Mídias e Representações Sociais

MÍDIA E REPRESENTAÇÕES SOCIAIS

(Maria Stela Grossi Porto)

Por Francisco Soares da Silva

2018

Nesta parte do texto, ao se referir ao uso da Teoria das Representações Sociais, como subsídio para a elaboração de políticas públicas, a autora cita diversos dizeres do saber popular que segundo ela, ao serem ditos nos  jornais, revistas, conversas ganham status de verdades inquestionáveis.

São exemplos dos dizeres populares que as pessoas mais simples tomam como verdadeiros:

1. A violência no Brasil é um fenômeno que vem, nos últimos anos, crescendo sistematicamente e não dá mostras de retroceder.

2. Embora existente no espaço rural, é um fenômeno urbano, característico das grandes cidades.

3. A pobreza e a miséria são algumas das causas mais imediatas da violência.

4. A instituição familiar está em crise, provocando desagregação moral, enfraquecimento dos valores e violência.

5. A entrada da mulher no mercado de trabalho é responsável pela desestabilização da família e, em consequência, da sociedade.

6. A religião perdeu importância como mecanismo de controle social, e sem esse freio instaura-se o vale-tudo a partir do qual se mata e se morre por um tênis, um pedaço de pão, uma bicicleta, um celular.

        Maria Stela diz que não entrará na discussão para saber se as afirmações anteriores são verdadeiras ou falsas. O fato é que ao serem repetidas exaustivamente, passam a fazer parte do imaginário popular, influenciando o comportamento social dos atores.

Por outro lado, segundo a autora, ditados, provérbios, valores e crenças inseridos nas afirmações formam as representações sociais que são os saberes por meio dos quais os indivíduos se situam e explicam o mundo ao seu redor.

A autora cita outra autora, de nome Jodelet, que afirma que as representações sociais são muito importantes na vida cotidiana, já que a realidade é construída a partir dessas representações (saberes) sociais.

Para Jodelet (a autora citada por Maria Stela), “a representação social pode ser definida como sendo uma forma de conhecimento elaborada e partilhada com um objetivo prático e que contribui para a construção de uma realidade comum a um conjunto social.”.

Voltando à fala da autora, ela diz que uma parcela da população produz conteúdos que explicam o mundo social ao seu redor, de acordo com suas convicções, enquanto que outra parcela consome o conteúdo passivamente e o aceitam com verdade inquestionável.

Para ela, poucos deixarão de admitir que as mídias tentam explicar o mundo e produz conteúdos baseados nas representações sociais.

A autora nos ensina que as matérias jornalísticas ao serem exibidas, apresentam e representam acontecimento de acordo com os interesses das agências, que mostram um detalhe e escondem outros.

Mas segundo a autora, a mídia não pode ser acusada de intenções maquiavélicas, com objetivos premeditados de destorcer ou ocultar fatos, já que a mídia vive em uma constante corrida e luta contra a concorrência e disputas pela hegemonia que se expressam em dois lados ( interno e externo).