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Marx e Weber em Perspectiva

Por:   •  3/6/2019  •  Resenha  •  1.975 Palavras (8 Páginas)  •  148 Visualizações

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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

TEORIA SOCIAL

Aluna: Valéria M. Toledo

1° AVALIAÇÃO

Tanto Marx quanto Weber, principais pensadores na formulação do pensamento social que viriam ser denominados pais fundadores da Sociologia juntamente com Durkheim, em sua trajetória, dispuseram-se a estudar não só o nascimento quanto o desenvolvimento e um possível fim do capitalismo, sistema econômico que havia surgido na Europa ocidental e que, em sua base, combina tanto a concentração dos meios de produção na mão de uma pequena parcela da população quanto o trabalho a ser realizado parte de uma massa de trabalhadores formalmente livres e que vendem os seus serviços no mercado. Dessa forma podemos observar que o trabalho dos autores se concentra em analisar tanto a singularidade histórica em que surge o modelo capitalista, quanto a implementação da racionalidade econômica e a separação entre os produtores dos meios de produção, elementos fundamentais na definição desse novo sistema econômico (Birnbaum, (1997).

Ainda, como aponta Birnbaum, (1997), ambos os autores confluem para pensar a característica antitradicionalista desse novo sistema econômico, que seria responsável por substituir os padrões de comportamento outrora imutáveis e que até então eram voltados para a realização de objetivos tradicionais fixos. Nesse contexto, em que a ação é pautada no cálculo racional de custos e benefícios para a obtenção de fins livremente escolhidos, novos valores sociais surgem e procuram maximizar a eficiência nos meios de produção, o que Weber destaca como sendo influência de um sistema racional de trabalho, onde o ganho ilimitado torna-se o objetivo final da produção.

Ambos os autores compreendem que esse novo sistema econômico, totalmente diferente do que o antecedeu, isto é, o feudalismo, representava o surgimento de um novo tipo de sociedade. Essa nova sociedade que emergia seria para eles reflexo do desenvolvimento histórico, compreendido de diferente forma por Marx e por Weber, o que desencadearia em uma grande produtividade cultural e material, gerando um ethos capitalista, descrita por Weber em A ética protestante e o espírito do capitalismo. Marx e Engels, em o Manifesto do Partido Comunista (2005), mencionam que a burguesia teria sido responsável por romper os laços tradicionais do sistema feudal, o chamado antitradicionalismo antes já mencionado. No entanto, junto com essa característica, propiciou-se de igual modo o surgimento da racionalização, mediante o predomínio do que Weber chama de “calculismo egoísta”, e desencantamento do mundo, relacionado à mágica religiosa e política.

Ambos os autores estão de acordo com as características citadas, no entanto eles se diferenciam na forma como concebem esses aspectos. Para Weber o capitalismo atua como estímulo para esses fenômenos, em que interagem de forma complexa com o capitalismo; enquanto que em Marx ele seria o eixo central deles e estariam relacionadas com as mudanças na estrutura econômica.

Para compreendermos melhor a teoria de Marx, é necessário partir do pressuposto de que, para o autor, como dirá Neto (2007),

a teoria será a reprodução ideal do movimento real do objeto pelo sujeito que pesquisa: isto é, pela teoria, o sujeito reproduz em seu pensamento a estrutura e a dinâmica do objeto que pesquisa. E será esta reprodução, que constitui propriamente o conhecimento teórico, tanto mais correta e verdadeira quanto mais fiel o sujeito for ao objeto.

Marx critica o método dialético, utilizado constantemente por  Hegel em suas teorias, que diz que o processo do pensamento seria o criador do real, e o real seria a manifestação do externo. Para Marx, ao contrário, o ideal não seria nada além do que o material transposto para a mente do ser humano, e por ela interpretado. Para Marx o seu objeto de pesquisa, isto é, a sociedade burguesa, tem existência própria e objetiva: não depende do sujeito ou do pesquisador para existir:

Ao contrário da filosofia alemã, que desce do céu para a terra , aqui é da terra que sob para o céu. Em outras palavras não partimos do que os  homens dizem, imaginam e representam, tão pouco do que eles são nas palavras, no pensamento, na  imaginação e  na representação dos outros, para depois se chegar aos homens de  carne e osso;  mas  partimos  dos  homens  em  sua atividade real , é a partir de seu processo de  vida real que representamos também  o desenvolvimento  dos reflexos  e  das  representações ideológicas desse processo vital.

        Tanto para Marx como para Engels a análise da história deve ser feita a partir de pressupostos materialista, e será a relação entre o ser e a consciência dos homens em sociedade que permitirá os autores avançarem na sua análise sobre a sociedade burguesa, muito bem trabalhada inicialmente em A ideologia alemã. Para ambos os autores a sociabilidade dos indivíduos resultaria do trabalho, que constituirá o modelo da práxis, e esse processo se dinamiza por contradições. Por isso, as relações sociais estariam intimamente ligadas às forças produtivas, e, consequentemente, adquirindo novas forças produtivas os homens transformam o seu modo de produção. Ao passo que ao transformá-lo (o modo de produção), transformam a forma de ganhar a sua vida, e assim persistem em transformar todas as relações sociais.    

Marx considera que a sociedade possui um conjunto de instituições econômica e um sistema de relações sociais que atribui papéis na produção, distribuição e utilização de bens. Portanto, os papéis no sistema econômico determinam os papéis no sistema de status, onde membros de determinadas classes possuem interesses, valores e estilos de vida comum. A posição de classe será o fator primordial que leva o indivíduo a defender uma série de interesses, nisto, e esses interesses determinam indiretamente a ação social dos sujeitos (Birnbaum, 1997).  

A posição do status adquirida pelo sistema econômico será o responsável, de igual modo, pelo poder político. A partir do materialismo histórico compreende- se que as sociedades estão em constante mudança e os fatores materiais estão intrinsecamente relacionada com a direção que essas mudanças podem tomar. Nesse contexto, os interesses de classe seria responsável por ditar a ação social, agindo por intermédio da ideologia. Compreendemos por ideologia valores e sistemas de classes mandamentos e visões de mundo. Dessa forma, compreendemos que a classe que controla os meios de produção pode impor sua ideologia para o restante da sociedade.

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