vozes, 2000.

SÍNTESE

O texto em discussão aborda essencialmente identidade e diferença, mas como discutir sobre esses conceitos sem antes defini-los? Nesse sentido se faz necessário responder primeiro ao questionamento: Como conceituar o termo IDENTIDADE?

A identidade pode ser entendida como o resultado provisório da junção entre a história da pessoa, seu contexto histórico e social e seus projetos. Ou seja, é uma metamorfose, isso porque está em constante transformação. A identidade tem caráter dinâmico e seu movimento pressupõe uma personagem. Personagem essa que é a vivência pessoal de um papel previamente padronizado pela cultura. As diferentes maneiras de se estruturar as personagens resultam diferentes modos de construção identitária (construção da identidade social perante as várias as identidades que assumimos na socialização, com diferentes grupos). Portanto, identidade é a articulação entre igualdade e diferença (FARIA & SOUZA, 2011 ).

O texto referência corrobora com essa ideia e até mesmo a complementa ao apresentar a identidade como o encontro do passado com as relações sociais, culturais e econômicas vivenciadas no agora. Para os autores a identidade é a soma das vidas cotidianas com as relações econômicas e políticas, ou seja, a identidade se forma a partir de tudo aquilo que o indivíduo vivencia, no âmbito social, econômico, político e todas as demais relações possíveis entre diferentes grupos.

Dessa forma, é possível pensar a identidade a partir dos laços que unem ou separam os grupos, onde é possível ter a sensação de pertencimento ou diferença, ou seja, é o processo de identificação. Portanto, a identidade descreve o processo pelo qual as pessoas se identificam umas com as outras, devido a ausência de uma consciência da diferença ou da separação ou percepção de supostas similaridades.

Nesses termos, a identidade pode ser vista tanto como tendo algum núcleo essencial que distingue um grupo de outro. Quanto, como contingente; isto é, como o produto de uma união de diferentes componentes, de discursos políticos e culturais e de histórias particulares.

Assim, é aceitável afirmar que as identidades são construídas quando relacionadas a outras identidades, ou seja, a identidade é formada relativamente ao “forasteiro” ou ao “outro”, isto é, relativamente ao que não é. Essa construção aparece, mais comumente, sob a forma de oposições binárias (oposições cristalinas - natureza/cultura, corpo/mente, paixão/razão). Ressalta-se, porém, que essas oposições binárias não expressam uma simples divisão do mundo em duas classes simétricas: normalmente em uma oposição binária, um dos termos é sempre privilegiado, recebendo um valor positivo, enquanto o outro recebe uma carga negativa.

Logo, a diferença pode ser construída negativamente - por meio da exclusão ou da marginalização daquelas pessoas que são definidas como “outros” ou “forasteiros”. Por outro lado, ela pode ser celebrada como fonte de diversidade, heterogeneidade e hibridismo, sendo vista como enriquecedora: é o caso dos movimentos sociais que buscam resgatar as identidades sexuais dos constrangimentos da norma e celebrar a diferença (afirmando, por exemplo, que “sou feliz em ser gay”).

Dessa forma é possível considerar que as identidades são fabricadas por meio da marcação da diferença. Essa marcação da diferença ocorre tanto por meio de sistemas simbólicos de representação de cada grupo quanto por meio de formas de exclusão social. A identidade, então, não é o oposto da diferença: a identidade depende da diferença.

Nesse momento surge outro questionamento: De que modo a identidade se relaciona à diferença? É possível dizer que a identidade é, na verdade, relacional, e a diferença é estabelecida por uma marcação simbólica relativamente a outras identidades (na afirmação das identidades nacionais, por exemplo, os sistemas representacionais que marcam a diferença podem incluir um uniforme, uma bandeira nacional ou mesmo os cigarros que são fumados). Ou seja, elas se relacionam a partir do momento uma depende da outra para existir.

Mas, porque a identidade se relaciona a diferença? Isso acontece pelo fato que a identidade brasileira, por exemplo, depende, para existir, de algo fora dela: a saber, de outra identidade (argentina, por exemplo), de uma identidade que ela não é, que difere da identidade brasileira, mas que, entretanto, fornece as condições para que ela exista. A identidade brasileira se distingue por aquilo que ela não é. Ser um brasileiro é ser um “não argentino”. A identidade é, assim, marcada pela diferença. Assim, é possível afirmar que a diferença é sustentada pela exclusão: se uma pessoa é brasileira, ela não pode ser argentina, e vice-versa.

Partindo desse pressuposto que a identidade é simplesmente aquilo que se é: “sou brasileiro”, “sou negro”, “sou heterossexual”, “sou jovem”, “sou homem”. A diferença em oposição à identidade, também é aquilo que o outro é: “ela é italiana”, “ela é branca”, “ela é homossexual”, “ela é velha”, “ela é mulher”. A identidade assim concebida se apresenta como uma positividade (“aquilo que sou”), uma característica independente, um “fato” autônomo. Nessa perspectiva, a identidade só tem como referência a si própria: ela é autocontida e autossuficiente. Na mesma linha de raciocínio, a diferença também é concebida como uma entidade independente. Apenas, neste caso, em oposição à identidade. Assim, da mesma forma que a identidade, a diferença é, nesta perspectiva, concebida como auto referenciada, como algo que remete a si própria. A diferença, tal como a identidade, simplesmente existe.

No entanto, se sabendo da forte relação entre identidade e diferença se faz necessário também pensar argumentos que salientem ou, melhor expliquem essa relação entre identidade e diferença. No entanto, ao que parece, é fácil compreender que identidade e diferença estão em uma relação de estreita dependência.

No entanto, a forma afirmativa como a identidade é expressada tende a esconder essa relação. Quando é dito “sou brasileiro” parece que está sendo feita referência a uma identidade que se esgota em si mesma. Entretanto, só é preciso fazer essa afirmação porque existem outros seres humanos que não são

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