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Max Weber e a Ação Social

Por:   •  3/11/2019  •  Ensaio  •  1.667 Palavras (7 Páginas)  •  224 Visualizações

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MAX WEBER E A AÇÃO SOCIAL

LUÍSA ALVES DE ALCÂNTARA

    Max Weber (1864-1920)  foi um importante sociólogo e historiador alemão. É considerado um dos fundadores do estudo sociológico moderno. Seus estudos mais importantes estão nas áreas da sociologia da religião, sociologia política, administração pública e da economia.

A influência e contribuições de Weber nas ciências sociais são imensas, sendo comparável apenas ao francês Emile Durkheim e Karl Marx. No Brasil, uma boa parte dos sociólogos, cientistas, políticos e historiadores se inspiraram em Weber para entender o país e os fatos que ocorrem, pois em seus estudos Max Weber define a função do sociólogo como a de compreender o sentido das chamadas ações sociais, e fazê-lo é encontrar os nexos causais que as determinam, pois cada ação social tem para ele um fator diferente que a desencadeia e que a define, tornando-a particular.

Entretanto, para que seja considerada uma ação social ela deve envolver uma relação de comunicação com os outros, uma ligação com a sociedade, como de causa e efeito e não algo puramente particular, pois deve haver um sentido para acontecer e ser realizada. Mesmo que nem todas as ações sejam racionais todas devem possuir significado por envolverem outra pessoa, seja esse envolvimento a causa ou a consequência. Sob a perspectiva de Max Weber, entendemos a ação social como aquela que é “orientada ao outro”. É necessário ressaltar, no entanto, que Weber compreende que as ações imitativas, que são aquelas as quais não se confere um sentido para agir e existir, não são consideradas por ele ações sociais.

Antes mesmo de explanar sobre as diferentes tipologias de ação social vale exemplificar um tipo de ação imitativa, para que dessa forma fique mais clara a idéia de uma atitude sem motivação evidente. Logo, um exemplo presente em nosso cotidiano é a prática do bullying.

“A terminologia bullying tem sido adotada em vários países como designação para explicar todo tipo de comportamento agressivo, cruel, intencional e repetitivo inerente às relações interpessoais” (Portal Educação). Portanto, ao ser caracterizado como uma atitude agressiva e que ocorre sem motivação aparente, por um ou mais indivíduos, com o objetivo de intimidar ou agredir outra pessoa que não tem a possibilidade ou capacidade de se defender, e é realizada dentro de uma relação desigual de forças ou poder o bullying é visto como uma ação imitativa e não é dita como ação social.

Defendendo a idéia de que o papel da Sociologia consiste em analisar e compreender o sentido dessas ações sociais, Weber oferece quatro tipos de ação social que orientam o sujeito, sendo elas: 

Ação Social Racional com Relação a um Objetivo, na qual a ação é estritamente racional. Toma-se um fim e este é, então, racionalmente buscado. Há a escolha dos melhores meios para se alcançar uma meta. Neste tipo de ação não ocorre o envolvimento de nenhum fator externo que não seja avaliado antes de ser aplicado, pois o objetivo é mais importante que o meio utilizado para alcançá-lo. Desta forma, o agente recorre aos meios disponíveis e seleciona o que mais lhe convém e que lhe traz mais garantias. Um exemplo desta ação é o investimento em bolsas de valores. Ao aplicar seu dinheiro em determinado país ao invés de outro a partir da avaliação de um economista busca-se a maior chance de se obter o lucro, independente da estratégia de investimento utilizada.

Outra exemplificação para essa ação é algo que ocorre muito em nosso meio político, sendo a chamada delação premiada, na qual o criminoso opta por delatar outros culpados de um crime a fim de que sua pena seja amenizada, dessa forma suas ações tinham como fundamentos apenas objetivos pessoais –ter uma punição menos severa- e atos totalmente embasados em um raciocínio lógico.

A segunda é a chamada Ação Social Racional com Relação a Valores, na qual não é o fim que orienta a ação, mas o valor dela. Este pode ser ético, religioso ou político. Dessa forma o indivíduo não abandona determinada atitude, pois o que se busca não é um resultado externo a ele, mas sim sua lealdade a uma convicção. O agente crê na legitimidade intrínseca de seu comportamento, como por exemplo, ser honesto. Nesse exemplo a honestidade não é o fim a ser conquisto, mas o próprio valor ético pelo qual se escolhe agir.

Da mesma forma, uma pessoa que condena ou deixa de praticar determinada ação por se orientar aos seus valores que são frutos de uma orientação religiosa também pratica essa mesma ação social. Uma pessoa que não pratica o aborto por se fundamentar em sua convicção de que isso não é correto age de acordo com um valor. Mesmo este não sendo universal e compartilhado por todas as pessoas ele interfere de forma direta nas relações sociais e é considerado racional por se basear em um pensamento sem fundos emocionais.

 A terceira tipologia é enquadrada em outro tipo de ação diferente das anteriores por não ter fundamento racional, e é chamada Ação Social Afetiva, em que a conduta é movida por sentimentos definidos pela reação emocional do agente quando exposto a determinadas circunstâncias, tais sentimentos como orgulho, vingança, loucura, paixão, inveja e medo geram ações que não possuem nenhuma consideração de meios ou fins a se atingir. Portanto, uma mãe ao arriscar a própria vida para salvar um filho em situação de risco pode não agir de forma racional e segura, mas suas ações são baseadas em sua relação afetiva, seu sentimento de amor e o medo que a situação lhe causa a leva a tomar suas decisões.

Entretanto, também existem as ações afetivas que levam a fins negativos, quando influenciadas por sentimentos extremos, como o fanatismo pelo futebol, que leva as torcidas rivais a se enfrentarem por pura motivação de orgulho e desejo em defender seu time. E em situações mais extrema essa ação pode influenciar até mesmo a morte, como é possível se observar na obra trágica Romeu e Julieta, do escritor inglês William Shakespeare, na qual o jovem casal age com embasamento em seu sentimento de amor e escolhe a morte a viver com ausência um do outro. Tal atitude se desliga completamente de um ato racional e não possui qualquer ligação com um fim a se atingir, e apesar de ser retratada em uma obra fictícia não se distancia muito das possibilidades de se ocorrer na realidade.

Por fim, o ultimo tipo é a Ação Social Tradicional, que tem como fontes motivadoras os hábitos ou os costumes compartilhados e fortemente enraizados na vida do individuo e em sua vivencia. Age-se de determinada forma porque sempre se agiu assim. Um exemplo simples desse comportamento é observado no interior de uma família que carrega em seu histórico o costume de fazer o uso de plantas medicinais para curar determinada enfermidade, é uma pratica que advém por gerações nesta determinada família e que para eles é algo completamente natural, mesmo que talvez, para a minha família seja uma prática incomum e até mesmo considerada irresponsável.

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