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O Lenin, Rosa e Gramsci

Por:   •  19/6/2019  •  Trabalho acadêmico  •  994 Palavras (4 Páginas)  •  136 Visualizações

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Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro (Unirio)

Centro de Ciências Humanas (CCH)

Escola de Serviço Social (ESS)

Estado, classes e movimentos sociais II

Docente: Bruno José de Oliveira

Discente: Thiago Tigana da Silva Teixeira

O CONCEITO DE PARTIDO EM LÊNIN, ROSA LUXEMBURGO E GRAMSCI.

Abaixo, explicitaremos em linhas gerais o conceito de partido político inscritos no pensamento de Lênin, Rosa Luxemburgo e Gramsci. Devemos antes, destacar que os diferentes contextos históricos e sociais levaram os três pensadores marxistas a conclusões diferentes sobre como deveria se organizar o partido que iria conduzir a revolução dos trabalhadores europeus no início do século.

O contexto do pensamento de Vladmir Lênin é os das tensões internas na Rússia do início do século XX, ainda com reflexos de outros momentos históricos. Entre os principais fatos da época, podemos destacar: a primavera dos povos de 1848; a associação internacional dos trabalhadores de 1864 e a comuna de Paris em 1871. A adesão da Rússia a primeira guerra mundial e seu processo revolucionário que aconteceram praticamente ao mesmo tempo também compõe a paisagem deste cenário.

Para Lênin o partido de vanguarda é aquele que está organicamente vinculado à luta do proletariado, ou seja, não há espaço para reformismo. O partido deve ser uma espécie de tradutor da luta de classes, tendo a vitória do proletariado e a supressão do capitalismo como seu objetivo final, fechando assim, as portas para a social democracia reformista, corrente socialista em ascensão que busca nas reformas estatais o espaço para a atuação da luta dos proletários.

Além da ruptura com o reformismo, Lênin defende que o partido deve contar em seus quadros com militantes profissionais. Uma vez que os integrantes do partido na Rússia eram camponeses e pouco compreendiam da prática revolucionária dos trabalhadores da cidade, a profissionalização serviria como uma espécie de treinamento a características mais típicas dos trabalhadores urbanos, uma vez que a Rússia não havia passado pelos processos de revolução burguesa comuns a outros países da Europa, que entre outras características, promoveu a migração do proletariado rural para as cidades.

Por fim, é interessante notar que para Lênin não há um modelo especifico de partido a ser construído. O importante é que o partido atenda a algumas especificações que o posicionariam no espectro da vanguarda revolucionária, o que podemos observar nas vinte e uma teses defendidas pela Internacional Comunista, conforme demonstrado por Edgar Carone (2003).

Ao comparar o pensamento sobre a organização da classe trabalhadora entre Rosa Luxemburgo e Lênin, podemos estabelecer uma primeira diferença entre os pensadores. Para Rosa, o ímpeto revolucionário surge da ação das massas, do combate direto da luta de classes, o que reflete uma espontaneidade das ações revolucionarias. Na concepção de Lênin o caminho é o oposto: a vanguarda política organizada seria a responsável por trazer de fora para dentro as demandas da classe trabalhadora tensionando a luta revolucionária. A pensadora polaco-judia, Rosa Luxemburgo, desenvolvia seus textos com mais referencias do contexto alemão (onde se erradicou) do que refletindo sobre o seu próprio país. Era na Alemanha onde havia uma diversidade de partidos de diferentes correntes, entre elas a corrente social democrata.

Para Rosa o partido representava uma espécie de expressão orgânica da classe trabalhadora. Entretanto, defendia também que o trabalhador deveria possuir um alto grau de educação política, de consciência de classe e organização. Ou seja, seria por meio da luta política que as condições subjetivas como educação politica e consciência de classe seriam desenvolvidas na classe trabalhadora, segundo Rosa este movimento ocorreria “na escola da luta e da politica viva”. Seria então o partido, o catalisador deste movimento advindo da práxis política dando a ele um caráter organizativo da luta da classe operária e não oposto como é defendido por Lênin.

Para o pensador italiano e fundador do Partido Comunista, Antonio Gramsci, a sociedade civil é o campo de disputa da hegemonia política. É nela onde se organiza a luta e a prevalece a vontade coletiva. A hegemonia, segundo o autor ocorre por meio do consenso ou da coerção. É tarefa do partido politico é organizar a luta da classe trabalhadora, disputando a hegemonia com a burguesia e acessando-a por meio do consenso.

Assim, segundo Carlos Nelson Coutinho, interprete do pensamento gramsciano no Brasil, o partido deve se portar como um intelectual coletivo. O papel da intelectualidade é central para compreender o pensamento sobre partido em Gramsci. O intelectual deve ser orgânico, ou seja, não basta formular teorias sobre a classe e suas lutas, é necessário que este intelectual atue no partido e também junto à classe trabalhadora, na medida em que é esta organicidade que fornecerá os elementos críticos necessários ao desenvolvimento da consciência de classe entre a classe trabalhadora. Para Gramsci é necessário superar o momento econômico corporativo e acessar o momento ético politico, a fim de atingir a compreensão das dimensões da luta de classes e seus impactos, sobretudo, para a classe trabalhadora. E é aqui que o intelectual exerce um papel fundamental, principalmente quando está próximo a classe trabalhadora.

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